O que esperar da Intel mini-ITX D510MO?

O que esperar da Intel mini-ITX D510MO?

Todo profissional especializado em TI, necessita dispor de um PC desktop à parte, para efetuar todos os tipos de testes e experimentos práticos que desejar, com o intuito de desenvolver os seus conhecimentos e habilidades. Máquinas virtuais são úteis até certo ponto, assim como não é muito recomendável fazer experimentos em computadores de produção. Mas, se levarmos em consideração que, sou dono de um “maravilhoso” netbook (que é o meu “desktop oficial”), definitivamente não há outra alternativa…

m46aa4684

Eis, a Intel mini-ITX D510MO, uma placa-mãe compacta, voltada para aplicações onde as dimensões diminutas e o baixo consumo são atributos importantes para o projeto.

Então, o que fiz? Fui (mais uma vez) ao InfoCentro e comprei os componentes necessários para montar um novo desktop: neste caso, apenas a placa-mãe e o processador, além de um novo HD. E a minha opção foi pela placa-mãe mini-ITX Intel D510MO, uma solução integrada contendo uma CPU dual-core Atom D510 e o novo chipset Intel TigerPoint NM10. Já o HD, é um modelo SATA clássico de 3.5″, capacidade de 320 GB e velocidade de 7.200 RPM, fabricado pela Samsung. Além desses componentes, já tinha à disponibilidade um kit de módulos DDR2-800 (2x 512 MB de RAM), da Kingston, complementando assim a “espinha dorsal” do sistema.

5923d9b5

Em destaque, a solução de refrigeração passiva adotada pela Intel. Notem que o dissipador em questão cobre a CPU Intel Atom D510 e o chipset NM10, cobrindo uma área considerável da placa. Tudo isso para resfriar 13 Watts…

Eu poderia ter adquirido uma placa-mãe micro-ATX AM2+ e um Sempron 140 (2.7 GHz), que além de ter bem mais recursos e ser mais flexível, pagaria praticamente o mesmo preço que havia gasto na solução da Intel. No entanto, atributos como as dimensões minimalistas do projeto, junto com o baixíssimo consumo de energia e o custo atraente, foram os fatores preponderantes para a escolha final. Também há de considerar que, planejo utilizar a plaquinha para muitos outros projetos “exóticos”, além daquelas já previstas para a sua finalidade principal (veremos isto detalhadamente mais adiante).

20ffd40f

Em destaque, as conexões: PS/2 (mouse e teclado), VGA, USB, Ethernet e áudio.

Dada a simplicidade do projeto, não há muito o que comentar em termos de conexões. A plaquinha dispõe dos conectores essenciais, como as saídas de áudio, a saída VGA, as 4 portas USB (além de mais 4 portas internas) e a interface Ethernet Gigabit, além das clássicas conexões para teclado e mouse. Por outro lado, as portas paralela e serial não se encontram disponíveis, embora tenhamos as pinagens na placa para a soldagem destes componentes. Internamente, o conjunto é mais humilde: apenas um slot PCI tradicional e 2 bancos de memória (que não suportam dual-channel), além de 2 portas SATA-II. No entanto, uma terceira opção me deixou impressionado…

6254316e

Em destaque, o slot mini PCI-Express.

Um slot mini PCI-Express! Criado especificamente para portáteis, tais slots permitem a inclusão de placas de expansão voltadas para conectividade em geral, como interfaces wireless, Bluetooth e 3G, além de outras aplicações não tão tradicionais, como um módulo decodificador de vídeo ou as unidades SSDs fabricadas neste formato (estas, geralmente mais difíceis de encontrar, além de possuírem pouca capacidade de armazenamento). Por exemplo, poderíamos montar um HTC apto para reproduzir vídeos em alta definição (através da inclusão de um módulo decodificador Crystal HD, da Broadcom) ou garantir a conectividade sem-fio de um mini-servidor (através da integração de um modem 3G, suportado pelo Linux). Enfim, as possibilidades de aplicações são imensas, limitadas apenas pelo nosso orçamento financeiro! :-0

13b50e99

A placa mini-ITX, já instalada no gabinete. Note todo o espaço livre

Ironicamente, uma situação que jamais poderia esperar, aconteceu no ato da montagem da placa-mãe: sou dono de um gabinete compacto e de dimensões reduzidas, o K-Mex 9287. Voltado especificamente para o uso de placas micro-ATX, ele se mostrou relativamente grande e desengonçado para a nova placa-mãe que adquiri. Inclusive, instalei a mini-ITX sem o menor incômodo, ao contrário dos demais modelos de placa-mãe, que geralmente são desconfortáveis de montar em gabinetes compactos! Certamente, a utilização deste gabinete será provisória, pois da necessidade de conceber sistemas mais compactos ainda, irei adquirir algum gabinete mais adequados para as dimensões desta placa. Para se ter uma ideia deste objetivo, nem sequer optei por adquirir um drive óptico…

m3ac86db1

Novamente, a placa mini-ITX devidamente montada. Observem que o sistema de fixação atende perfeitamente a padronização adotada no sistema ATX (o 4o. Parafuso acima e à direita está encoberto pelo capacitor).

m761b8975

Dois cabos SATA, um espelho para o painel de conexões, um CD-ROM com drivers e aplicativos, um planfleto promocional, um adesivo esquemático e um manual básico de instruções para a montagem, eis os materiais que vieram junto com a placa-mãe.

