Kolibri – a desktop operating system in under 3 MB
Autor original: Jesse Smith
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
O minúsculo sistema operacional do qual estou falando é o Kolibri, um fork do projeto MenuetOS licenciado sob a GPL. O sistema operacional foi desenvolvido para rodar em processadores x86 de 32 bits, e foi completamente escrito em assembly. O Kolibri contém muitos recursos familiares, mas também se destaca com uma identidade própria.
Eu baixei a versão mais recente, a 0.7.5, e fiz um test-drive. A inicialização do sistema, do zero a um desktop funcional, levou menos de três segundo na minha máquina de testes. O usuário é recebido com uma imagem de fundo atraente e ícones de vários programas de uso comum. As tarefas do sistema (edição de textos e navegadores de arquivos) estão no canto superior esquerdo, a documentação e as configurações estão no canto superior direito. Os jogos ocupam os dois cantos inferiores do desktop. Alguns aplicativos têm nomes curtos ou esquisitos, que podem afugentar os novatos. Eu saí clicando em vários deles, só para ver o que ia aparecer. O problema não se estende ao menu de aplicativos; nele os nomes são bem mais claros. O menu de aplicativos é bem convencional e está localizado no canto inferior esquerdo, onde os usuários do Windows e do KDE esperam encontrá-lo.
O menu de aplicativos se divide nos grupos habituais, como Desenvolvimento, Jogos, Processamento de Dados, Rede e Ajuda. Também há programas de demonstração que exibem várias imagens e protetores de tela. É fácil encontrar os programas, e a maioria dos aplicativos funciona bem. A documentação de ajuda é um pouco esparsa, cobrindo vários tópicos diferentes sem que pareça haver um padrão para o que é explicado e o que não é. Resumindo, achar algo na ajuda é questão de sorte, mas o que se acha está bem explicado.
Kolibri 0.7.5 – menu principal e alguns aplicativos
O sistema operacional faz jus ao nome, sendo incrivelmente pequeno e extremamente rápido. Ele usa pouquíssimos recursos; os aplicativos abrem quase que instantaneamente, e durante todo o tempo em que usei o sistema o uso de memória não passou dos 10 MB. A interface de usuário é uma mistura interessante de características do Linux, do Windows e do DOS. Embora o sistema seja diferente o suficiente para que nenhum novato se sinta em casa, ele se mostrou familiar o suficiente para que eu pudesse sair mexendo em tudo, fazendo experiências sem grandes confusões.
Kolibri 0.7.5 – o terminal
O sistema lidou muito bem com o meu hardware. O teclado e o mouse funcionaram sem problemas. O som foi detectado, mas desabilitado por padrão, e a resolução da minha tela foi revertida para uma configuração que eu podia usar. Não descobri como imprimir ou configurar uma impressora. De acordo com posts no fórum do Kolibri, o suporte a USB está em desenvolvimento, e por isso muitos dispositivos modernos não funcionam. Para contornar o problema, eu rodei o Kolibri em uma máquina virtual. Mas ao menos por enquanto, não conte com dispositivos USB em instalações convencionais.
O sistema é personalizável, e vem com várias imagens de fundo diferentes e dúzias de temas para as janelas. É pouco provável que alguém vá ficar entediado ao experimentar as diferentes combinações, já que há temas para todos os gostos.
Kolibri 0.7.5 – configuração de imagem de fundo e tema
Conectar à internet foi bem simples. O Kolibri detectou minha placa de rede, e só o que eu tive que fazer foi escolher manualmente uma opção do menu para obter um endereço IP. Bastou isso para que eu me conectasse. Entretanto, o Kolibri tem bons e maus momentos quando o assunto é internet. Francamente, o navegador que acompanha o sistema operacional é quase inútil. É como se ele baixasse uma página e exibisse o conteúdo em um editor de texto; o navegador não lida com o HTML, apenas exibe o código. O único momento em que o sistema parou de responder bem foi enquanto eu usava o navegador, e tudo voltou ao normal quando eu matei a janela dele. Por outro lado, o cliente de chat IRC funciona muito bem. Não há cliente (nem servidor) SSH, mas o sistema oferece clientes telnet e FTP. O cliente FTP não funcionou, mas o telnet sim.
