O que poderia ter sido uma das linhas de smartphones mais significativas dos últimos anos está indo para o museu dos dispositivos, estou falando do praticamente enterrado lumia, que começou sob os domínios da Nokia, em 2012 sob o nome Nokia Lumia e que devido as negociações com a Microsoft passou para Microsoft Lumia.
A série Lumia foi extremamente interessante por diversos motivos, o primeiro deles é que graças à parceria com a Microsoft e o seu sistema móvel deu uma bela oxigenada na Nokia, e também acabou por despertar a vontade da própria Microsoft em investir de forma ainda mais pesada no mercado de smartphones, estendendo seus tentáculos para a produção do sistema e dos dispositivos em si.
Em vez de começar do zero, a Microsoft resolveu investir em bases que já estavam estabelecidas, isto é, adquirir a Nokia que já era a sua parceira. A negociação foi confirmada por boa parte dos meios de imprensa, inclusive aqui pelo Hardware.com.br no dia 03 de setembro de 2013. Um acordo de incríveis US$ 7,2 bilhões, que daria ainda mais liberdade para a Microsoft criar e determinar como o seu mercado mobile iria caminhar.
Porém, os demais capítulos dessa história, você provavelmente já deve conhecer. Essa aquisição não surtiu o tal efeito que a Microsoft queira, em grandíssima parte por decisões no mínimo estranhas. Quer um exemplo? Vamos nessa. Embora alguns discordem, o abandono do nome Nokia nos smartphones foi uma burrada daquelas. Claro que a Microsoft em termos de marca é muito mais forte, porém, no mercado de smartphones a Nokia tinha (e tem) um nome marcante no imaginário de muitas pessoas.
Outro grande problema foi como a Microsoft tentou lidar ao mesmo tempo com a produção de dispositivos e o sistema. Embora o Xbox seja um grande case de sucesso em relação a hardware, a Microsoft é pioneira e construiu a sua identidade baseada em software, e a produção dos seua smartphones, mostrou muito bem isso, por diversas vezes parecia que a companhia simplesmente estava fora de sintonia com o mercado, tentando implantar um universo paralelo.
Porém, esse modo lento de tocar o barco, tem um motivo que atrapalha e muito: a falta de lucro. Os últimos dados do Gartner por exemplo, referentes ao primeiro trimestre de 2016, deixam isso bem claro: nos três primeiros meses foram vendidos apenas 2,4 milhões de smartphones equipados com o sistema da Microsoft, o que garante a companhia uma participação de mercado de apenas 0,7% A diferença entre o Android e o iOS é simplesmente avassaladora. O sistema do Google no mesmo período conquistou quase 294 milhões de unidades, enquanto a Apple, e o seu sistema conseguiram quase 52 milhões.
No caso do Android fica evidente o porquê desses números. Já que é o sistema mais popular do mundo (84,1% de participação de mercado), conta com o apoio de diversos fabricantes, isso sem contar o grande número de aplicativos de peso, item este que passa longe do sistema da Microsoft.
Além do número de vendas, outro indicio aponta uma morte dolorosa (em muitos casos transvertida de reestruturação) de alguma empresa ou divisão: o corte de postos de trabalho. E isso a Microsoft também fez, o mais recente anunciado hoje, cortando cerca de 1.850 postos de trabalho dos responsáveis pela produção de hardware dos seus smartphones. Desses 1.850 postos, 1.350 serão cortados na Finlândia, pais de origem da Nokia, que aliás, voltará com a sua marca ao mercado de smartphones em 2017, sos os domínios da HMD Global Oy e FIH Mobile Ltd
Como se não bastante, a Microsoft também anunciou que não produzirá mais smartphones para o consumidor final, o foco agora será no desenvolvimento do sistema e na produção de alguns modelos para o setor empresarial, uma tática meio blackbeiriana
O que dá para tirar de bom dessa situação é que a Microsoft finalmente dará mais atenção ao seu sistema, tentando alavancar o Windows Mobile como um software como serviço, permitindo que inclusive mais fabricantes adotem o sistema, o que seria bom para dar um up na participação de mercado, e minar essa supremacia do Android.
Há também a chuva de rumores que indicam que a partir de 2017 a Microsoft colocará no mercado os Surface Phone, que seria a nova tentativa da companhia para emplacar uma nova linha de smartphones no mercado. Com certeza, com as “mãos muito mais calejadas”, graças a experiência com os Lumias.
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