É inegável que a internet mudou nossa forma de encarar o mundo e as mais variadas situações que nos é apresentada, principalmente após o grande boom da Web 2.0 com a dominação das redes sociais, e pessoas opinando sobre tudo (embora em muitas vezes tais opiniões e comentários não sirvam pra nada), e para que possamos ter acesso a novos conteúdos, conhecer novos conceitos na Web precisamos de indicações, seja da mídia, das pessoas ou até dos tão badalados sites de busca, principalmente o Google, que através de um conjunto de palavras-chave, ou comando de voz, graças ao assistentes virtuais que temos hoje em dia nos indica novos conteúdos, que são divididos entre um leque gigantesco de categorias: texto, imagens, vídeos, entre outros. Porém a reflexão que quero fazer hoje aqui é sobre uma possível capacidade dos sites de busca em influenciar na nossa escolha final, seja em situações mais amenas como a escolha de um novo produto para ser comprado ou até na escolha de um novo candidato a eleição.
Resolvi fazer esse artigo devido a excelente entrevista que o pesquisador americano Robert Epstein concedeu a BBC Brasil, durante a entrevista o pesquisador sugere alguns motivos para que os sites de busca como o Google conseguem influenciar a nossa capacidade de decisão, usando alguns artifícios, como o posicionamento dos resultados, o famoso Rank que os donos de e-commerce, agências de publicidade, donos de sites, entre outros almejam conseguir.
Robert Epstein
Algumas empresas simplesmente agradam ou são odiadas, no entanto outras conseguem ser amadas e odiadas ao mesmo tempo. Essa é a categoria que o Google se encaixa, mesmo com os todos os receios que boa parte da humanidade tem com esse avanço colossal da empresa de Sergey Brin eLarr Page em tão pouco tempo ( O Google existe desde 1998), há praticamente um consenso em relação a qualidade da maioria de seus serviços e como eles facilitam a usabilidade da internet. Alguns estudos condenam veemente o Google, como uma pesquisa conduzida pela Kaspersky com base em entrevistas feitas com mais de mil norte-americanos. De acordo com esse estudo o efeito causado pelo Google é uma verdadeira amnésia digital, isto é como nós sabemos que toda a informação está a distância de um clique, não nos esforçamos completamente para memorizar, justamente pela facilidade em acessar novamente tal informação.
Basicamente essa amnésia digital está ligada obviamente ao crescimento da internet, que gera cada vez mais novos conteúdos, e de fácil acesso e também a segurança que muitos têm em seus dispositivos, confiando literalmente a vida a esses gadgets. Então nesse caso o Google não é o epicentro, é apenas mais um dos mecanismos que facilitam a vida das pessoas, e este tipo de facilidade nem sempre ajuda.
Bom, de volta as opiniões de Robert Epstein, o pesquisador acredita que o ranking de posicionamento dos links influência diretamente na nossa capacidade de escolha, a pesquisa conduzida por Epstein revelou que 24% dos eleitores tinham uma propensão maior a votar nos candidatos cujos artigos positivos viam primeiro. Em alguns grupos demográficos este efeito atingiu 72% dos participantes.
Uma das perguntas feitas pelo pessoal da BBC Brasil ao pesquisador menciona justamente as eleições em nosso país. A última eleição foi decidida por uma margem de 3,28 pontos percentuais, e na visão de Epstein o Google teve grande participação no resultado, ele acredita há uma chance razoável que essa forte influência tenha sito um dos pontos do resultado final.
Uma abordagem mais prática dessa influência pode ser explicada de forma mais direta com as eleições americanas. Epstein cita que o Google duou em 2012 US$ 800 mil para a campanha de Barack Obama, enquanto Mitt Romney, o concorrente de Obama ficou com apenas US$ 37 mil.
O Wall Street Journal menciona que na noite anterior a eleição, Erick Schmidt, que naquela época era presidente do Google, estava chefiando pessoalmente uma equipe para influenciar os votos para Obama. Schmidt estava supervisionando um sistema eletrônico que combate abstenções, estimulando simpatizantes de Obama a votar.
No fantástico livro A verdade por trás do Google (2013, Editora Planeta), o autor AlejandroSuaárez Sánchez- Ocaña, relata essa relação de amor entre o Google o Barack Obama, que teveínicio em 2007 quando Obama ainda pleiteava sua campanha e visitou o GooglePlex (sede do Google na Califórnia) para pedir um apoio a companhia, que então contribuiu com os US$ 800 mil citados por Epstein. Após a vitória de Obama o Google se tornou uma empresa ainda mais influente em Washington, com vários ex-funcionários ocupando cargos relevantes na administração americana.
Além da quantia em dinheiro, um dos grandes trunfos para beneficiar Barack Obama, foi conceder um favorecimento nos rankings de pesquisa (hipótese esta que é desmentida pelo Google), o que ocasionou milhões de votos para o candidato. Epstein diz que ao posicionar um candidato no topo do ranking de pesquisa influência diretamente principalmente que ainda está indeciso em sua escolha.
O pesquisador que não esconde a importância dos serviços do Google, destaca que é preciso criar proteções para podar esse avanço, e tornar público os mecanismos de busca, para que todos pudessem realmente saber como tudo está sendo conduzido. Obviamente é muito mais fácil acreditar que sejam criados alguns métodos para podar o avanço do Google do que acreditar que que os segredos ligados ao seu algoritmo de busca, o PageRank e suas vertentes seja revelado.
Podemos citar como uma forma de influenciar a escolha, os métodos de anúncios promovidos pelo Google, com o Adwords, que através das pesquisas realizadas consegue indicar sugestões de produtos por exemplo baseado no seu comportamento online. Esse sem sombra de dúvidas é um dos grandes motivos que todas as grandes empresas querem utilizar os meios do Google para anunciar, graças a sua precisão em indicar os clientes em potencial, entretanto os meios para entender mais o comportamento dos usuários, nem sempre é é tão esclarecido.
Qual a sua opinião sobre o Google e os sites de busca em geral? Eles influenciam na sua capacidade de decisão? Deixe seu comentário abaixo.
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