Uma olhada no Asturix Business Edition

Uma olhada no Asturix Business Edition

Peering down the business end of Asturix

Autor original: Jesse Smith

Publicado originalmente no: distrowatch.com

Tradução: Roberto Bechtlufft

asturix
../imagens/img-1959a4e0

Uma coisa fascinante no software livre é sua capacidade de se adaptar a várias tarefas diferentes e nunca exploradas. O Linux, com sua flexibilidade, pode ser usado em muitos nichos diferentes. Tomemos o Asturix como exemplo. O projeto Asturix é uma tentativa de criar um sistema operacional melhor para usuários de todo o mundo, com foco especial nos falantes do espanhol. O projeto reconhece que os usuários do Linux muitas vezes precisam interagir com aplicativos e redes que nem sempre se dão muito bem com o código aberto, e elaborou seu produto para facilitar ao máximo esse tipo de situação. Para atingir seus objetivos, a equipe do Asturix criou três edições de sua distribuição:

  • Business – para uso em escritórios;

  • Desktop – para uso doméstico;

  • Lite – para uso em computadores antigos.

As edições Business e Desktop têm versões para 32 e 64 bits. Nos meus testes, usei o Asturix Business. O DVD da edição Business tem 1,2 GB, e enquanto o arquivo baixava eu dava uma conferida no site do projeto. Por padrão o site é exibido em espanhol, mas há uma ampla variedade de idiomas disponíveis, incluindo português, inglês, francês, alemão e russo. Além de tratar dos objetivos do projeto e oferecer links para downloads, o site também tem um wiki (predominantemente em espanhol), um fórum, uma seção de notícias e um formulário de contato. A navegação é fácil e o layout traz uma bela e agradável combinação de branco e verde.

Modo Live e instalação do sistema

Após a inicialização do live DVD, fica claro que o Asturix é baseado no Ubuntu: o menu de inicialização é muito parecido. Mesmo selecionando outros idiomas, as opções de inicialização continuavam em espanhol. Os menus na parte inferior da tela mudavam, mas não o menu central. As opções são: inicializar o DVD em modo live, verificar se há erros na mídia ou iniciar a instalação OEM. Optei por começar explorando o ambiente live, e uma tela de apresentação que lembra a aurora boreal apareceu. Um minuto depois, entrou o desktop GNOME. O layout é bastante parecido com o do Ubuntu, com a barra de menus no topo da tela, mas as cores marrom e laranja foram substituídas por tons brilhantes e vivos de azul e verde. Depois de dar uma olhada no desktop eu decidi instalar o Asturix, mas não encontrei o instalador. Reiniciei e escolhi o instalador no menu de inicialização.

O Asturix usa o instalador do sistema do Ubuntu, o que faz com que o processo todo seja bem direto e sem surpresas desagradáveis. Os usuários escolhem o idioma de sua preferência, o fuso horário e o layout do teclado. Depois o usuário configura as partições e escolhe uma senha para a conta. Não tem complicação, e o processo é concluído rapidamente.

asturix-2.0-screenlets-small

Asturix 2.0 – usando e gerenciando screenlets

Aplicativos

Uma das primeiras coisas que os novos usuários vão notar no desktop Asturix é a coleção de screenlets na parte inferior direita da tela. Há uma barra de pesquisa do Google, um bloco de notas, um calendário e um relógio analógico. Para alguns, esses screenlets vão ser úteis; para outros, vão ser só um monte de tralhas. Infelizmente, os screenlets não memorizam se foram ou não fechados, e voltam em todas as sessões, a não ser que você os desative pelo utilitário de aplicativos de inicialização.

Quanto aos aplicativos, a lista de programas disponíveis inclui o Firefox 3.0 para navegação na web, o Evolution para email, o Ekiga para telefonia via internet, o Pidgin como mensageiro instantâneo, um cliente BitTorrent, o OpenOffice.org, um player de áudio, um player de vídeo e um gravador de CDs e DVDs. O Asturix também vem equipado com software gráfico como o GIMP, o F-Spot e a ferramenta Cheese para webcams. Ainda estão presentes o GNUCash, o Java e o WINE. Os codecs multimídia mais populares vêm instalados, ou seja, o usuário já pode ouvir MP3 e reproduzir a maioria dos formatos de vídeo sem ter que instalar nada. O Flash está disponível e funciona no Firefox. A distro também vem equipada com uma ampla variedade de ferramentas de configuração para ajustes no visual do sistema, gerenciamento de contas de usuário e drivers e instalação de software.

asturix-2.0-settings-small

Asturix 2.0 – mudando as configurações e navegando na internet

A maioria dos aplicativos, bem como suas entradas no menu, seguem a configuração do idioma escolhido, mas há exceções. No submenu de ferramentas do sistema, temos uma coleção de programas específicos do Asturix que só são exibidos em espanhol. O primeiro item é uma ferramenta de atualização, e embora meu espanhol não seja grandes coisas, acho que o utilitário serve especificamente para atualizar de uma versão da distro para a próxima. Como eu já estava usando a versão mais recente, não tive como testar o programa. O item seguinte é um gravador de CD/DVD, que funciona conforme o esperado.

