Review of iMagic OS 2009.9
Autor original: Jesse Smith
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
Em setembro, a equipe do iMagic lançou o iMagic OS 2009.9. O iMagic OS é uma distribuição com muitos pontos fortes para atrair o público. Ele oferece um desktop moderno e fácil de usar, com todos os codecs de mídia e plugins comuns que um usuário final espera de um sistema operacional para desktops. Como bônus, o iMagic também afirma ser capaz de executar aplicativos do Windows logo de cara. O líder do projeto iMagic, Carlos La Borde, fez a gentileza de nos fornecer uma cópia da versão mais recente do programa para que eu a avaliasse.
Como de costume, testei e avaliei o iMagic em duas máquinas. A primeira é um desktop genérico com CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo NVIDIA. Também experimentei o iMagic OS no meu laptop LG, com CPU de 1,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo ATI. Para completar, também rodei o iMagic OS no VirtualBox.
No momento, o iMagic pode ser baixado na forma de um DVD. O DVD é tanto um instalador quando um sistema “live”, tendo por volta de 1,6 GB. O download me deu tempo de ler sobre essa distro que afirma ser “O Futuro do Linux”. O site do iMagic é fácil de ler, tem visual agradável e contém informações sobre os recursos da versão mais recente. Não parece haver muita documentação para dar uma ajuda na instalação ou para solucionar problemas, mas há um email de contato para suporte técnico. O sistema operacional iMagic é uma investida comercial, e o produto custa US$ 29,99.
Depois de confirmar a soma de verificação (checksum), dei início aos trabalhos. O instalador do iMagic é muito parecido com o Anaconda do Fedora, e é um bom exemplo de programa com interface point-and-click fácil de usar. O gerenciador de partições define padrões bons, e a criação de partições personalizadas é muito simples. Também fiquei feliz em ver que o instalador tem suporte aos sistemas de arquivos mais comuns no Linux, incluindo ext3, ReiserFS e, para os interessados em criar um espaço compartilhado entre vários sistemas operacionais, FAT. Também me foi solicitado que criasse uma conta de usuário comum e definisse uma senha.
iMagic OS 2009.9 – o instalador
Durante a instalação, eu não consegui encontrar uma opção para escolher os pacotes que seriam instalados no sistema. Isso significa que uns 4,5 GB de dados são copiados para o disco rígido de tacada. Depois, é hora de reiniciar. Uma coisa de que eu gostei no instalador é que se você cometer um erro ou se a instalação for cancelada, o iMagic carrega o desktop “live”, em vez de desligar a máquina.
Na primeira inicialização, o iMagic abriu bem rápido e me ofereceu uma tela gráfica de login. Depois de digitar minhas credenciais, cheguei a um desktop KDE bem vivo (a versão do KDE que acompanha o iMagic OS é a 3.5.10, mas está usando um tema que a faz parecer a versão 4.3). As cores são azul e preto, com alguns ícones brilhantes no desktop para tarefas comuns como navegar pela internet, usar mensagens instantâneas e explorar o sistema de arquivos. Na mesma hora, foi exibido o contrato de licença de usuário final e uma tela de ajuda. O contrato de licença é bem convencional para quem já usou software licenciado sob a GPL ou a LGPL, sem surpresas. A tela de ajuda é voltada a novatos no Linux ou em computadores como um todo. Ela traz conselhos breve e fáceis de entender sobre como instalar software, rodar programas comuns e obter mais ajuda. Seria bom ter mais documentação, mas a coisa começou bem.
iMagic OS 2009.9 – o desktop KDE e o gerenciador de arquivos Konqueror
O sistema se saiu bem com o meu hardware. Minha placa de vídeo foi detectada corretamente, e meu desktop foi exibido com a resolução correta. A placa de som funcionou sem maiores configurações, e a instalação da impressora não deu trabalho algum. A conexão de rede foi detectada e configurada automaticamente. O único problema que encontrei com o hardware, nos dois computadores, foi com a placa de rede móvel; o gerenciador de rede não conseguia detectá-la. Até mais ou menos um ano atrás esse era um problema bem comum, e eu provavelmente poderia tê-la feito funcionar usando o kppp, se fosse necessário.
