Dia 15 de Maio, a AMD lançou a quarta geração do Athlon, que mudou de nome, visando ser considerado um concorrente direto do Pentium 4. Mas, afinal, quais foram as evoluções feitas no processador, além do “4” no final do nome?
Na verdade, o nome Athlon 4, além das questões de Marketing, realmente faz sentido, pois o Palomino é realmente a quarta geração do Athlon, veja:
1º Geração: Athlon de 0.25 mícron com 512 KB de cache externo (K7)
2º Geração: Athlon de 0.18 mícron com 512 KB de cache externo (K75)
3º Geração: Athlon Thunderbird
4º Geração: Athlon Palomino
Realmente, desde a primeira versão do Athlon, que ainda vinha no antigo formato Slot A, foram feitos vários avanços, não apenas em termos de arquitetura, mas também em termos de desempenho. Um Athlon Thunderbird de 1.0 GHz por exemplo, é muito mais rápido que um Athlon K75 antigo, também de 1.0 GHz.
Para entender a arquitetura do Athlon, assim como a diferença entre as três primeiras gerações, leia as duas análises anteriores que publiquei sobre o tema:
https://www.hardware.com.br/analises/athlon-detalhes/
Que fala sobre os Athlons K7 e K75 e:
https://www.hardware.com.br/analises/athlon-thunderbird/
Esta análise se baseia nas informações fornecidas pela AMD junto com o lançamento da primeira versão do Palomino, para notebooks. O lançamento das versões para micros de mesa está prevista apenas para Agosto, quando poderemos publicar uma análise mais completa do novo processador.
Quando o Pentium 4 foi lançado, houve quase que um consenso de que apesar do Pentium 4 existir em versões operando a frequências muito altas, o desempenho do processador, deixava um pouco a desejar, principalmente levando-se o preço do P4 na época do lançamento. Porém, conforme novos aplicativos e testes foram surgindo, incorporando otimizações para o Pentium 4, os resultados obtidos com ele começaram a melhorar um pouco. Alem do mais, o Pentium 4 já não é tão caro assim, nos EUA, um Pentium 4 de 1.7 GHz, já custa apenas 50% mais caro que um Pentium III de 1.0 GHz, comparando o preço apenas dos processadores, não de uma configuração completa.
Outro fato que deve ser levado em consideração, é que o Pentium III Tualatin, também está prestes a ser lançado. Apesar de não trazer melhorias em relação ao Pentium III atual, o Tualatin será produzido usando-se uma técnica de 0.13 mícron, o que significa versões mais rápidas, acima de 1.2 GHz, e possivelmente preços mais baixos, combinados com um consumo elétrico mais baixo, fator que vem ganhando cada vez mais peso atualmente.
O Athlon Thunderbird por sua vez, assim como o Duron, apresentam um desempenho muito bom, e tem um preço bastante atrativo. Ambos permitem ainda bons overclocks Porém, uma desvantagem da plataforma, é que ambos consomem muito mais eletricidade que processadores Pentium III e Celeron da mesma freqüência. Isto traz como efeito colateral, também um aquecimento muito maior, o que obriga o usuário a usar um cooler mais poderoso, quase sempre mais caro e mais barulhento.
A principal vantagem do Palomino, que vem sendo enfatizada pela AMD desde que o projeto começou a ser divulgado, são uma série de melhorias que reduziram o consumo elétrico e dissipação térmica do processador, cerca de 20% em comparação com um Thunderbird da mesma freqüência, segundo divulgado pela AMD.
O desempenho também melhorou, nada muito gritante, apenas de 3 a 16% dependendo do aplicativo, novamente segundo informações da AMD. Veremos as mudanças com mais detalhes logo a seguir.
Começando pelas mudanças estéticas, o que mais chama a atenção, é a mudança no ângulo do núcleo do processador, veja que no Palomino houve um giro de 90 graus. Também houve mudanças nos bridges do processador, os contatos que permitem destravar o multiplicador do processador para fazer overclock. O Palomino tem mais contatos, por isso é possível que nele os contatos a serem fechados sejam diferentes.


Em termos de arquitetura, as mudanças foram as seguintes:
O SSE não é mais exclusividade do Pentium III e 4, a AMD acrescentou novas 52 instruções, que permitem uma compatibilidade parcial com as instruções SSE do Pentium III, que são 70 no total. Sabe-se que várias destas instruções são diferentes das encontradas no SSE do Pentium III, por isso pode ser que apesar de em menor número, as instruções do Athlon tenham uma eficiência parecida. De qualquer modo, mesmo uma implementação parcial, já deve melhorar um pouco o desempenho do Athlon nos aplicativos otimizados para o SSE, diminuindo a vantagem do Pentium III, nos poucos aplicativos onde ele ainda se sai melhor. Não deixa de ser uma estratégia interessante da AMD, esperaram a Intel investir rios de dinheiro para popularizar o SSE, para pegar carona na onda, sem gastar nada.
