O fim dos anos 80 e a década de 90 foram brilhantes para a internet. Foi o momento da passagem do uso da internet somente no meio militar/acadêmico/científico para o mundo comercial, abrindo as comportas para o mundo. E também a estabilização de uma nova categoria de software fundamental para usufruir das possibilidades do mundo virtual: o navegador.
Na história dos navegadores, e até mesmo dos softwares como um todo, são poucos aqueles que realmente se tornaram amplamente populares e com um domínio arrasador. Goste ou não, o Internet Explorer está nesta hall. Com uma estratégia ousada e ao mesmo tempo perigosa, a Microsoft tornou o Internet Explorer um case de sucesso absoluto, dominando o mercado por muitos anos.
E agora está saindo de cena. A Microsoft está oficialmente aposentando o Internet Explorer nesta quarta-feira (15) , deixando que o software continue apenas em algumas versões corporativas e num modo “legado”, através de uma função do Microsoft Edge, seu sucessor.
Para o grande público, o Internet Explorer já estava aposentado há muito tempo. O navegador virou alvo de chacota nos últimos anos, sepultado à força por outro navegador do hall dos dominadores, o Google Chome.
Vamos relembrar neste artigo algumas curiosidades do Internet Explorer, que por muitos anos foi o rei dos navegadores.
O início
O Internet Explorer foi lançado como um “plus” de uma das versões mais populares do Windows, o Windows 95.
O Windows 95 tinha um pacote chamado Plus que oferecia algumas possibilidades em termos de personalização (alteração na tela de abertura e papel de parede, tipo das letras, sons, etc). Este pacote também incluía um novo software da Microsoft, o Internet Explorer, baseado no código Spyglass Mosaic.
O pacote ficou disponível no Brasil a partir de setembro de 1995. Custava R$ 50 e ocupava 12 MB (o Windows 95 ocupava cerca de 30 MB).
Internet Explorer vai com todo pra cima do Netscape
Desde 1993, o navegador Mosaic vinha reinando de forma soberana. Embora ele não seja de fato o primeiro navegador, foi o primeiro que realmente alcançou um sucesso substancial, chegando a ostentar 93% de quota de mercado.
O criador do Mosaic, Marc Andreesen, se associou a Jim Clark, fundador do Netscape Communications, e deram impulso ao que virou o Netscape, navegador que ultrapassou o Mosaic, e se tornou amplamente utilizado, chegando a alcançar 89% de market share
A partir da versão 2.0 do Netscape o software deixou de ser gratuito. A Microsoft aproveitou a deixa. Além de afirmar que o Internet Explorer iria encorporar a grande maioria das funções do concorrente, confirmou que o IE seria gratuito.
Era o pontapé da Microsoft na sua tarimbada estratégia de usar o Windows como propulsor de outros dos seus softwares. Seria o Windows o chamariz para alavancar o Internet Explorer e destruir o Netscape.
Apple tem que engolir o Internet Explorer
Em meados dos anos 90 uma parceira movimentou o mercado. A Microsoft investiu US$ 150 milhões na Apple em 1997, que andava cambaleando e até flertou com a falência. Com o retorno de Steve Jobs à companhia, uma aliança com a empresa de Bill Gates foi firmada.
Em contrapartida, ao investimento pomposo que ajudou a salvar a Apple, foi encerrado uma disputa judicial ente ambas sobre patentes, a Microsoft se comprometeu a lançar versões melhoradas do Office para os computadores da Apple e o Internet Explorer foi adotado como o navegador padrão do Macintosh, ele vinha pré-instalado nos computadores da gigante de Cupertino.
Era a Microsoft aplicando mais um duro golpe no Netscape.
O processo que estremeceu as bases
A estratégia da Microsoft que alavancou o Internet Explorer foi também a responsável por levar Bill Gates e cia ao tribunal. Em 1997 Departamento de Justiça norte-americano processou a Microsoft, colocando em pauta o método de distribuição do IE em conjunto com o Windows, que detinha 90% do mercado.
A Microsoft se defendeu, dizendo que o IE 4 era uma parte do Windows 95, por isso não podem ser separados. Diz que os fabricantes podem incluir nas máquinas softwares de qualquer empresa, desde que não tirem IE 4.
A pressão foi gigante, a condenação por monopólio veio, e a Microsoft teve que recuar. No início de 1998, a Microsoft passou a permitir que os fabricantes de PCs apaguem os arquivos associados ao “Explorer” ou apenas o ícone do programa na área de trabalho.
Na próxima versão do Windows, o 98, a Microsoft quis comprar novamente a briga. E resolveu retomar sua estratégia. Em meio a isso tudo, a Netscape, que vinha perdendo participação de mercado, foi comprada pelça AOL por US$ 4,21 bilhões.
Em 2000, a Microsoft sofreu outra grande derrota, foi condenada novamente por monopólio e uma sanção significativa foi determinada: a divisão da Microsoft em duas. O caso se arrastou o máximo possível que a empresa de Bill Gates pôde.
O acordou veio apenas em 2002, após um estrago sem precedentes no Netscape.
Como mostra esta reportagem da época, com o acordo, a Microsoft se comprometeu a revelar parte do código-fonte de alguns de seus programas e permitir que outras empresas criem softs para operar com o Windows tão bem quanto os seus; terá que permitir a desinstalação de programas embutidos no Windows e não poderá obter acordos de exclusividade que prejudiquem seus concorrentes.
O reinado incontestável do Internet Explorer e a derrota amarga pro Chrome
A partir de 1998 o Internet Explorer assumiu a posição de navegador mais utilizado no mundo e lá permaneceu até meados de 2012. Nesse meio tempo alcançou uma marca histórica em 2002: 94.42% de quota de mercado. Nenhum outro navegador registrou uma liderança tão arrasadora quanto o IE..E
Em 2006 o mercado de navegadores ficou bem mais dividido, com o avanço do Firefox. Lembra do Netscape? Em 2007 ele deu seu adeus, saiu de cena de maneira melancólica, com uma participação de mercado que não chegava nem a 1%.
Em meados de 2011, o Chrome deixou o Firefox comendo poeira e foi em busca do líder. No ano seguinte o Google Chrome ultrapassou o Internet Explorer e permanece na liderança até hoje.
Internet Explorer 11, a última versão
Em 2013 a Microsoft lançou a última versão do Internet Explorer, o IE 11, lançado para o esquecido Windows 8.1 e é essa versão que imortaliza agora a aposentadoria deste software lendário., mantendo apenas o modo compatibilidade, o último resquício.
O bastão de navegador do Windows segue com o Microsoft Edge, que iniciou sua jornada claudicante, mas que subiu no conceito de maneira unanime em sua versão baseada em Chromium.
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