Minha primeira surpresa desagradável veio quando localizei o aplicativo Google Desktop na bandeja do sistema. Sempre que eu tentava usar ou configurar o Google Desktop, aparecia um erro dizendo que o aplicativo não podia se conectar à máquina local. Fechei o aplicativo do Google e segui adiante.
O iMagic vem com uma vasta coleção de software de código aberto, incluindo o OpenOffice.org, um leitor de PDFs, o WINE, vários players de áudio e vídeo, software para a gravação de CDs, Firefox 3.0, Skype, um cliente bittorrent, mensageiro instantâneo, aplicativos de gerenciamento de câmeras digitais, o GIMP, a coleção habitual de jogos simples, ferramentas de configuração e a coleção de compiladores GNU. Todos esses pacotes funcionaram conforme o esperado, sem problemas. A maior surpresa foi o aplicativo magicScan, que parece ser uma interface para o ClamAV. O antivírus é um pouco lento na resposta aos comandos, mas funciona. Outra coisa que fiquei feliz em ver foi o sistema extremamente amigável de backup. Com poucos cliques, os usuários podem arquivar seus arquivos importantes e recuperá-los depois. É ótimo ver uma coisa dessas, e espero que mais distribuições facilitem o backup para seus usuários sem exigir a instalação de software adicional.
iMagic OS 2009.9 – o utilitário de backup
Um olhada rápida nos serviços do sistema mostra que a maioria dos daemons comuns vêm desabilitados por padrão. Por exemplo, não há um servidor SSH em execução (e nem instalado) no iMagic, por padrão. Porém, a exceção à regra é uma surpresa: o servidor web Apache já vem ativado. Na verdade, descobri que parar o Apache faz com que o sistema de ajuda do iMagic pare de funcionar também. Não sei exatamente o motivo da equipe do iMagic ter decidido exibir os arquivos da ajuda através de um servidor web local em vez de simplesmente apontar o navegador para uma pasta local, mas parece que foi isso mesmo o que eles fizeram. Pelo menos o firewall do sistema vem configurado para bloquear todo o tráfego de entrada. Na verdade, a execução do servidor web parece ser a única coisa meio deslocada nesta distribuição. Na minha opinião, todo o resto vem configurado de modo a atrair novatos para o desktop Linux. Mirando nesse público, o iMagic vem com codecs para reproduzir a maioria dos arquivos de áudio e vídeo. O plugin do Flash para o Firefox também está incluído.
Cuidando da maior parte do gerenciamento de pacotes está o APT e as ferramentas relacionadas, como o Synaptic. O gerenciador de pacotes se conecta aos servidores do Ubuntu e oferece todo o software e as atualizações esperados do Ubuntu. O sistema busca por novas atualizações e se oferece para instalá-las quando o usuário faz login pela primeira vez. Fiquei surpreso ao descobrir que o RPM e o YUM também vêm instalados no iMagic. Eu não testei o RPM, mas o YUM não funciona direito (falta uma dependência).
O site do iMagic diz que a distribuição roda programas comuns do Windows, como o MS Office, o Windows Media Player e o Internet Explorer. Isso tudo é cortesia da camada de compatibilidade do WINE, e funciona no iMagic do mesmo jeito que funciona em outras distros. Peguei emprestada de um amigo uma cópia do Office 97 e tentei instalá-la, sem sucesso. Consegui instalar e rodar alguns outros aplicativos e jogos de Windows sem problemas. Isso reflete minha experiência com o WINE de modo geral, e parece que a instalação do WINE no iMagic não é muito diferente da de outras distribuições.
