6 filmes baseados em jogos que foram um fracasso

6 filmes baseados em jogos que foram um fracasso

Adaptações de jogos para filmes costumam não resultar em uma boa coisa, sendo a palavra “fracasso” quase um sinônimo dos filmes baseados em games que vão para a telona. Entretanto, quando se trata de cinema, há uma distinção no sentido do que é um fracasso. Por exemplo, o filme pode ser um fracasso nas bilheterias e, ao mesmo tempo, um sucesso pela crítica.

O contrário também existe, com muitos filmes alcançando números milionários na arrecadação, mas sendo considerados uma porcaria.

No caso dos filmes baseados em jogos, essa linha é bem menos tênue. Geralmente, os filmes baseados em jogos são um fracasso tanto em bilheteria quanto em crítica, salvo alguns poucos exemplos, sobretudo em relação à crítica.

Por isso, vamos listar seis filmes baseados em jogos que foram um fracasso tanto de crítica quanto de bilheteria. Aliás, também incluiremos alguns que arrecadaram bastante dinheiro, mas a público considera uma verdadeira porcaria.

Como cada ser humano tem gostos diferentes, essa lista não é opinativa. Temos como base, portanto, dados já existente, como a recepção do filme pela crítica e o seu desempenho financeiro.

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Um clássico da Sessão da Tarde, mas também um dos piores filmes da história. Você deve imaginar quem são os personagens na tela.

Utilizaremos como critério as avaliações dos sites Rotten Tomatoes e Metacritic, as duas maiores referências em relação à crítica cinematográfica.

Além disso, é importante frisar que não iremos incluir animações, como os filmes de Pokémon, que se baseiam na trama do anime em vez dos jogos da Nintendo.

Dito isso, vamos explorar um pouco a motivação de Hollywood para fazer filmes baseados em jogos a razão pela qual a indústria até hoje insiste em novas produções.

Jogos baseados em filmes foram a primeira aposta

A indústria do cinema passou a olhar para os jogos conforme os videogames aumentavam sua popularidade na cultura americana, percebendo um potencial de capitalização na convergência desse universo com os filmes.

Para aliviar a barra de Hollywood, não apenas taxando a indústria do cinema como gananciosa, há uma justificativa pelo interesse em adaptações de jogos em filmes. Afinal de contas, muitos aspectos teóricos dos videogames compartilham similaridades com outras mídias. É de conhecimento geral que os conceitos básicos dos games vieram, principalmente, de estudos sobre televisão e cinema.

O teórico de mídias Henry Jenkins afirma que essas “associações são consequências, ou sintomas de uma manifestação muito maior na cultura, chamada convergência de mídia”.

Essa convergência se manifesta em diversas formas: social, cultural, tecnológica, econômica e mundialmente.

Por isso, a relação entre filmes e jogos de videogame ocorre desde o início da indústria de jogos. Em meados da década de 1970, a indústria do cinema percebe o potencial da então nova mídia e tentam entrar no mercado, planejando várias adaptações de filmes para os videogames.

Algumas das adaptações de filmes para jogos incluem Star Wars.

Portanto, a relação do cinema com os videogames começa pelos jogos baseados em filmes, o que resulta também no posterior desinteresse por parte de Hollywood nos videogames.

Um momento importante para a relação entre cinema e videogames é o lançamento do jogo E.T., baseado no filme de mesmo nome, em 1982. A obra, ao contrário do filme dirigido por Steven Spielberg, é considerada um dos piores jogos de toda história.

Além disso, muitos teóricos citam E.T. como um dos fatores responsáveis pela Crise dos Videogames de 1983.

E.T. para o Atari ainda é considerado o pior jogo da história.

Outro fator importante para afastar a indústria do cinema dos jogos é o lançamento do filme Tron – Uma Odisséia Eletrônica, também em 1982. O fracasso de Tron nas bilheterias contribuiu para que Hollywood se afastasse da tecnologia CGI (efeitos gerados através da computação gráfica) e principalmente de toda a indústria de videogames.

Leia mais: O que é CGI? 8 filmes que ficaram marcados pelo uso da computação gráfica

Tron – Uma Odisséia Eletrônica foi um dos primeiros filmes a abordar o universo dos games.

O interesse de Hollywood na indústria de jogos só ressurgiu uma década depois, mas, desta vez, seguindo o caminho oposto, ou seja, criando filmes baseados em jogos.

