No comunicado oficial que a Intel revelou em seu site explicando alguns pontos sobre o problema de segurança que ficou conhecido como Meltdown (batizada pelos pesquisadores do Google) foi frisado que a tal queda de performance que os processadores teriam pós-update não seria tão impactante quanto o que foi repercutido, já que foi dito que a queda ficaria entre 5% e 30%. Em casos específicos a queda de performance até pode ser sentida dessa maneira, mas para um usuário médio a tal perda de desempenho não ficaria tão evidente.
Para corrigir a brecha de segurança que permite que entre inúmeras situações o cibercriminoso possa acessar a memória do kernel do sistema e ter acesso as senhas dos usuários, uma simples atualização do microcródigo do processador não seria suficiente, foi necessário que a Intel trabalhasse diretamente com as fornecedoras de sistemas operacionais para que o update partisse deles.
Ontem publicamos que a Microsoft adiantou o patch que corrige a falha. Já é possível fazer o download automaticamente no Windows 10 via Windows Update, ou até de forma manual. A atualização é a KB4056892. Para usuários do Windows 7 e 8 é necessário baixar pelo site da Microsoft nesse primeiro momento, ou aguardar até a próxima terça-feira para ter acesso de forma automática.
Nada melhor para comprovar se a performance de um processador de um PC doméstico é impactada pela atualização do que coloca-lo a prova em alguns softwares de benchmark que estressam a CPU em tarefas que vão até muito além do que a grande maioria das pessoas está acostumada.
Para esse teste utilizamos o notebook gamer Avell G1513 XTI, que recentemente publicamos um artigo com as nossas primeiras impressões. O processador utilizado nessa máquina é o Core i5 7300HQ, da 7ª geração Intel Core (Kaby Lake). Esse chip conta com 4 núcleos, 4 threads, clock base de 2.5 GHz e boost clock de 3.5 GHz, TDP de 45W. O processo de fabricação é em 14nm.
Iniciamos o teste com o mesmo programa da tela acima, o CPU-Z, que embora seja mais utilizado como uma forma para ter acesso a uma descrição mais detalhada sobre alguns pontos do hardware, também conta com uma ferramenta de benchmark embutida que estressa a CPU e atribui uma pontuação para a performance em single-core e multi-core.
Em todos os testes rodados os softwares antes da instalação da atualização KB4056892 no Windows 10 e depois do update. Alterações mínimas na pontuação estão dentro de uma margem de erro aceitável, e não devem ser tão consideradas. Para chegarmos a conclusão que nos testes a atualização interfere mesmo no processador a diferença realmente tem que ser bem significativa, caso que aconteceu nos testes do site Phoronix, no Linux.
Pontuação antes do update no sistema:
Pontuação depois do update no sistema:
Em seguida rodamos a famosa ferramenta Cinebench em sua versão R15. Esse sotware é dos mais utilizados quando o objetivo é fazer um comparativo por pontos na performance da CPU. É possível testar tanto a GPU quanto a CPU. Como o nosso caso é verificar o processador rodamos os dois testes que o software oferece em que uma uma cena com até 300.000 polígonos é renderizada.
A pontuação é dividida de duas formas, CPU, que é considerado o desempenho como um todo, e o de CPU em single-core. Vamos ao resultado no Cinebench R15:
Pontuação antes da instalação do update no sistema:
Pontuação depois da instalação do update no sistema:
Passamos o Core i5 7300HQ também pelo Performance Test 9.0 da PassMark, que é bem interessante por oferecer uma pontuação em diversos critérios como compressão, física e as instuções SSE suportadas pelo processador.
Pontuação antes da instalação do update no sistema:
Pontuação após a instalação do update no sistema:
Há conclusão que podemos chegar até então, com esses sotwares que realmente estressam o processador, é que sim, há uma diferença após o update, mas que não é nada assombroso quando trazemos para a realidade. Vale ressaltar que embora ferramentas de benchmark sejam excelentes para mostrar a performance de um componente, durante o cotidiano não utilizamos o processador em situação de estresse constante, levando isso em consideração a Intel tem razão em afirmar que para um usuário médio o impacto realmente não é nada perto do assustador, pelo menos no Windows 10.
Porém, no mundo corporativo a Intel terá muito o que fazer e estender as explicações. No geral, levando em consideração tanto usuários finais como corporativos, a Intel diz que o desempenho em algumas cargas de trabalho ou em ferramentas de benchmark pode sim ser afetado dependendo da configuração e do sistema, então é difícil precisar um percentual de perda já que o portfólio de processadores da Intel é imenso.
Mas e na parte de segurança? O patch realmente resolve o problema? Bom, essa parte tem dividido bastante as opiniões. Uma declaração que causou bastante espanto veio do CERT (Computer Emergency Response Team) o centro de resposta a incidentes de segurança em tecnologia da informação, diz que tanto para o Metdown, a falha que é mais concentrada nos processadores Intel, quanto no caso da Spectre, que se estende por outras companhias como AMD e ARM, a solução é apenas a substituição do processador.
Como o problema está na arquitetura da CPU em vez de software, patches de segurança não podem resolver completamente o problema. Essa declaração contraria totalmente a Intel que no seu comunicado fez questão de frisar que o problema não se trata de um erro de design dos seus processadores.
O assunto ainda está bem obscuro, muita coisa ainda precisa ser investigada e dita, mas em relação ao temor de uma queda acentuada de performance para o usuário final, podemos dizer até aqui, que você pode ficar mais tranquilo.
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