iMagic OS 2009.9 – instalando o MS Office
O iMagic parece ser baseado no Kubuntu 8.04 “Hardy Heron”, que é uma versão com suporte a longo prazo. Há algumas referências ao Ubuntu espalhadas pelo sistema. Na verdade, ao inicializar em modo texto, um aviso de direitos autorais do Ubuntu é exibido. Se isso é ou não relevante depende do iMagic OS ser apenas um Kubuntu com uma nova marca e alguns pacotes extras ou de ser uma entidade própria. Eu esperava obter uma resposta para essa pergunta no magicOnline.
O magicOnline é um repositório de software desenvolvido para que as pessoas baixem e instalem pacotes usando uma interface point-and-click simples. Com esse repositório padrão, o iMagic oferece acesso a software não incluído no Ubuntu. O site magicOnline também informa que os pacotes de software podem ser agrupados para ajudar na instalação dos mesmos componentes em vários computadores. Na verdade, eu empaquei em um ponto. Fiz meu cadastro para obter uma conta no magicOnline e, logo depois, recebi um email confirmando meu nome de usuário e senha. Voltei ao site do projeto e tentei fazer login. Fui avisada de que minha conta não estava ativa, e que eu teria que seguir o link fornecido no email de confirmação para ativá-la. Aí é que está o problema: esse link não veio no email de confirmação. Nesse ponto, eu poderia ter entrado em contato com a iMagic para que a conta fosse ativada, mas não queria incomodar o suporte, já que eles têm que dar apoio aos clientes que estão pagando.
O iMagic é uma distro grande, e é difícil resumir a experiência que tive na semana passada e simplesmente aprová-lo ou reprová-lo. Os novatos devem achar o sistema operacional bem fácil de usar, mas ele ainda precisa de alguns retoques. O Google Desktop que não funciona e o magicOnline são os melhores exemplos de áreas que precisam ser trabalhadas. Por outro lado, ele vem com codecs e plugins proprietários, e com todo o software de que você precisa, o que é ótimo. O sistema operacional é um pouco pesado. A instalação exige quase 5 GB de disco rígido, e como mostraram os testes na máquina virtual, ele precisa de algo entre 500 e 600 MB de memória para realizar tarefas comuns como navegar na web ou escrever um documento. Com menos de 1 GB de RAM o sistema é bem lento.
Apesar do fato do iMagic ser comercial e ter algumas pontas soltas, eu gostei do sistema operacional. Com sua proteção antivírus e com a compatibilidade com o Windows incluída de fábrica, ele me parece ser um bom ponto de entrada para usuários do Windows pensando em experimentar o Linux. Quem vier do Windows deve se sentir seguro e razoavelmente familiarizado com ele, que também oferece os benefícios de uma ampla seleção de software de código aberto. Eu já esbarrei muitas vezes com pessoas que não experimentam o Linux só porque ele é gratuito. Elas acham que o resultado é proporcional ao preço. Uma distro amigável para novatos e de baixo preço é uma boa oportunidade de convencer essas pessoas. Para os usuários do Ubuntu que quiserem todo o seu software em uma instalação rápida e que gostarem do KDE, o iMagic também é uma boa opção. Eu não o recomendaria a pessoas que gostam de distribuições Linux pequenas, ou para pessoas com hardware ultrapassado ou que se oponham ferrenhamente a software proprietário – elas não são o público-alvo do produto.
Gostaria de acrescentar que embora o iMagic seja anunciante do DistroWatch, ninguém me pediu que fizesse esta análise, nem havia a expectativa de que eu facilitasse as coisas para a distribuição. Eu mesma abordei o sr. La Borde e pedi uma cópia do iMagic OS. Ele foi muito gentil em me fornecer um link para um DVD sem restrições, e se ofereceu para responder a todas as minhas perguntas sobre o iMagic OS.
Créditos a Jesse Smith – http://distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>
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