Three versus Four (or how to decide on your next KDE desktop version)
Autor original: Ladislav Bodnar
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
Uma maneira de chegarmos a essa resposta é nos colocarmos no lugar dos três tomadores de decisões na cadeia de desenvolvimento de software – o projeto KDE, as distribuições e os usuários. Vamos começar com o KDE. A versão 4.0 desse desktop popular foi lançada em janeiro de 2008 e, embora tenha recebido um número de versão “estável”, parecia uma versão alfa bem verde, cheia de bugs, instável e com um problema sério de falta de recursos. Uma rápida sucessão de versões se seguiu até que o KDE 4.1 chegasse em julho de 2008. O progresso foi evidente, mas ainda parecia uma versão beta. Se continuarmos com a correlação entre os números de versão e a estabilidade, o KDE 4.2 (previsto para janeiro de 2009) pode corresponder a uma versão RC, e o KDE 4.3 seria a primeira versão estável, enquanto a 4.4 seria mais ou menos o equivalente à 3.5 em termos de estabilidade e usabilidade. Com as versões do KDE saindo num intervalo de mais ou menos seis meses, pode ser que só tenhamos um KDE 4 tão bom quanto o KDE 3.5 (ou melhor) depois de janeiro de 2010!
Apesar do KDE 4 obviamente não estar pronto para o mainstream, não é fácil culpar a equipe do KDE por lançar um alfa com um número de versão estável. Em primeiro lugar, sempre existe a pressão da mídia e dos usuários, que estão sempre querendo novidades, e os contínuos atrasos certamente iam gerar problemas. Em segundo lugar, ao lançar um alfa com um número de versão estável, há mais chances das distribuições incluírem o KDE 4 em seus lançamentos do que se ele se chamasse 3.9.90 ou 4.0.0-alpha1. Desse jeito, um número maior de usuários experimentaria a nova versão, contribuindo com uma maior velocidade nos relatos de bugs e em suas soluções. A equipe de desenvolvimento do KDE 4 abriu um perigoso precedente, talvez tenha sido uma experiência, então vamos torcer para que esse tipo de mecanismo de lançamento seja uma exceção, e não a regra, no mundo do software livre.
No que se refere às distribuições, o quadro é bem diferente. Agora elas precisam decidir entre ficar com o KDE 3 ou partir para o KDE 4. Como nenhuma distribuição está em posição de dobrar o número de desenvolvedores em suas equipes responsáveis pelo KDE, não faz sentido esperar que elas ofereçam as duas versões, 3 e 4 – ao menos não sem exaurir seus mantenedores do KDE. Como se a migração para um kit de ferramentas completamente novo já não fosse suficientemente estressante! E ainda assim, as distribuições ainda querem agradar a todos os seus usuários, seja qual for a preferência deles pelo KDE. Em um mundo ideal, as equipes do KDE de cada distribuição também ofereceriam atualizações às últimas versões oficiais do KDE ao longo de todo o ciclo de vida da distro, mas é claro que isso equivale a triplicar o trabalho dos mantenedores do KDE em relação ao trabalho que tinham antes da chegada da versão 4!
No fim das contas, as distribuições não podem fazer tudo. O Fedora foi o primeiro a abandonar completamente o KDE 3.5 e mudar para o 4, no Fedora 9. O openSUSE quase fez o mesmo, mas em cima da hora do lançamento da versão 11.0, incluiu o KDE 3.5 como desktop KDE alternativo. O mesmo se aplica ao futuro openSUSE 11.1. A Mandriva foi bem mais conservadora, mantendo o KDE 3.5 como o padrão no Mandriva 2008.1, trocando para o 4.1 apenas na versão 2009, lançada recentemente (mas o KDE 3.5 ainda está disponível nos servidores FTP). O Kubuntu também esperou a chegada do KDE 4.1 para aderir, o que vai acontecer na próxima versão, a 8.10. É interessante o fato de que, embora as quatro maiores distribuições tenham aderido ao KDE 4, o Debian GNU/Linux (mais conservador) tenha mantido o KDE 3.5 como desktop KDE padrão em sua próxima versão, o “Lenny”. Quanto ao Slackware, Patrick Volkerding já deu a entender que o KDE 4 pode ser incluído na próxima versão estável, mas a árvore de pacotes atuais (o Slackware current) permanece no KDE 3.5, enquanto o KDE 4.1.2 continua no diretório /testing.
E o que isso tudo significa para nós, usuários finais do desktop KDE? Se você acompanhou meu raciocínio, o cenário das distros é bem claro. Para um destemido usuário do KDE, ansioso para experimentar novas tecnologias, que fica feliz em ajudar relatando bugs e que não está muito preocupado com a eventual instabilidade e a inevitável perda de recursos, o Fedora 10 e o Kubuntu 8.10 são, provavelmente, as melhores escolhas. Já o segundo grupo de usuários, formado por aqueles que querem dar uma olhada no novo código de vez em quando, mas que querem ter a opção de pular de volta para o KDE 3.5 se necessário, deve optar pelo Mandriva Linux 2009 ou pelo futuro openSUSE 11.1. Quanto ao terceiro grupo, formado por aqueles que não conseguem aturar o KDE 4 em seu estado atual, a solução óbvia é o próximo Debian GNU/Linux 5.0 ou (talvez) a próxima versão estável do Slackware Linux.
Por fim, se você se importa com a opinião pessoal (e um tanto controversa) deste mantenedor do DistroWatch, que avaliou várias distribuições ao longo do ano, siga o meu conselho: instale o Debian “Lenny”. Você não vai rodar a moderníssima duplinha Qt 4/KDE 4, mas vai ficar feliz em saber que ainda pode desfrutar de um KDE 3.5.9 sólido, superveloz e cheio de recursos, que deve ter suporte até 2011. E quando 2011 chegar, o KDE 4 já vai ser tão bom quanto o KDE 3.5 é hoje.
O Debian GNU/Linux 5.0 trará o KDE 3.5.9, desktop sólido e cheio de recursos.
Créditos a Ladislav Bodnar – distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>
Deixe seu comentário