Mais considerações sobre o futuro dos desktops

Mais considerações sobre o futuro dos desktops

A cada dia mais e mais artigos bombásticos são publicados prevendo uma eventual morte dos PCs desktop. Por um lado, a plataforma PC como um todo (chips x86, Windows, etc.) continua muito saudável, mas uma parte cada vez maior do foco dos fabricantes está sendo aplicado nos notebooks, netbooks e agora ultrabooks, com os desktops ficando com uma parcela cada vez menor da atenção. Hoje em dia, os portáteis respondem por dois terços ou mais do lucro líquido da maioria dos fabricantes e a grande maioria dos usuários que está planejando trocar de computador planeja exatamente comprar um portátil e não um desktop.

Vamos então às considerações:

Um mercado importante que muitos se esquecem são os servidores. Não estou falando de grandes servidores, com processadores especializados e terabytes de memória, mas dos pequenos servidores, que representam a grande maioria das unidades em uso e são o que realmente mantém a Internet funcionando, hospedando de sites domésticos à nuvem do Google. Veja a foto abaixo por exemplo:

Este é um datacenter da Savvis, uma das gigantes do setor. Existe um bom motivo para estarem usando PCs desktop como servidores: eles funcionam quase tão bem quanto qualquer servidor especializado, porém são muito baratos e podem ser facilmente substituídos. Esta é uma cena que se repete na maioria dos datacenters, e tem crescido ainda mais com o crescimento das aplicações em nuvem, onde os PCs se tornam essencialmente os blocos de construção de um cluster, onde toda a redundância necessária é implementada via software e substituir um dos nós consiste em simplesmente gravar uma imagem com o sistema e plugá-lo na rede.

Este mercado de servidores de baixo custo em si é um mercado bastante respeitável, suficiente para manter o mercado de componentes para micros desktop funcionando. Entretanto, temos um segundo nicho importante, que são as empresas. PCs desktop oferecem vantagens ergonômicas para quem os usa por muitas horas, são ainda mais baratos que um portátil equivalente e oferecem uma vantagem adicional: são feios, pesados e sem graça, o que desestimula eventuais furtos. Para a maioria das empresas, estas são vantagens importantes, o que fará com que os desktops continuem a ser usados por algum tempo. Mesmo que muitas migrem do Windows para o Ubuntu, ou alguma plataforma em nuvem, os desktops continuarão lá.

O terceiro mercado seria o dos usuários domésticos, este sim está realmente em declínio. Um notebook é ainda mais caro que um desktop equivalente, mas a diferença caiu muito. No low-end,  existem casos em que um notebook pode custar apenas 200 ou 300 reais a mais, sem falar dos ubíquos netbooks, que apesar de mais fracos, chegam a ser vendidos na casa dos 800 reais. Este é um padrão que vai se intensificar nos próximos anos, com cada vez mais usuários optando por portáteis em vez de desktops.

Três nichos que sobreviverão entretanto são os power-users, gamers e DIY’s.

O grupo dos power-users inclui usuários que precisam de configurações especializadas, com muito processamento e memória, vários monitores, múltiplos periféricos e assim por diante. Estes usuários tipicamente passam a maior parte do dia trabalhando em algum ambiente solitário (é difícil criar qualquer coisa com pessoas passando e gritando à sua volta, ou viajando continuamente) o que faz com que a falta de portabilidade dos desktops não seja um problema. Embora seja tecnicamente possível criar sistemas com múltiplos monitores, muita RAM e armazenamento e etc. usando notebooks, os desktops são muito mais flexíveis e baratos nesse quesito. Seria quase impossível encontrar um notebook com 32 GB de RAM, 16 núcleos de processamento, uma GPU de ponta e três monitores, mas montar um desktop com essa configuração é algo corriqueiro e mais barato do que muitos podem pensar.

Continuando, muito embora um número crescente de usuários casuais estejam também migrando para os notebooks, o nicho dos gamers continua forte. O motivo é simples: GPUs high-end são quase que um sinônimo de desktop já que os circuitos necessários, combinados com o cooler fazem com que seja quase impossível acomodá-las nos notebooks. Muito embora as linhas mobile recebam muitas vezes uma notação de modelos similar, o desempenho é muito diferente do das placas para desktop.

O terceiro mercado é o dos DIY, ou “do it yourself” que inclui todos os usuários que preferem montar seus próprios PCs, seja para uso como desktop ou HTPC ou qualquer outra aplicação especializada, bem como aqueles que gostam de testar os limites da tecnologia, com overclocks extremos e assim por diante. Existe um mercado bastante saudável de gabinetes especializados, sistemas alternativos de resfriamento, periféricos e assim por diante, que também deverá se manter ao longo dos próximos anos.

Em resumo, o desktop realmente está perdendo o reinado para os portáteis, uma tendência irreversível. Entretanto, isso não significa que ele esteja morto, já que existem ainda muitos nichos que se baseiam neles. Montar placas-mãe, fontes e outros componentes sem limitações de espaço e construir gabinetes usando folhas de aço dobradas ou outros materiais simples oferecerá sempre vantagens em termos de custo e flexibilidade, o que manterá os desktops à tona.

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