Filmes baseados em jogos… Mais uma fonte de grana para Hollywood

Infelizmente, agora não será possível deixar de afirmar que os filmes baseados em jogos são frutos da ganância da indústria do cinema. Aliás, talvez esse seja o motivo pelo qual os filmes baseados em jogos estejam mais próximo do fracasso do que do sucesso.

Pesquisadores ressaltam várias razões pelo fato da qualidade ruim em filmes baseados em jogos. O ponto principal é o fato desses filmes serem direcionado para um público divido entre aqueles que jogaram e conhecem o jogo e os que não jogaram.

Essa divisão de público, obviamente, terá fãs de gêneros de jogos específicos, aumentando as expectativas pelo filme. Além disso, todos nós sabemos que a comunidade gamer é bem irredutível, portanto, os filmes baseados em jogos passam por análises minuciosas por parte dos fãs.

Para os fãs dos jogos, a representação fiel do jogo é o que importa — em vez da narrativa base —,  quando o universo do jogo é extenso. Assim, quando os filmes baseados em jogos não conseguem representar fielmente a inspiração, o fracasso fica mais próximo.

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Fãs esperam ansiosamente a estreia da adaptação de World of Warcraft.

Em contrapartida, o público geral se importa mais com a narrativa e a qualidade do filme. Com isso, os elementos dos jogos relacionados ao filme não necessariamente importante.

Portanto, o paradoxo dos filmes baseados em jogos é o que resulta no fracasso dessas obras, pois o cinema priorizava o público de massa.

Essa postura, no entanto, muda completamente, após o lançamento do filme baseado em uma franquia de jogos sobre um encanador italiano.

O que era para ser uma boa ideia…

No início da década de 1990, a indústria do cinema volta as suas atenções aos videogames, obviamente pelo sucesso após a crise de 1983.

Então, era apenas uma questão de tempo para Hollywood lançar uma adaptação de algum jogo de videogame. Naquela época, havia uma escolha óbvia: o maior ícone dos games de todos os tempos.

Assim, em 1993, chega aos cinemas o filme Super Mario Bros. O filme baseado no principal personagem da Nintendo teve um orçamento de quase US$ 50 milhões e contou com um elenco de estrelas do cinema,

Duas lendas do cinema, Bob Hoskins e Dennis Hopper, participaram do filme que marca o início das péssimas adaptações de jogos.

No entanto, a decisão de tornar o extravagante e colorido universo da franquia Super Mario em um filme com ambientação mais séria e distópica, resultou no primeiro fracasso de filmes baseados em jogos.

Super Mario Bros., que completou 29 anos no final do mês passado, foi um fracasso de crítica e público. Apesar dos fracassos, o filme deixou um legado: abriu o caminho para mais filmes baseados em jogos (e mais fracassos).

O principal motivo pelo fracasso de Super Mario Bros., segundo à crítica especializada, é justamente a enorme diferença entre os filmes e os jogos, uma alusão à postura de Hollywood naquele período. No entanto, os filmes baseados em jogos continuaram a alterar a narrativa da adaptação, adotando imensas liberdades criativas.

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Luigi e Mario?

Por isso, quando os estúdios anunciam filmes baseados em jogos, os fãs não criam muita expectativa, pois já esperam pelo fracasso.

6 filmes baseados em jogos que foram um fracasso

Após uma considerável dose de história sobre a relação do cinema com a indústria dos games, chegou a hora da lista dos 6 filmes baseados em jogos que foram um fracasso.

Como dito no início do texto, a lista irá priorizar os filmes que foram fracassos de bilheteria e de crítica.

The King of Fighters (2010)

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Deve-se evitar esse filme de todas as formas possíveis.

Para aliviar a barra do desastre que foi o filme de Street Fighter, estrelado por Jean-Claude Van Damme em 1994, vamos falar de outra adaptação de uma das mais adoradas franquias de luta.

Para quem não conhece, King of Fighters, ou KOF, é uma série de jogos de luta desenvolvida pela SNK que fez bastante sucesso na era dos fliperamas, inclusive aqui no Brasil.

Os jogos da franquia King of Fighters possuem um lugar de prestígio na história dos videogames, sobretudo no gênero de jogos de luta. Alguns dos KOFs são considerados os melhores jogos de luta de todos os tempos, firmando um legado invejável para a franquia.