Bem, vamos falar um pouquinho do Intel Atom D510…

m7c5454d6

Intel Atom Pine Trail D510.

Basicamente, ele é uma CPU dual-core, rodando a 1.67 GHz, com um FSB de 667 MHz e um TDP de apenas 13 watts. Em destaque, a capacidade de processar até 4 threads graças à tecnologia Hyper-Threading, transformando-se numa espécie de “falsa CPU quad-core” (pois será assim que ele será visto pelo sistema). Dentre os demais recursos suportados, há o suporte ao endereçamento de 64 bits e ao set de instruções SSE/SSE2/SSE3, sem contar ainda a integração de muitas funções anteriormente destinadas ao chipset, como o IGP e o controlador de memória. Assim, o chipset NM10 (TigerPoint) se tornou uma espécie de HUB, suportando apenas o barramento necessário (4 linhas PCI-Express) para a interconexão de dispositivos e periféricos (I/O). Para obterem maiores informações, consultem a seção “O Pine Trail”, publicado por Carlos E. Morimoto. Lá, terão uma visão bem mais abrangente sobre o que nos reserva esta interessante plataforma.

2640eb45

Bem, agora vamos ao ponto central do artigo: o que esperar da placa-mãe Intel mini-ITX D510MO? Como havia dito no início, ter uma máquina de testes foi o principal motivo para a sua aquisição; no entanto, qualquer placa-mãe micro-ATX com uma CPU de entrada, já atenderia a necessidade! Porém, além das vantagens oferecidas pela placa mini-ITX (que já citei no início deste artigo), há tempos venho observando a aplicação de CPUs de baixíssimo consumo em projetos especiais de pequeno porte, voltados para as mais diversas funcionalidades. Um servidor ultra-econômico, baseado no nosso amado Tux, é apenas uma das possibilidades…

3ab326fb

SM10000, da SeaMicro: até 2.048 CPUs Intel Atom rodando à 1.6 GHz, ocupando somente 1/4 do consumo e do espaço que seriam reservados para datacemters tradicionais.

A capacidade do Atom dual-core em processar 4 threads simultâneas é um atributo interessante especialmente para servidores, pois haverá muitas circunstâncias que a capacidade de executar múltiplas requisições será até mais importante do que a capacidade de desempenho bruto, além da necessidade de garantir o menor consumo. E uma das minhas prioridades em meus futuros experimentos, será analisar a eficiência do Atom D510 neste quesito! Por exemplo, imaginem a aplicação de um hardware enxuto com um sistema GNU/Linux bem ajustado e configurado, atuando como proxy & firewall (entre outras funcionalidades) em uma rede local?

m3c674311

NAS QNAP TS-659 Pro.

Ou quem sabe, construir um simples NAS? Com um gabinete ultra-compacto e duas unidades SATA de alta capacidade de armazenamento (2 terabyte cada), um NAS personalizado poderia ser disponibilizado em uma rede local, gerenciável através do SAMBA! Este por sua vez, rodaria sobre um sistema operacional GNU/Linux enxuto, instalado à parte em uma unidade SSD em formato mini PCI-Express (ou até mesmo em um pendrive, embora considere uma solução “deselegante”). Para esta solução, até mesmo um simples Atom single-core daria conta do recado tranquilamente!

m328ea476

Literatura “Servidores, Guia Prático”: uma ótima fonte de consulta para experimentar configurações de serviços de redes em um servidor de testes!

Ah, já ia me esquecendo: imaginem configurar um servidor GNU/Linux com praticamente todos os recursos disponíveis? Por exemplo, numa única instalação, poderíamos ter os seguintes serviços:

  • Atribuição de endereços IPs (DHCP);

  • Resolução de nomes de domínios (DNS);

  • Compartilhamento de conexão e o seu gerenciamento (Squid);

  • Autenticação de usuários e permissões de acesso (PAM);

  • Compartilhamento de arquivos e impressoras (Samba);

  • Gerenciamento de quotas de disco (Quota);

  • Proteção através do uso de firewall (Iptables);

  • Uso conexões remotas (SSH, VNC, NX Server);

  • Provedor de páginas WEB para a Internet e intranets (Apache);

  • Gerenciamento de contas de e-mail (Postfix, Sendmail);

  • Simulações práticas de aplicação e uso de RAID e LVM;

  • Virtualização de servidores (Xen, KVM, VirtualBox, VMware);

  • Provedor de Terminal Remoto (LSTP);

  • Entre muitas outras aplicações…

Claro que em termos de aplicação prática, tal metodologia de trabalho é tecnicamente inviável; mas na condição de aprendizado, teremos uma oportunidade única de analisar todos estes serviços rodando juntos e interagindo entre si, além de possibilitar a realização de outros procedimentos técnicos interessantes, como o gerenciamento da rede através de ferramentas de monitoramento, a criação de rotinas de backup, o upgrade de pacotes planejado, a automatização e o agendamento de tarefas, etc. Até mesmo procedimentos de segurança, com a simulação de um ataque e a aferição das ferramentas de proteção, poderiam ser praticadas neste mini-laboratório de testes!

Como pode ver, a “brincadeira” só está começando… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>

http://by-darkstar.blogspot.com/

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X