Falta ainda a compatibilidade com o SSE2 do Pentium 4, o que só deve ser implementado no AMD ClawHammer, o primeiro processador de 64 bits destinado ao mercado doméstico, que deve ser lançado em 2002.
Com o reforço, o 3D-Now! passou a chamar-se 3D-Now! Professional.
O PowerNow! foi originalmente implantado nos processadores K6-2 e K6-3 destinados a notebooks. É um recurso de economia de energia, que permite alternar a freqüência de operação do processador conforme o nível de utilização.
Ao digitar um texto no Word, a freqüência do processador cai para 200, 150 MHz, ao assistir um filme em DVD, a freqüência aumenta instantaneamente para 400, 500 MHz, o quanto for necessário, enquanto ao rodar um aplicativo que use toda a potência do processador, ao compactar um vídeo por exemplo, ele automaticamente passa a trabalhar na potência máxima.
As mudanças são feitas em questão de nanossegundos, sendo completamente transparentes.
Apesar de ser mais útil em notebooks, o PowerNow! também será suportado pelas versões desktop do Palomino, o que não deixa de ser uma boa notícia, pois diminui o consumo elétrico do processador em média em 30%, o que faz diferença em tempos de racionamento de energia.
O Pentium 4 tem um sistema parecido, mas nele existem apenas duas frequências possíveis, 100% ou 50% do clock. O PowerNow! é sem dúvida mais eficiente.
Você já deve ter ouvido boatos sobre processadores Athlon que se queimaram depois de pouco tempo de uso. Boa parte destas histórias são verdadeiras. Muitos mondadores, acostumados a usar coolers baratos, cometem o erro de utilizar os famosos coolers de 10 reais em micros com Athlons de 1.0, 1.13 GHz. O Athlon Thunderbird aquece muito, algumas versões dissipam acima de 60 Watts de calor, é muita coisa. Para manter o processador numa temperatura aceitável é preciso realmente um bom cooler.
Usando um Paraguai, o processador se aquece muito além da capacidade de dissipação do cooler, superaquece e trava, como já seria de se esperar. Porém, como os Athlons Thunderbird não tem proteção térmica, nada que os desligue ao atingir uma temperatura limite, como temos nos processadores Intel, alguns processadores realmente chegam a queimar. Ignorância do montador, que acaba custando caro.
Uma boa notícia, é que o Palomino incorporou um diodo térmico, capaz de prevenir este tipo de acidente. Ao atingir uma certa temperatura, o PowerNow! é ativado, diminuindo a freqüência do processador, até que a temperatura atinja níveis seguros.
A temperatura limite é definida no Setup, não é fixa. Provavelmente a maioria das placas permita até mesmo desabilitar o recurso, o que claro, não é desejável na maioria dos casos.
O Data Prefetch é um recurso que permite carregar os dados de que o processador precisará para concluir suas próximas instruções. Mesmo operando na mesma freqüência do processador, sempre existe alguma perda de tempo ao se acessar o cache L1, o Data Prefetch diminui o número de acessos necessários, trazendo um pequeno ganho de desempenho.
Outro pequeno avanço é um aumento nos endereços disponíveis no TLB (Translation Lookaside Buffer). O TLB é uma pequena área de memória que armazena os endereços necessários para que o processador possa buscar dados na memória RAM, caso os mesmos não sejam encontrados nos caches. O processador não tem como armazenar diretamente todos os endereços da memória RAM, pois são realmente muitos. Ao invés disso, são armazenados apenas os mais usados.
O problema é quando o processador precisa acessar um dado qualquer na memória RAM, cujo endereço não está carregado no TLB. Perde-se uma verdadeira eternidade, pois primeiro será preciso carregar o endereço, para só depois fazer o já lento acesso à memória.
O aumento no número de endereços disponíveis no TLB diminui a possibilidade destas “tragédias”, permitindo mais um pequeno ganho de desempenho.
A soma destas pequenas melhorias, traz alguns ganhos perceptíveis. Com o Palomino, a AMD estará mais bem preparada para manter a concorrência que tanto vem beneficiando os consumidores. O Palomino é uma resposta direta às altas frequências alcançadas pelo Pentium 4, pois agora a AMD tem em mãos um processador também capaz de alcançar 1.6, possivelmente até 1.8 GHz. O melhor de tudo é que, ao contrário do Pentium 4, não houve perdas de desempenho em algumas áreas. Apesar da diferença não ser gritante, um Palomino sempre será um pouco mais rápido que um Athlon Thunderbird da mesma freqüência, e esquentará menos.
Resta esperar até Agosto, quando o Palomino para micos de mesa será finalmente lançado. As versões anunciadas agora em Maio são versões destinadas a notebooks, com um preço salgadíssimo.
Até lá a AMD deverá lançar também o chipset 760MP, que permitirá o aparecimento das primeiras placas mãe dual para o Athlon. Se um Athlon já é bom, imagine dois 🙂