No entanto, em 2010, esse legado foi manchado, mas não pelos jogos. Na década passada, alguma mente brilhante teve a ideia de lançar um filme baseado em The King of Fighters e o resultado foi simplesmente desastroso.

O filme dirigido por Gordon Chan pode ser considerado baseado no jogo apenas no título e nos nomes dos personagens, pois a história é completamente diferente do que narra os jogos.

Maggie Q interpreta a personagem Mai Shiranui em uma versão totalmente diferente dos games.

Além disso, as lutas, o elemento principal dos jogos, são retratadas de uma forma que ultrapassa o ridículo. Talvez, o filme de King of Fighters deveria ocupar a primeira posição da lista, mas como a obra foi lançada diretamente em DVD, houve pouco impacto para a história dos filmes baseados em jogos, embora não deixe de ser um fracasso total.

Curiosidade: no Brasil, o filme recebeu o título de The King of Fighters: A Batalha Final.

Nota no Rotten Tomatoes: indisponível 

Doom (2005)

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“A Janela do Inferno”

Antes de falar sobre esse filme, é interessante uma observação sobre as traduções dos filmes gringos aqui no Brasil. Não surpreendentemente, o filme baseado em DOOM recebeu a alcunha de Doom: A Porta do Inferno, levando os fãs ao riso mesmo sem assistir a essa adaptação.

No início dos anos 2000, uma das principais tendências dos estúdios de Hollywood foi a junção entre o gênero de terror e os videogames influenciada pela cultura japonesa. Com isso, além de criar remakes de filmes de terror japoneses, como o Grito, os estúdios de cinema decidiram fazer filmes baseados em jogos de terror.

Resident Evil, de 2002 — que, por sinal, também recebe um ótimo título em português — foi o primeiro dessa onda, que resultou em várias outras adaptações, como DOOM, de 2005.

Embora seja um FPS, a adaptação dos jogos de Doom para o cinema foi transformada em um filme de terror estrelado por Dwayne Johnson, que usava o nome “The Rock” na época.

Anos depois, The Rock assumiu que o filme não era bom.

DOOM é um dos principais exemplos de filmes baseados em jogos que foram um fracasso por divergir da obra original. À época, o filme recebeu críticas negativas em relação ao desenvolvimento dos personagens e da trama, ressaltando a falta de qualidade nos diálogos.

Com isso, DOOM se tornou um fracasso de bilheteria e crítica, com um orçamento de US$ 70 milhões que não conseguiu ser recuperado.

O filme foi criticado até mesmo pelo próprio protagonista. Em uma entrevista em 2009, The Rock afirmou que o filme não conseguiu ser uma boa adaptação.

No entanto, uma cena de cinco minutos faz jus à franquia DOOM quando o filme muda para a perspectiva em primeira pessoa, emulando o gênero FPS.

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A famosa cena FPS

Nota no Rotten Tomatoes: 18%

Mortal Kombat – A Aniquilação (1997)

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Do elenco do filme anterior, só ficaram dois atores, incluindo Robin Shou (Liu Kang).

Uma das poucas sequências de filmes baseados em jogos resultou em um completo fracasso nos cinemas.

Levemente baseado no jogo Mortal Kombat 3, Mortal Kombat – A Aniquilação é uma sequência direta do filme de 1995, mas com mudanças em quase todos os membros do elenco da obra anterior.

A intenção dos produtores era criar um filme ainda mais espetacular que o anterior, que foi um sucesso de bilheteria. No entanto, o tiro saiu pela culatra.

Mortal Kombat – A Aniquilação teve uma recepção extramente negativa – e com razão -, marcado pela falta de realismo nos efeitos especiais e nas coreografias das cenas de luta.

Além disso, o enorme elenco do filme fez com que a trama se tornasse confusa demais para os espectadores.

Embora existam filmes piores, Aniquilação está nessa lista porque, além de ser considerado um grande exemplo do que é um filme ruim, a adaptação foi responsável por diminuir o interesse nos jogos.

Não é preciso dizer muita coisa quando se vê uma imagem como esta

Apesar do relativo sucesso de Mortal Kombat 4, também lançado em 1997, a excessiva exposição da franquia, sobretudo o fracasso do filme, contribuiu para impulsionar o desinteresse do público em Mortal Kombat.

Portanto, a franquia revolucionária do início dos anos 1990 passou batida durante o final da década, principalmente graças ao fracasso de um dos filmes baseados em seus jogos.

