“Prezados Senhores,
Como gerente de TI, fui muito questionada sobre política de economia de energia para os equipamentos corporativos. Havia inúmeras e contraditórias opiniões técnicas, sobre o que melhor fazer, nesta época de contenção de energia. As opiniões variavam desde desligar fisicamente o monitor, o dito vilão do consumo de energia pelo microcomputador, até deixar em modo standby ou não deixar, para não diminuir a vida útil do equipamento.
Resolvi, fazer uma pesquisa técnica na Internet e adotei a corrente que achei, tecnicamente, a mais coerente. Porém, ao ler a Folha Informática da Folha de São Paulo, de ontem , que tenho como uma das melhores referências técnica, fiquei surpresa e vem contra toda a diretriz que adotei. Sendo assim, transcrevo o e-mail que passei comparativamente, e solicito, na brevidade possível, uma checagem por parte de vocês , pois ainda julgo procedente o levantamento técnico feito.”
Começando pelo ponto dos monitores, não foi apenas uma vez que ouvi “especialistas” dizerem que o monitor é responsável por 80% do consumo do PC. Não sei se quem diz isso está preocupado em convencer os usuários a desligarem o monitor quando não estiver em uso, ou se está realmente desinformado, mas atualmente esta informação está completamente incorreta. Infelizmente, isto vem deixando muita gente com dúvidas.
Isso era verdade em algumas situações na época dos micros 386, até 486s, pois por operarem a frequências de clock muito mais baixas e terem menos periféricos, estes equipamentos consomem bem menos energia que os atuais. Por exemplo, um 386 de 30 Mhz com um HD de 120 MB, 2 MB de RAM e placa de vídeo gasta em torno de 25 watts. Como naquela época os monitores também gastavam um pouco mais que os atuais, tínhamos uma relação de 100, 110 Watts para o monitor e 25, 30 Watts para o PC, neste caso realmente o monitor era responsável por cerca de 80% do consumo total.
Mas, num micro atual, apenas o processador muitas vezes gasta muito mais de 25 Watts. Além disso, hoje em dia são comuns placas 3D, placas de som e modem viraram padrão, assim como os drives de CD-ROM e gravadores, muita gente mantém mais de um HD instalado e assim por diante.
No cenário atual, o monitor é responsável por, em média, 50% do consumo total do PC. Em algumas configurações, o consumo do monitor pode cair para 30, até 20% do consumo total. Veja alguns exemplos:
PC #01Pentium II 450 MHz – 27.1 W
64 MB de RAM (1 pente) – 5 W
HD de 6.4 GB – 15 W
Modem, placa de som, caixas acústicas e CD-ROM – 25 W
Placa de rede – 5 W
Placa de vídeo Trident Blade, 8 MB – 6 W
Cooler do processador e exaustor da fonte – 2 W
Monitor LG StudioWorks de 15 polegadas – 85 Watts
O consumo total da configuração é de aproximadamente 170 Watts, 85 W para o monitor e 85 W para o restante da configuração. Isto sem contar a perda da fonte de alimentação, que por não ser perfeita, desperdiça uma boa parte da energia na forma de calor. A maioria dos manuais fala em 80% de eficiência, o que significaria que para fornecer os 85 W para os componentes internos, a fonte consumiria um total de aproximadamente 106 Watts. Com isto o consumo total do micro seria de na realidade 191 Watts, dos quais o monitor, que não puxa energia da fonte, mas sim diretamente da tomada (a saída da fonte é só uma extensão), consome apenas 85 W, apenas 44% do total.
Caso o monitor fosse substituído por um monitor de LCD, que consome bem menos, cerca de 36 Watts num modelo de 15 polegadas, a relação de consumo tenderia ainda menos para o lado do monitor. Alias, uma boa forma de economizar energia pode ser ir substituindo os monitores CRT por modelos LCD, como o consumo é bem mais baixo, a economia pode valer à pena à longo prazo.
PC #02Athlon 1.0 GHz – 47 W
Placa de Vídeo Geforce 2 GTS – 15 W
256 MB de RAM (2 pentes) – 10 W
2 HDs de 20 GB – 30 W
Modem, placa de som, caixas acústicas e CD-ROM – 25 W
Placa de rede – 5 W
Monitor LG 17″ Studioworks 775N – 105 W
Cooler, exaustor da fonte we mais 2 exaustores dentro do gabinete: 5 W
Aqui o consumo total é bem mais alto, 242 W sendo 137 W para o PC e 105 W para o monitor. Considerando a perda na fonte, o total subiria para 171 W para o PC e 105 W para o monitor.
Economizar no uso do monitor vai permitir que você economize 10, talvez 15% do total gasto pelo PC, já vai ajudar bastante a atingir os 20% impostos pelo racionamento. Desligar o PC durante a hora de almoço vai economizar mais uns 10%, o que provavelmente já seja suficiente para completar os 20%.
Sobre o monitor, realmente, colocar uma proteção de tela que deixe a tela preta ajuda a economizar um pouco de energia e não traz prejuízos para a vida útil. Realmente deve-se evitar colocar o monitor em modo standby muito freqüentemente, pois realmente pode diminuir a vida útil do monitor.
Agora, eu vejo um problema com a configuração de economia de energia para o monitor. Se você configurar o Windows para desligar o monitor após meia hora sem uso por exemplo, é provável que na maioria das vezes, o monitor fique 30 minutos sem ninguém na frente e pouco depois de entrar em modo de economia, o funcionário volte, depois de 45 minutos por exemplo. Neste caso foram economizados apenas 15 minutos e houveram todos os possíveis prejuízos de se desligar o monitor.
A minha sugestão pessoal é que você oriente os funcionários a desligarem o monitor no botão sempre que forem ficar algum tempo longe do PC. Com isto, em 45 minutos que o funcionário fique longe do PC, serão economizados 45 de uso do monitor. Mais uma coisa que pode pesar da decisão é que em modo standby o monitor ainda consome cerca de 15 W, desligando no botão ele não gasta nada.
Para economizar acima disso, você precisará diminuir também o consumo do restante do PC. O começo é sempre ativar o modo de espera caso esteja disponível, ou então configurar os HDs para serem desligados depois de algum tempo.
Mas, existem várias outras possibilidades que podem ser exploradas, como divulguei no meu primeiro artigo sobre economia de energia: https://www.hardware.com.br/artigos/economizar-energia-1/
Combinando as dicas deste artigo com as economias feitas com o monitor, você pode chegar a diminuir em 35% o consumo elétrico dos PCs.
Se você dispor de verba para trocar alguns monitores por modelos LCD e fazer alguns upgrades nos PCs, trocando os processadores por modelos que consumam menos energia por exemplo (os Celerons 566 e 600 são ideais neste aspecto) a economia pode chegar a 50%.
Acho que logo vou começar a dar consultoria sobre isso, parece ser um ramo rentável 🙂
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