Peering timidly at AUSTRUMI (2.1.6)
Autor original: Jesse Smith
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
Não estava nos meus planos fazer esta análise do AUSTRUMI. Eu tinha baixado um outro projeto, que prometia facilitar uma série de tarefas, mas após algumas horas de tentativa e erro, percebi que o sistema operacional em questão ia me causar mais frustração do que glórias computacionais, e desisti dele. Foi nesse momento que me lembrei que há meses eu vinha pensando em analisar o AUSTRUMI, mas sempre ficava adiando. Pensando nisso, fiz uma visitinha ao site oficial.
Com layout simples e uma combinação agradável de azul e branco, o site oferece conteúdo em inglês, francês, espanhol, russo, italiano e em mais alguns idiomas (nada de português). O projeto, baseado no Slackware, se descreve como pequeno e veloz. Para ajudar a cumprir essa promessa, o AUSTRUMI roda inteirinho da RAM (a ISO tem apenas 138 MB). O site também traz um link para um fórum mantido por terceiros, onde os usuários podem procurar ajuda e trocar dicas.
Ambiente live
Inicializando o computador com o live CD inserido, surge um menu em preto e dourado. Nele o usuário escolhe entre iniciar o sistema, carregando tudo para a RAM (a opção padrão), ou rodar a distro a partir do CD. Carregando o ambiente live, somos levados a um desktop atraente, com um monitor do sistema no topo da tela, um painel de início rápido à direita e um applet que mostra as condições climáticas no canto inferior direito. O sistema não usa o inglês por padrão (nem reconheci o idioma usado), mas dá para mudar no menu de inicialização.
O clique esquerdo em uma região vazia do desktop abre o menu de aplicativos; o direito abre o menu de configurações. Levei um tempo para me acostumar a não mover mais o mouse até o canto da tela para abrir o menu, mas depois acabei gostando da ideia. Só não consegui me acostumar com o fato de que girar a rodinha do mouse (acidentalmente ou não) também abre o menu de aplicativos.
AUSTRUMI 2.1.6 – navegação pela web
Instalador do sistema
Vamos deixar os menus e aplicativos um pouco de lado para falar do instalador. Ele é composto por uma página com quatro campos. Neles você escolhe onde a imagem ISO está (ou o CD), onde a distro vai ser instalada, quais partições serão criadas e seus tamanhos e sistemas de arquivos. O pequeno gerenciador de partições tem suporte à família ext de sistemas de arquivos, swap, FAT, Btrfs e ReiserFS. Embora o layout simples (e a falta de documentação de apoio) seja mais adequado a veteranos do Linux, ele funciona bem.
O que eu achei terrível foi que quando o usuário clica em OK, o instalador não pede permissão para nada nem exibe nenhum indicador de progresso: ele simplesmente desaparece. E o monitor do sistema no topo da tela mostra que tem alguma coisa acontecendo. Poucos minutos depois, uma janelinha aparece com um log indicando o que aconteceu (numa estranha combinação entre o inglês e um outro idioma), e é isso aí. Nada informa se a instalação foi bem sucedida, só vem a confirmação de que as partições foram criadas. Felizmente, no meu caso, reiniciei o computador a partir do disco rígido e tudo funcionou corretamente.
Uma das primeiras coisas que notei no sistema instalado foi que o usuário entra direto como root, sem digitar senha. Dá para criar outros usuários e definir senhas para as contas, mas o root continua fazendo login na inicialização. Há uma ferramenta de configuração disponível para que o usuário desative o login automático, mas nos meus computadores isso só fazia com que o X não iniciasse corretamente. Eu até conseguia acessar o console de texto, mas o X (e com ele o desktop) ficava fora da jogada. Outra coisa que notei quando reinstalei foi que o desktop memoriza as configurações de idioma do usuário, que não precisa mais escolher o idioma certo no menu de inicialização
Software
O menu de aplicativos oferece uma boa quantidade de software comparado ao de outras distros pequenas. Quando instalado no disco rígido, o AUSTRUMI ocupa mais ou menos 480 MB de espaço em disco e inclui o navegador web Chromium, o editor de texto (e ambiente de desenvolvimento) Geany, um gerenciador de arquivos excelente (embora de visual clássico), um player multimídia, Skype, AbiWord e Gnumeric. O menu de aplicativos inclui ainda um cliente BitTorrent, leitor de PDF, alguns jogos, o GIMP e programas de configuração. Vale destacar o gerenciador de serviços e daemons, que tem um layout agradável e facilita o gerenciamento (nenhum serviço de rede vem rodando por padrão). O AUSTRUMI vem com codecs para a reprodução de formatos de áudio e vídeo populares, e com um plugin do Flash para a navegação na web.
AUSTRUMI 2.1.6 – reprodução de arquivos de mídia
É bom falar mais um pouco sobre a interface de usuário do AUSTRUMI. O visual padrão é agradável, embora a barra de início rápido seja meio esquisita. Ela anda para a direita quando eu clico no lado esquerdo, mas fica parada quando clico no lado direito. Usando o tema padrão, não consegui descobrir como mudar os ícones da barra de início rápido. Mas é aí que a distro fica interessante: o sistema vem com alguns temas que não apenas mudam a aparência do desktop como também seu funcionamento.