Mortal Kombat só voltou ao interesse do público em 2002, com o lançamento do jogo Mortal Kombat: Deadly Alliance.

Enfim, Mortal Kombat – A Aniquilação foi responsável por aniquilar a popularidade da franquia de jogos por um certo período. Desse modo, não teria como deixá-lo de fora desta lista.

Nota no Rotten Tomatoes: 4%

Double Dragon (1994)

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Os jogos de luta, certamente, eram os principais títulos dos fliperamas. Mortal Kombat, Street Fighter II, The King of Fighters e outros títulos foram extremamente populares nos anos 1990.

Para se ter uma ideia, entre 1990 e 1995, mais de 100 jogos de luta para fliperamas foram desenvolvidos por mais de 20 empresas, sendo a Capcom, a Midway e a SNK as mais famosas.

Jogos de luta dominavam os fliperamas.

Infelizmente, esse sucesso dos jogos de luta nos fliperamas chamou a atenção dos estúdios de cinema, que decidiram adaptar esses jogos por considerá-los adequeados para o público de filmes de ação.

Com isso, nasce Double Dragon, o primeiro dos filmes baseados em jogos de luta e também o primeiro fracasso do gênero.

O filme, baseado no jogo de 1987 de mesmo nome segue a trama dos dois irmãos Billy e Jimmy Lee, dois lutadores que precisam proteger um amuleto místico de uma gangue, resolvendo tudo na base da porrada.

Ao contrário do jogo, que foi um fenômeno dos fliperamas no final dos anos 1980, o filme foi um fracasso em todos os sentidos.

Até mesmo antes de ser lançado, Double Dragon já tinha vários problemas. O principal alvo das críticas foi o fato da produção escolher um diretor de primeira viagem para adaptar uma obra tão popular.

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O vilão de Double Dragon aparenta ser outra coisa.

Mas, além disso, as filmagens de Double Dragon foram marcadas por greves da equipe e um acidente envolvendo o diretor de fotografia, que precisou ser substituído.

A principal falha, entretanto, é o fato de que o ator que interpreta o personagem Billy Lee não tinha sequer o mínimo de noção de artes marciais. Com isso,  as cenas de luta do filme são extremamente cômicas, fazendo com que Double Dragon seja uma referência no quesito filme de ação ruim.

Nota no Rotten Tomatoes: 10%

BloodRayne (2006)

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Agora chegou o momento de falarmos de um personagem responsável por tornar pior o que já era ruim. Lamentavelmente, esse personagem não é fictício, mas, sim, um diretor alemão que atende pelo nome de Uwe Boll.

Seria impossível fazer uma lista chamada “filmes baseados em jogos que foram um fracasso” sem incluir alguma obra dirigida por Uwe Boll. Na verdade, é possível fazer esta lista apenas com filmes do diretor alemão e ainda ficariam faltando alguns filmes.

A história de Uwe Boll com os filmes baseados em jogos está diretamente atrelada à febre com os filmes e jogos de terror do início dos anos 2000. Seguindo essa tendência, Boll comprou os direitos de vários jogos de terror e começou a produzir adaptações para o cinema financiadas por ele próprio.

Assim, o mundo foi agraciado com terríveis filmes. Escolhemos BloodRayne, de 2005, entre várias outras pérolas, como a terrível adaptação de Far Cry, lançada em 2008.

BloodRayne, assim como a maioria dos filmes dessa lista, é levemente baseado no jogo de mesmo nome, tendo a personagem Rayne como protagonista. O filme conta com um elenco de peso, como Ben Kingsley, Billy Zane e Michelle Rodriguez.

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Sem comentários sobre a maquiagem do filme.

Porém, não é necessário abordar sobre a trama horrorosa do filme, pois há assuntos mais curiosos envolvendo essa catastrófe em forma de filme.

Por exemplo, Michael Madsen, um dos atores do filme e conhecido por ser o irmão do Bill em Kill Bill, admitiu estar bebâdo durante toda a gravação do filme. Além disso, o diretor Uwe Boll contratou prostitutas para participar de uma cena específica de BloodRayne.

Com um orçamento de US$ 25 milhões, BloodRayne arrecadou apenas US$ 3 milhões em todo mundo. Um verdadeiro fracasso na triste história dos filmes baseados em jogos.

