Conheça a história de Larry Tesler, o inventor do ‘cortar, copiar e colar’

Conheça a história de Larry Tesler, o inventor do ‘cortar, copiar e colar’

Nascido em 1945, em Nova York, Lawrence Gordon Tesler, mais conhecido como Larry Tesler, se formou em ciência da computação na Universidade Stanford nos anos 60, na década seguinte ingressou num dos lugares mais impressionantes da história da humanidade, um celeiro de mentes brilhantes, como a do próprio Tesler, e de invenções que impactaram o mundo. Esse lugar é o centro de pesquisa Xerox Palo Alto Research (PARC).

A importância desse centro de pesquisa inaugurado pela Xerox nos anos 70, e seus principais nomes, como Larry Tesler, Bob Taylor, Alan Kay e Douglas Engelbart é indescritível. Foi desse centro de pesquisa da Xerox que saiu a interface gráfica, elemento que mudou para sempre a computação, a maior parte das tecnologias que tornaram possível a internet, a implementação e o uso do mouse como conhecemos há tanto tempo, como um dos periféricos de entrada mais importantes para a interação homem-máquina, entre muitas outras coisas. Lá era o epicentro da inovação, aliás, o lema do Parc era “a melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo”.

Foi seguindo essa filosofia que Tesler se tornou um dos grandes nomes do centro de pesquisa e da história da tecnologia e computação pessoal. Tesler entrou para a equipe do Xerox Parc em 1973, com conhecimentos de inteligência artificial na bagagem. Foi durante sua passagem pelo centro de pesquisa que Tesler desenvolveu, em conjunto com seu colega Tim Mott o software de processamento de texto Gypsy, que incluiu as funções que acabaram se tornando até uma expressão do cotidiano, cortar, copiar e colar.

Tesler sempre esteve preocupado com a facilidade na operação do software, uma busca que a Xerox seguia com afinco, a maior prova foi o desenvolvimento da interface gráfica, isso mudou o jogo para sempre, mas não pelas mãos da própria Xerox, como sabemos, empresas como Microsoft e Apple foram as grandes beneficiadas por essa revolução.

Aliás, Tesler teve uma relação muito produtiva com uma dessas empresas, a Apple, ele trabalhou diretamente na empresa de Steve Jobs por muitos anos. Antes mesmo de ser contratado a ingressar na equipe da gigante de Cupertino, o cientista já tinha uma passagem emblemática com Jobs, foi a partir dela que a cabeça do cofundador da Apple mudou radicalmente, foi o momento exato em que Jobs teve a confirmação dos rumos da computação.

Larry Tesler em 1989

Esse momento aconteceu quando Steve Jobs e John Couch, chefe da divisão do Apple Lisa,  fizeram uma visita ao centro de pesquisa da Xerox. A visita não foi acaso, era uma troca. Em 1979 a Xerox ficou interessada em investir US$ 1 milhão na Apple. Jobs concordou, mas tinha uma condição: a Xerox precisava mostrar a Jobs o que estava sendo feito no Xerox Parc.

Um dos cientistas responsáveis por mostrar a Steve o que estava sendo feito no Xerox Parc foi Larry Tesler! De cara, parte do pessoal da Xerox notou que se fossem revelados todos os detalhes a Apple poderia simplesmente roubar aquelas ideias, eles até que tentaram enrolar Jobs e sua equipe, mas não teve jeito, o executivo da maça não ficou satisfeito com exibição completamente limitada do computador Xerox Alto, o primeiro a integrar a interface gráfica e o mouse. Ele ligou para o centro de pesquisa e disse que queria ver mais.

Jobs retornou com mais membros da Apple e fez questão de deixar claro que não aceitaria ser enrolado novamente. De acordo com a biografia de Steve Jobs, escrita por Walter Isaacson, aos berros ele dizia “vamos acabar com essa conversinha fiada”. A partir de então, Tesler revelou os detalhes sobre a linguagem de programação orientada para objetos, a Smaltalk, desenvolvida pela Xerox, e a  interface gráfica integrado ao Xerox Alto.

Xerox Alto

Tesler contava que jobs sacudia os braços, saltitava e não parava de fazer perguntas. Steve ficou tão chocado com o que estava vendo que disparou: “vocês estão sentados em cima de uma mina de ouro. Não posso acreditar que a Xerox não esteja tirando proveito disso”.

Com o Xerox Alto, sua programação orientada a objetos e seu mapa de bits, a capacidade dos pixels na tela serem ligados ou desligados individualmente, a Xerox, como disse Jobs tinha realmente uma mina de ouro. Steve ainda tirou um sarro da Xerox anos depois, ao ser questionado se realmente roubou as ideias da empresa, ao aplicar versões remodeladas nos produtos da Apple. Steve citou Picasso: “Artistas bons copiam, grandes artistas roubam”. E acrescentou: “nós nunca sentimos vergonha de roubar grandes ideias”. Ele também disse que a Xerox não sabia o que estava fazendo. “Eles estavam com a cabeça em copiadoras e não tinham a mínima ideia sobre o que um computador podia fazer”.

Nos anos 80 Larry Tesler foi trabalhar na Apple, esteve envolvido diretamente com a equipe de desenvolvimento do Apple Lisa, foi responsável por liderar a equipe de desenvolvimento do Apple Newton, um PDA que acabou sendo um verdadeiro fracasso, e chegou a ser alçado ao posto de cientista-chefe em 1993.

Após deixar a Apple, Tesler fundou a Stagecast Software, uma empresa de tecnologia que ensinava programação para crianças. Ele também trabalhou para empresas de tecnologia como Amazon, Yahoo e 23andMe. Depois de deixar o 23andMe em 2009, ele iniciou uma carreira como consultor.


Tester morreu na segunda-feira (17/02), a causa do óbito não foi revelada. Nunca foi tão midiático como Jobs ou Gates, mas se transformou num dos arquitetos do nosso cotidiano. Como escreveu a Xerox em sua postagem no Twitter, “seu dia de trabalho é mais fácil graças às ideias revolucionárias dele.”

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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