Conectiva Linux 3, 4 e 5: uma viagem nostálgica!

Conectiva Linux 3, 4 e 5: uma viagem nostálgica!

O ano é 1999. Na época, era dono de um modesto desktop (equipado com um Pentium-MMX 200 MHz, 32 MB de RAM e 6.4 GB de HD) e começava a dar os meus primeiros passos em uma viagem rumo aos domínios do Software Livre. O tal de “Lainucs”, apresentado à mim através de uma revista especializada da época, atiçou-me a curiosidade…

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Encartes das versões 3 e 4 (não tenho a 5).

O Conectiva Linux 3.0 – codinome Guarani – era a distribuição nacional vigente na época. A antiga Revista PC Master reportava uma interessante matéria, trazendo como um “brinde”, o CD de instalação deste sistema operacional. Mas, devido à minha falta de habilidade em lidar com a distribuição, não consegui realizar a instalação do “dita-cujo” (cheguei a comprar o CD original, achando que as customizações feitas pela PC Master haviam causado falhas no processo). Se não fosse a ajuda de um velho amigo na época, esta teria sido a minha única experiência.

Ainda assim, tão logo que a testei, me desinteresse logo de cara devido a uma grande limitação: não havia à disponibilidade, uma suíte de escritório! Embora eu estivesse encantado com a beleza das temáticas do WindowMaker, sem uma suíte de escritório, não havia como desenvolver grande parte das minhas atividades habituais. Mas, por ironia do destino, eu soube que a próxima versão do Conectiva Linux traria a suíte de escritório StarOffice!

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Exemplo de tela do WindowMaker na época citada

Mas também não foi dessa vez… Ainda que apresentasse as funcionalidades básicas necessárias para a editoração de documentos de escritório, o StarOffice estava muito aquém em termos de recursos e funcionalidades, se comparado aos antigos Word e Excel para o Windows 95 (em 1997, havia adquirido um pacote combo da Microsoft, contendo o Windows 95, Word e o Excel). E pelo visto, continuei com eles por um bom tempo, mesmo sabendo da existência do Windows 98 e do pacote Microsoft Office 97. Só com o valor das licenças, eu teria feito um bom upgrade em meu PC!

No entanto, não deixei de me encantar com outro interessante ambiente gráfico: o KDE. Na época, a versão em vigor era a 1.0, bem rudimentar se comparada com as versões que foram lançadas posteriormente. Mesmo assim, foi interessante ver que – diferente do WindowMaker – muitos dos recursos e elementos encontrados no Windows 9x se faziam presentes no KDE. Portanto, eu senti que poderia planejar uma migração em um futuro não muito distante, caso houvesse o amadurecimento dos softwares que eu necessitava.

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Exemplo de tela do KDE 1.0

Outro interessante software que chamou a minha atenção foi o GIMP. Este por sua vez, já se apresentava bem desenvolvido, se comparado com os demais softwares disponíveis na época. E ao contrário dos milhares de usuários que – até hoje – reclamam da sua interface, achei-a muito interessante, pois em uma resolução padrão de 1024×768, o espaço (área) disponível era muito bem aproveitado, diferente da “poluição” provida pelas ferramentas clássicas de manipulação de imagens da época.

Alguém aqui acha que fui logo em seguida para o Conectiva Linux 5.0? Quem pensou que sim, se enganou redondamente. No início do ano 2000, a empresa terceirizada pela qual prestava serviço, estava “saindo de cena” aos poucos, devido a processos de restruturação interna. Dentro de um ambiente de trabalho intenso, com o futuro incerto perspectivas sombrias, tive que deixar os meus hobbys de lado para dedicar a minha atenção a coisas mais importantes. E o Conectiva Linux 4.0, instalado em uma partição de 2.0 GB à parte, ficou lá esquecido…

Então, 2 anos se passaram e muitas dificuldades foram vencidas. Em 2002, meu modesto desktop já tinha 5 anos de idade e um upgrade se fazia estritamente necessário, pois na época, experimentei o Conectiva Linux 5.0, mas com um certo sacrifício devido à lentidão do sistema. Sabia que havia versões mais novas da distribuição disponíveis, mas como eu estava interessado em me ambientar de novo, acabei utilizando o CD de instalação da versão que eu tinha em mãos, comprado há 2 anos (que nem sequer foi tirado da embalagem plástica). Este havia sido adquirido através da Revista do Linux, que por sua vez oferecia o CD de brinde.

Não esperava encontrar “novidades” interessantes, visto que o sistema já tinha 2 anos de idade e meu maior interesse era apenas em se ambientar novamente. Ainda assim, não deixei de me impressionar com outro interessante ambiente gráfico: o GNOME. Este era considerado um ambiente extremamente bugado na época, mas ainda assim deu para ter uma noção do que reservava as futuras versões deste primoroso projeto. Em destaque, o gerenciador de arquivos GMC, super-parecido como o Explorer!

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Exemplo de tela do GNOME 1.0 rodando no Red Hat

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Gerenciador de arquivos GMC, em uma de suas primeiras versões

Outro interessante software que me chamou a atenção foi a suíte de aplicativos para a WEB Mozilla. Há alguns anos, a Netscape havia criado uma fundação e disponibilizado o código fonte deste navegador sob os termos de uma licença livre. Na época, ela havia sido derrotada pelo Internet Explorer, em uma competição em que a mídia especializada havia chamado de “Guerra dos Browsers”. Sendo disponibilizado como um componente integrado ao Windows, não deu outra. No entanto, os frutos do trabalho da Netscape não foram em vão…

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Mozilla 1.0, em 2002

Por fim, já em 2002, com um dinheirinho extra no bolso e novas vocações, fiz o meu tão sonhado upgrade e me iniciei na famosa “ciranda das distribuições”. Em meu (novo) PC desktop, já passaram distribuições como o Red Hat, o Mandrake, o Debian, e por fim, o bom e velho Slackware, além das versões posteriores do próprio Conectiva e o recém lançado Kurumin. Em minha vida, cada uma delas deixaram histórias para contar, no entanto, poucas teriam um significado tão marcante e especial como a Conectiva.

Mesmo usando o Slackware por quase 6 anos… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at]gmail.com>
http://by-darkstar.blogspot.com/

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