Nota no Rotten Tomatoes: 4%

Alone in The Dark (2005)

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Seria injusto que o campeão dessa lista não fosse um filme de Uwe Boll. Novamente, o diretor alemão foi capaz de produzir um dos piores filmes baseados em jogos, talvez o pior de todos os tempos.

Na verade,  Alone in the Dark é considerado um dos piores filmes já feitos de todos os gêneros de cinema ou adaptações. O filme também foi um fracasso nas bilheterias, embora com uma arrecadação superior a BloodRayne.

Alone in the Dark, estrelado por Christian Slater, tem uma trama confusa, um roteiro muito mal escrito e, sem sobra de dúvidas, uma péssima direção, já que estamos falando de um filme de Uwe Boll.

Inspirado em uma das franquias precursoras do gênero survival, o filme de Alone in the Dark é uma completa catastrofre cinematográfica e serviu para atestar a incompetência de Uwe Boll enquanto cineasta.

Não vale a pena comentar sobre a ridícula sinopse, mas é possível constatar, pelos primeiros 15 minutos do filme, a criação de um dos maiores fiascos da história do cinema.

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Além de péssimo, o filme quase acabou com a carreira de Christian Slater

Além disso, assim como Mortal Kombat – A Aniquilação, Alone in The Dark foi diretamente responsável por destruir a franquia dos jogos. Os jogos da franquia até hoje não conseguiram recuperar sua popularidade após o fracasso do lançamento do filme.

O filme também foi responsável por enterrar as carreiras de alguns dos atores que participaram da produção. Christian Slater, por exemplo, só voltou a ter destaque em Hollywood dez anos depois na série Mr. Robot.

Enfim, com um elenco decente e inspirado em uma franquia de jogos bastante aclamada, o filme Alone in the Dark tinha tudo para dar certo como um filme de terror.

No entanto, nas mãos de Uwe Boll, qualquer história pode virar uma porcaria. Por isso, Alone in the Dark não é somente um dos piores filmes baseados em jogos, mas, sobretudo, um dos piores filmes de todos os tempos.

Por outro lado, Uwe Boll defende com unhas e dentes a qualidade dos seus filmes, ou melhor, defende com os punhos. O filme está disponível completo no YouTube dublado em português. Clique aqui caso você tenha estomâgo.

Nota no Rotten Tomatoes: 1%

“Boll Indomável”

Após o tsunami de críticas negativas aos seus filmes, Uwe Boll adotou uma postura que podemos chamar de não convencional.

Uwe Boll, um dos piores diretores de cinema da história.

Em 2006, sua produtora lançou uma nota a imprensa anunciando algo bastante inusitado. Boll iria desafiar os cinco críticos que pegaram mais pesado com os seus filmes em uma partida de boxe de 10 rounds.

O diretor também chamou para o braço outros cineastas, como Quentin Tarantino e Roger Avary.

O processo para se qualificar para competir no ringue contra o diretor era centrado em críticos que escreveram duas resenhas extremamente negativas de filmes de Uwe Boll em sites, jornais ou revistas.

Rich Kyanka, que escreveu uma crítica sobre Alone in the Dark, revelou ter sido convidado por Boll para ser o primeiro desafiante. O evento atraiu tanta atenção da mídia que um site de apostas decidiu ser patrocinador.

Esse patrocinador nomeou o evento de “Raging Boll”, um trocadilho com o filme “Raging Bull”, estrelado por Robert De Niro que retrata a vida de um dos maiores boxeadores da história. No Brasil, o filme recebeu o título de “Touro Indomável”.

A competição de boxe aconteceu em setembro de 2006, contando com outros críticos além de Rich Kyanka, que perderam para Boll em todos os confrontos.

Uma das lutas do “Raging Boll”

O evento é considerado como um dos momentos mais bizarros do jornalismo de cultura pop. Alías, o Raging Boll é tão digno de ser considerado uma produção de Uwe Boll quanto os seus péssimos filmes.

As imagens das lutas aparecem no filme Postal, de 2006, outra produção de Boll baseada em um dos jogos mais controversos de todos os tempos, que, obviamente, também foi um fracasso.

Menções honrosas a outros filmes baseados em jogos que foram um fracasso

Um clássico dos fracassos que não podia ficar sem aparecer por aqui.

O que mais existe por aí são filmes baseados em jogos que se tornaram um fracasso. Mas como essa lista conta com apenas seis adaptações, muitas outras péssimas obras ficaram de fora.