O terceiro programa cuida da instalação de aplicativos, e me deu alguma dor de cabeça. O instalador tem duas guias: a primeira é para a instalação de extras, como Java, Flash e codecs. Na edição Business esses pacotes já estão disponíveis no sistema, não sendo necessário baixá-los. A segunda guia lista várias categorias de software, como gráficos, internet e multimídia, e o usuário deve escolher uma. Quando o usuário clica em uma opção, o sistema pede a senha de sudo e depois disso nada acontece. Não há atividade de rede, então parece que há um bug no software, ou talvez já esteja tudo instalado na edição Business. É difícil dizer com certeza, já que nenhuma mensagem é exibida. A tela de ajuda também está em espanhol. Dentre outras coisas, a documentação traz instruções para a instalação de software, proteção contra vírus, manipulação de documentos de escritório e uma explicação sobre os screenlets.

Como é baseado no Ubuntu, o Asturix usa o APT e as ferramentas relacionadas para gerenciar pacotes, incluindo o Synaptic. O software é baixado dos repositórios do Ubuntu, que oferece aos usuários mais de 26 mil pacotes. Isso também faz com que o Asturix seja compatível com outras versões do Ubuntu. No tempo em que passei usando o Asturix, não tive problemas para instalar, remover ou atualizar o software, e o Synaptic rodou com a boa velocidade de costume.

Hardware

Durante a minha experiência com o sistema operacional, usei dois computadores. Um era um desktop genérico com CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo da NVIDIA. O outro era um laptop HP, com CPU de 2 GHz, 3 GB de RAM e placa de vídeo Intel. De modo geral, o Asturix lidou bem com o hardware. No meu desktop o vídeo e a conexão de rede funcionaram sem problemas. O som é que ficava muito baixo, mesmo quando eu botava o volume no máximo. Também tive esse problema com o Ubuntu 9.04. A maioria dos dispositivos funcionou no meu laptop, incluindo a placa de vídeo, o sistema de som, o touchpad e meu modem de internet móvel Novatel. O único problema que tive com o Asturix no meu laptop foi com a placa de rede, que não funcionava. O desempenho nas duas máquinas foi bom, e o sistema permaneceu estável e respondendo bem o tempo todo.

Segurança

A segurança no Asturix é uma questão um pouco mais complicada do que em outras distribuições. Em parte, isso se deve ao fato do Asturix tentar ser amigável aos usuários do Windows, e em parte à relação do projeto com o Ubuntu. Por exemplo, o Asturix roda o Samba e o servidor SSH por padrão. Embora nenhum diretório seja compartilhado pelo Samba por padrão, isso cria um foco de ataques em potencial. Por outro lado, achei ótimo o fato do antivírus ser aberto quando eu clico em um executável do Windows, em vez do arquivo ser executado diretamente. Para abrir executáveis do Windows, clique neles com o botão direito e escolha a opção para executar, ou escolha a entrada correspondente a ele no menu de aplicativos.

Alguns usuários vão achar esse comportamento padrão bom, por causa da segurança; outros não vão gostar. Eu acho que faz sentido. E por falar em antivírus, na hora da instalação eu notei que o antivírus não trazia as definições de vírus. Quando pedi manualmente ao programa que buscasse as definições, ele não localizou nenhuma. Isso me preocupa, porque um antivírus sem um arquivo de definições só proporciona uma falsa sensação de segurança. Outra coisa que me preocupa é que o Asturix 2.0 é baseado no Ubuntu 9.04, cujo ciclo de vida de 18 meses se encerra em outubro de 2010. Como o Asturix 2.0 foi lançado em fevereiro, o usuário só tem direito a oito meses de atualizações de segurança. Depois de outubro, os usuários vão ter que atualizar ou correr o risco de usar um sistema desatualizado.

asturix-2.0-virus-small

Asturix 2.0 – obtendo ajuda e usando o antivírus

Conclusões

Depois de uma semana usando o Asturix, achei coisas de que gostei no sistema e outras de que não gostei. Olhando para o projeto como um todo, acho ótimo que haja uma distribuição focada em ajudar os falantes do espanhol e que esteja disponível para vários tipos de ambientes. Dizem que o filósofo José Ortega y Gasse uma vez disse: “Excelência é quando um homem ou uma mulher cobra de si mesmo mais do que os outros cobram.” E eu acho que é isso que os desenvolvedores estão fazendo, pegando a base do Ubuntu e incluindo coisas novas, direcionando a distro para um propósito mais específico. Gosto do fato da edição Business vir equipada com WINE, Samba, codecs e antivírus. São essas pequenas coisas que tornam a distribuição tão atraente a novatos. A variedade de edições voltadas para necessidades específicas também é bem-vinda, dando aos usuários a flexibilidade de rodar o Asturix em computadores mais modestos ou mais poderosos.

Por outro lado, o Asturix precisa melhorar em muitos aspectos. Como eu já disse, não consegui atualizar o antivírus nos meus computadores, e o gerenciador de pacotes personalizado parece inacabado – seria ótimo se o instalador de software da distribuição informasse em detalhes ao usuário o que ele está (ou não) fazendo. No momento, o Asturix parece ser uma opção viável para migrar usuários domésticos do Windows para o Linux, e se o projeto adotar a próxima versão LTS do Ubuntu como base, talvez ele também se torne interessante para uso corporativo.

Créditos a Jesse Smithdistrowatch.com

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X