Kolibri 0.7.5 – rede e jogos
Uma presença inusitada no Kolibri é á do DOSBox, um programa que permite que rodar jogos de DOS. Essa é uma surpresa bem-vinda; vários jogos e pequenos aplicativos rodam no Kolibri sem que o usuário tenha que realizar ajustes ou recompilar código.
Kolibri 0.7.5 – O DOSBox rodando jogos antigos de DOS
Há um menu “Other” (outros), que contém ferramentas interessantes, como lupa, calendário, relógio e um programa para tirar fotos da tela. A seção de multimídia é reduzida, mas inclui um CD player. Todos esses programas funcionam bem, e mostram que a ideia do Kolibri não é apenas a de criar a menor distro possível e incluir alguns jogos. Há uma ferramenta que parece ser um protótipo de planilha, visualizadores de imagens e um editor de textos, o que demonstra que, com um pouco de trabalho, o Kolibri pode ser usado como um sistema operacional moderno e simples para desktops.
Kolibri 0.7.5 – demonstração de uma aplicativo gráfico leve
O sistema afirma oferecer suporte tanto ao inglês quanto ao russo. De vez em quando eu esbarrava em alguma tela escrita em russo, mas isso era raro. Tentei alterar o idioma do sistema para o russo, mas tudo continuou em inglês. Na verdade, para mim isso foi até bom (meus conhecimentos em russo são escassos), mas não deve ser muito positivo para quem fala russo.
De acordo com a documentação, o Kolibri roda em partições NTFS e pode coexistir com o Microsoft Windows. Dei uma olhada nos tutoriais, e o processo parece ser bem simples. Infelizmente, eu não tive a oportunidade de fazer esse teste. O Kolibri tem suporte a FAT e NTFS, mas não a partições comuns no Linux e no Mac, como partições ext2 ou HFS+. Espero que o suporte seja adicionado no futuro.
Parece que o sistema não oferece suporte a contas de usuário separadas. Isso significa que o usuário é sempre o administrador, com acesso total para edição e exclusão de arquivos. Não há prompt para login, então eu tenho quase certeza de que também não haja suporte a senhas. Isso me deixa meio receoso de rodar o Kolibri no mesmo disco ou partição de outro sistema operacional. Acidentes acontecem, e eu não estou afim de apagar uma pasta do sistema durante meus testes.
Outra coisa da qual eu senti falta foi do gerenciador de pacotes. Qualquer programa novo tem que ser baixado manualmente e instalado. Como no momento é pouco provável que existam muitos pacotes para o Kolibri, isso não quer dizer muita coisa. Dada a natureza do Kolibri, acho que a ideia é a de que quem precisar de um novo programa o crie, mais ou menos como acontecia nos primeiros anos do Linux.
Resumindo, fiquei impressionado com a funcionalidade contida em um pacote tão pequeno. A ISO do Kolibri tem menos de 5 MB, e ele tem uma enorme coleção de software para uma distro desse tamanho. Embora o sistema operacional pareça uma demonstração do que o Kolibri pode (ou poderia) fazer, há um potencial imenso aqui. Esse projeto provavelmente não vai chegar aos escritórios e nem a muitos sistemas domésticos, mas é um belo brinquedo, tanto para hackers quanto para crianças. Dá para tirar a poeira de um velho Pentium ou 486 e rodar o Kolibri nele numa boa. Com o DOSBox integrado, as possibilidades de uso do sistema para rodar jogos são tremendas. Minha única reclamação quanto ao sistema operacional é a falta de um navegador. Até algo pequeno como o Lynx seria bem vindo. Espero que saia logo uma nova versão desse projeto, ele tem potencial para ser um ótimo sistema.
A versão mais recente do Kolibri está disponível para download aqui: kolibri_iso_en.bz2 (2,85 MB).
Créditos a Jesse Smith – distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>
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