Um desses temas lembra muito um certo desktop proprietário, com dock via Cairo de fácil personalização. Outro tema lembra muito um outro sistema operacional muito utilizado. Cada um deixa o desktop com uma cara diferente, e ainda promove pequenos ajustes na forma como as coisas funcionam, fazendo com que o usuário se sinta em casa com o ambiente que melhor se adequar. Em um primeiro momento achei que o AUSTRUMI estava abrindo mão de sua identidade, mas depois eu gostei de poder imitar outros desktops e mostrá-los para pessoas com experiências computacionais variadas.
Além da ativação dos menus via mouse, o desktop padrão do AUSTRUMI também facilita o acesso às janelas minimizadas. As janelas podem ser selecionadas a partir da barra de tarefas, como na maioria dos sistemas desktops, mas as janelas minimizadas também aparecem como miniaturas no desktop. O usuário pode clicar duas vezes em uma dessas miniaturas para que ela volte a ter o tamanho normal, e também pode arrastá-las para o lugar mais adequado no desktop.
Suporte a hardware
O sistema operacional se saiu bem com o meu hardware. Rodei a distro no meu laptop HP com CPU dual-core de 2 GHz, 3 GB de RAM e placa de vídeo Intel, e num desktop genérico com CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo da NVIDIA. Nos dois o resultado da detecção de hardware foi bom. Em ambos os casos a tela foi configurada com a resolução máxima e o áudio funcionou de primeira; o touchpad do laptop operou conforme o esperado. Como acontece em todos os derivados do Slackware, minha placa de rede sem fio Intel não foi detectada. Também testei o AUSTRUMI no VirtualBox, e o desempenho de um modo geral foi bom. Rodando direto do CD, a distro funciona até com 64 MB. Raramente eu precisava de mais de 100 MB, mesmo acessando a internet e reproduzindo vídeos. O sistema é leve e, especialmente rodando da RAM, responde incrivelmente bem. A minha única reclamação é a mesma que fiz na minha recente análise do Puppy: a integração com o mouse no VirtualBox não é boa, com os ponteiros do sistema hospedeiro e do convidado saindo de sincronia toda hora.
Quanto ao gerenciamento de pacotes, o AUSTRUMI usa o GSlapt, e se conecta aos repositórios do Slackware. Com isso, temos uma coleção forte de software para uma distro tão pequena. A interface gráfica do gerenciador de pacotes parecerá familiar para quem estiver acostumado a outras interfaces, como o Synaptic. Na maioria das vezes eu não tive problemas para atualizar, remover ou instalar software. Em algumas ocasiões, o GSlapt avisava que faltavam dependências. Geralmente eu conseguia achar as bibliotecas necessárias, mas de vez em quando não, e aí eu tinha que remover o aplicativo que eu queria ou caçar as dependências manualmente na web.
AUSTRUMI 2.1.6 – gerenciamento de pacotes
Conclusões
Geralmente aqui eu faço um resumo dos meus testes, mas nesta semana está difícil separar os recursos do AUSTRUMI em categorias como “prós” e “contras”. No site, por exemplo, não há muitas informações, e pelo visto não há documentação nenhuma, mas os mantenedores tiveram o trabalho de traduzir o texto para vários idiomas. Na distro em si, fiquei impressionado com a seleção de programas de configuração oferecidos, mas desanimei com a natureza confusa e ocasionalmente invisível do instalador. É incrivelmente fácil gerenciar e fazer ajustes em serviços e daemons, mas o sistema desmorona se o login automático for desativado.
O gerenciador de pacotes geralmente se comporta bem, mas parece que falta coisa nos repositórios. Tive muitos altos e baixos nesta breve semana que passei testando o AUSTRUMI. Gostei muito de algumas coisas da distro, como do desempenho excelente, seja rodando do CD, do HD ou direto da RAM. Poucos sistemas se saem tão bem quanto o AUSTRUMI nesse aspecto. Outro ponto a favor da distro são os temas, que não só mudam as cores e o posicionamento dos botões nas janelas (à esquerda ou à direita) como também modificam todo o desktop, oferecendo ao usuário a escolha entre vários ambientes. E isso nos leva de volta à interface.
AUSTRUMI 2.1.6 – tema alternativo
Poder abrir o menu de aplicativos e um menu separado para a configuração onde o mouse estiver também foi uma coisa da qual eu gostei muito, depois que me acostumei. Isso poupa muito tempo, especialmente em telas grandes. Posicionar janelas minimizadas em qualquer lugar do desktop de acordo com a vontade do usuário também é bem legal. Acho interessante que o KDE e o GNOME tentem reinventar a forma como interagimos com o desktop enquanto o AUSTRUMI oferece todos esses temas e pequenos ajustes que tornam a interface gráfica muito mais intuitiva, e a alternância de tarefas mais tranquila. Acho que as distros mais famosas deveriam dar uma espiada no AUSTRUMI e copiar algumas ideias.
Infelizmente, uma boa interface e uma grande velocidade não bastam para que eu recomende a distro, ao menos não para uso cotidiano. O problema do login automático e o instalador esquisitão me levam a acreditar que esta distro é mais uma demonstração poderosa do que uma distribuição para se usar no dia a dia. Mas ela mostra a quem não está acostumado ao código aberto como o Linux pode ser rápido e flexível, e só por isso eu já sugiro que você dê uma conferida.
Créditos a Jesse Smith – distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>
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