Perspectives: On technology versus ideology, Ubuntu hate
Autor original: Ladislav Bodnar
Publicado originalmente no: http://distrowatch.com/
Tradução: Roberto Bechtlufft
Tecnologia x Ideologia
Alguns dos tópicos recentes do fórum do DistroWatch Weekly incluem a violação da GPL por alguns distribuidores e o boicote à Novell e a seus produtos por causa do papel da empresa na legitimação da infame acusação sobre patentes da Microsoft no Linux. Alguns leitores chegaram a pedir que nós tirássemos certas distribuições da lista do DistroWatch, enquanto outros queriam que nós fossemos mais atuantes na exposição do acordo de patentes da Novell e suas implicações para o futuro do Linux e do software de código aberto. Embora esses leitores tenham pontos de vista válidos e a diversidade de opiniões seja muito bem-vinda em nosso fórum, não esperem que o DistroWatch se transforme em mais um Groklaw e que cubra extensivamente esses assuntos.
Por quê? Há vários motivos. Primeiro, nenhum de nós é advogado ou pretende se tornar um. Embora nós concordemos que uma violação da GPL seja coisa muito séria, só porque um leitor nos escreve alegando que um projeto fere os termos e condições dela isso não quer dizer que ele esteja com a razão. Até que a corte julgue o projeto culpado, ele é inocente. Além disso, há sites melhor equipados (que contam com profissionais da área) para lidar com violações da GPL, acordos de proteção de patentes e outros assuntos da lei. O Groklaw vem cobrindo esses assuntos há anos, e o BoycottNovell.com continua esmiuçando o acordo de proteção de patentes da Novell com a Microsoft. Para projetos menores da comunidade, nosso amigo Béranger está sempre descobrindo distribuições que não tenham uma pasta com os fontes no servidor FTP. Se você realmente se importa com violações de licença e acordos de patentes, sugiro que passe mais tempo nos sites mencionados acima e nos fóruns deles.
Mas o motivo mais importante é a razão de ser do DistroWatch. Desde o começo do site em 2001, preferimos nos focar mais na tecnologia e menos na ideologia. Nesse ponto eu concordo com Linus Torvalds: eu me importo menos com a licença sob a qual o sistema operacional ou pacote de software é distribuído e mais com o que ele pode fazer por nós, usuários finais. Vai nos poupar tempo e dinheiro? Vai aumentar nossa produtividade? Tem recursos úteis? É fácil falar com os desenvolvedores? Eles ouvem os usuários? Têm idéias inovadoras? Levam a sério a segurança do software? É a essas perguntas que preferimos responder aqui no DistroWatch. Isso não quer dizer que nós não nos importemos com violações da GPL ou que concordemos com a maneira como a Novell conduz seus negócios. Mas não queremos transformar o DistroWatch em um portal que promova a pureza ideológica do software às custas dos avanços tecnológicos das comunidades de desenvolvimento de software livre.
Você odeia o Ubuntu? Isso é normal!
Se você for se basear nos fóruns e blogs, o Ubuntu deve ser a distribuição Linux mais odiada do planeta. Ele não apenas foi fundado por um turista espacial milionário que é um capitalista agressivo, como também tem como único propósito (de acordo com o CEO de outra empresa Linux) a destruição de todas as outras distribuições do mercado. Dizem que ele é um parasita que se aproveita de todo o código do Debian sem dar muito em troca e que, apesar de todo aquele papo de “software para a humanidade”, continua a desenvolver soluções proprietárias como o Launchpad. A recente sugestão de Mark Shuttleworth de sincronizar as datas de lançamento das distribuições para coordenar o trabalho de correção de bugs foi recebida com desconfiança por aqueles que acreditam que ele só quer “se beneficiar do trabalho que a Novell e a Red Hat têm desenvolvido na área corporativa.” Por que as pessoas detestam tanto o Ubuntu?
Não acho que o problema seja especificamente com o Ubuntu. Pelo histórico do DistroWatch, a distribuição no topo da lista sempre parece ser a mais odiada pelos leitores. Se você já estava por aqui no início da década, deve se lembrar que o Mandrake Linux passou pela mesma situação desagradável – recebia uma grande quantidade de análises, mas também atraía um bocado de negatividade nos fóruns. O interessante é que, agora que está numa posição menos favorecida, o Mandriva subitamente se tornou o queridinho do mundo das distros, com produtos excelentes e quase nenhuma crítica – mas também com muito poucas análises. É a mesma coisa que acontece quando um grupo de espectadores neutros assiste a uma disputa esportiva entre um franco favorito e um azarão – com certeza eles vão torcer pelo azarão com toda a força! É a natureza humana.
O fato de muitas pessoas detestarem a distribuição líder não é um problema. O problema é que muitas dessas pessoas exageram ao expressar suas opiniões na internet. Ainda que nenhum leitor inteligente as leve a sério, elas dão má fama à comunidade Linux, e desencorajam usuários potenciais a se unirem a nós. Há algo que se possa fazer a respeito? Não muito, pelo visto. Até que as pessoas comecem a ler seus próprios posts e percebam que a negatividade sem sentido que direcionam à distro mais popular só atrapalha, vamos ter que conviver com o fato infeliz de que o primeiro colocado sempre será o mais odiado – pelo menos nos círculos mais imaturos e destrutivos da Internet.
Créditos a Ladislav Bodnar– http://distrowatch.com/
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>
Comente em: https://www.hardware.com.br/comunidade/artigo-tecnologia/868890/
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