Este é o momento para mencionar outras produções horríveis, que talvez sejam até piores que os filmes listados no quesito qualidade.

A filmografia de Uwe Boll deveria ter mais destaque nesta lista, portanto, precisamos nos lembrar de Far Cry, House of The Dead, Em Nome do Rei, Postal e as sequências de BloodRayne e Alone in the Dark, que são tão ruins quanto os filmes da lista.

As adaptações de Silent Hill, Wing Commander, Hitman, Street Fighter — principalmente Street Fighter: A Lenda de Chun-Li — são outros exemplos de péssimos filmes baseados em jogos que foram um fracasso. Também há a adaptação de Tekken, que você provavelmente não conhece e o meu conselho é: não pesquise sobre.

A franquia Resident Evil, embora divida a opinião de muita gente, ficou de fora porque os filmes arrecadaram bastante em bilheteria. Outro filme que deixamos de lado foi a adaptação de Assassin’s Creed estrelada por Michael Fassbender.

Esses filmes serão abordados em outra lista, que será muito mais difícil de fazer do que esta. A próxima lista será sobre os filmes baseados em jogos que foram um sucesso, algo mais raro que a nota de 200 reais.

Conclusão: Por quê os filmes baseados em jogos costumam ser um fracasso?

A história da criação de filmes baseados em jogos pode servir com uma resposta para o fato dessas obras se tornarem um fracasso em termos de bilheteria e crítica.

Como mencionado no início do texto, a aproximação de Hollywood da indústria dos games teve um contexto predatório.

Além disso, nos anos 1980,  similarmente aos filmes baseados em HQs, os filmes baseados em jogos receberam uma má reputação. Essa má reputação surgiu pela qualidade e pelas reações negativas tanto por parte dos críticos quantos dos fãs dos jogos.

A ‘culpa’ disso são as dificuldades em adaptar uma mídia que baseia seu consumo de modo interativo, como são os jogos, em uma experiência linear de cinema.

Portanto, a razão para o fracasso de filmes baseados em jogos é que a conversão da estrutura dos jogos para o formato dos filmes pode ser um desafio extremo para os cineastas. O caso de Double Dragon, que listamos aqui, é um exemplo desse tipo de desafio.

O criador das franquias Mario e Zelda, Shiegru Miyamoto — praticamente uma das maiores lendas da indústria —, afirmou em entrevista que grande parte do problema dos filmes é que a estrutura que torna um jogo com uma boa obra é bem diferente da estrutura responsável por produzir um bom filme.

“Filmes são uma mídia muito mais passiva, pois o filme está lhe contando uma história e você, enquanto expectador, está relaxando e recebendo a história passivamente. Os jogos de videogame, em contrapartida, são uma mídia muito mais ativa, na qual você joga junto com a história. Para mim, os jogos de videogame, como um todo, possuem um fluxo muito simples em termos do que irá acontecer no jogo. Nós desenvolvemos esse fluxo que entretêm ao implementar diferentes elementos no jogos para manter o jogador entretido. Filmes, no entanto, possuem histórias, ou fluxos, muito mais complexos, mas os elementos que afetam esses fluxos possuem maiores limitações. Portanto, eu acredito que devido à grande variação desses elementos nessas duas mídias diferentes, os problemas acontecem quando você deixa de considerar tal variação”, afirmou Miyamoto.

Posteriormente, em 2015, Miyamoto ressaltou esse argumento, enfatizando a passividade dos filmes ao contrário dos jogos, o que, para ele, significa que as mídias são bastante diferentes.

Pesquisas acadêmicas sobre a representação dos videogames no cimena de Hollywood sempre abordam vários problemas presentes nas adaptações dos jogos e de suas narrativas.

Esses problemas incluem a forma como os filmes apresentam a interação de hardware e software com o corpo humano (exemplo: cena FPS de DOOM), como exibir funções diferentemente em jogos e em filmes e como a relação entre narração e impacto emocional difere dependendo da mídia.

Além disso, pesquisadores como Jenkins citam o contraste entre perspectivas subjetivas e de primeira pessoa em filmes e games, bem como a construção narrativa de franquias convergem, ou divergem, em filmes e jogos.

Por isso, os filmes baseados em jogos costumam estar em listas de piores filmes da história, pois a dificuldade em ser fiel ao material de inspiração gera resultados como as obras que listamos aqui.

Fonte: Encyclopedia of Video Games: The Culture, Technology, and Art of Gaming

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