Abrindo a caixa preta

O F610 tem apenas três parafusos, os três na parte inferior. Um deles é fechado por uma etiqueta de garantia da X-Micro (aqui ele já está sem). Naturalmente, você perde a garantia ao abrir.

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Além dos parafusos, existem duas presilhas que prendem as três partes da carcaça. É preciso ter calma para conseguir desencaixá-las sem quebrar.

Aqui temos a parte inferior, coberta pela bateria:

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As baterias li-Ion modernas suportam cerca de 500 recargas e tem uma vida útil de cerca de 3 anos. É impossível dizer qual a vida útil exata de qualquer bateria, pois existem variações nas tecnologias e no nível de pureza da matéria prima, mas podemos dizer confortavelmente que, dependendo do regime do uso, a bateria interna do F610 deve durar de 2 a 3 anos, ou um pouco mais com um pouco de sorte.

Pela foto, você pode ver que a data de fabricação da bateria é 02/09/2006. Recebi o MP4 para o teste agora em novembro/2006, de forma que o tempo entre a fabricação e a entrega foi muito curto. Isto é bom, pois as baterias li-ion se degradam com o tempo. O relógio começa a correr assim que ela é fabricada, de forma que um aparelho que ficasse 1 ano na loja já chegaria às suas mãos com uma bateria consideravelmente degradada.

O F610 usa uma bateria li-Ion de 530 mAh e 3.6V, que é ligada à placa por dois fios. Ela é relativamente fácil de substituir, desde que você consiga encontrar outra igual. Note que os circuitos reguladores fazem parte da própria bateria (e não da placa). O circuito regulador é justamente o que torna a as baterias li-Ion seguras. É ele que impões limites na hora de carregar e descarregar a bateria, sem ele, a bateria explodiria ao ser carregada e/ou seria inutilizada ao ser descarregada.

Fazendo as contas, uma bateria de 530 mAh e 3.6V possui uma capacidade de 1.900 miliwatts, que no F610 são suficientes para mais de 17 horas de MP3. Isso significa que (com tela colorida e tudo) ele consome pouco mais de 0.1 watt de energia ao decodificar áudio em MP3, uma boa marca :).

Como todas as células li-Ion fornecem 3.6V você poderia, em teoria, substituir a bateria por outra bateria baseada numa única célula. Note que neste caso você precisaria de uma bateria completa (talvez uma bateria de celular). Não tente usar uma célula avulsa, sem o circuito regulador.

Aqui temos a placa principal, já com a bateria fora do caminho. Veja que foi utilizado um design bem denso, priorizando a redução do espaço:

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Aqui temos a parte superior do player, já completamente desmontado. Note que a parte frontal inclui apenas a tela, o microfone (o pontinho no topo da tela) e os botões do direcional:

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Você pode ver pela foto anterior que o F610 utiliza um design bastante enxuto, com apenas três chips.

O chip principal é um Sigmatel STMP3510. Este chip é na verdade um system on-a-chip, ou seja, um chip que inclui diversos componentes diferentes, formando um sistema completo. Basicamente, com exceção do transmissor FM e da memória, o STMP3510 acumula todas as funções do MP4 Player, incluindo até mesmo o monitoramento e a carga da bateria.

Ele inclui um controlador USB 2.0 (high-speed), que trabalha dentro da faixa teórica de 480 MB/s. Ou seja, a velocidade de leitura e gravação ao ligar o MP4 ao PC é limitada apenas pela velocidade do chip de memória. No caso do F610 ela fica em torno de 7 MB para leitura e 4 MB para gravação. Neste quesito ele perde para o iPod Nano e para a maioria dos pendrives de fabricação recente, mas ganha por uma boa margem dos MP3 players mais baratos.

Outra curiosidade é que (assim como na grande maioria dos MP3 players), o F610 não possui um chip de memória reservado para armazenar o firmware do sistema. Ao invés disso, é usada uma área protegida da memória de armazenamento. Como esta área fica inacessível por meios normais, você não precisa se preocupar em apagar o firmware ao reformatar o player. A área do firmware fica acessível apenas para programas especiais, que permitem regravar ou modificar o firmware. Quando falo em “firmware”, entenda que estou me referindo ao sistema operacional do MP4. Quando falamos em dispositivos embarcados, quase sempre nos referimos ao software como “firmware” e não “sistema” ou “sistema operacional”.

Este diagrama, retirado de um dos manuais de referência da Sigmatel, mostra as funções exercidas por ele. Para quem já estudou eletrônica, ver um único chip que desempenha todas estas funções é algo espantoso :).

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Outra curiosidade é que o STMP351 é irmão do STMP3550, o chip usado no iPod Shuffle. Ambos os chips oferecem as mesmas funções, usam a mesma pinagem e encapsulamento e trabalham aos mesmos a 75 MHz. O STMP3550 custa US$ 1 mais caro, mas fora isso não consegui descobrir nenhuma diferença entre os dois.

Como é o STMP3510/3550 o responsável por toda a decodificação do áudio e conversão digital/analógica, não existiria em teoria nenhuma diferença entre a qualidade de áudio entre o F610 e o Shuffle, o que é uma boa notícia, já que os iPods são bem mais caros :).

Os MP3 players mais baratos (chamados genericamente de S1 Mp3 players) são baseados no chip ATJ2085. Ele é um chip bem mais simples, que oferece uma qualidade de áudio inferior.

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Os S1 Mp3 Players são produzidos por diversos fabricantes e em diferentes formatos, mas os componentes usados são basicamente os mesmos. O formato mais comum é aquele “pendrive agigantado”, mas existem outros quadradinhos, redondos, etc. Entretanto, ao desmontar, você encontra o mesmo chip ATJ2085.

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Voltando ao X-micro F610, temos soldado à placa um único chip de memória da Samsung. Uma curiosidade para quem gosta de eletrônica é que, nos modelos de 512 MB ou 1 GB, é possível fazer um upgrade de memória instalando um segundo chip sobre o primeiro. Este link mostra em detalhes:

http://wiki.s1mp3.org/index.php/How_to_add/change_a_memory_chip

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Obviamente, você perde a garantia só por abrir o player (o que dizer de tentar instalar um segundo chip de memória 😉 de forma que o risco da empreitada é todo seu.

Outra curiosidade com relação à memória (neste caso não relacionado ao F610), é que estão aparecendo no mercado diversos players “adulterados”, onde o firmware é alterado para que a quantidade de memória seja reportada incorretamente.

Usando o truque, um player de 128 MB se “transforma” num de 1 GB, um de 256 MB “vira” um de 2 GB e assim por diante. Por causa da alteração no firmware, player realmente “pensa” que tem 1 ou 2 GB de memória, e informa a capacidade incorretamente ao sistema quando plugado na porta USB. Se você tenta gravar 1 GB de músicas, elas realmente serão gravadas sem erro.

Porém, na hora de ouvir, você só conseguirá ouvir as primeiras, gravadas até o 119° ou 247° MB (você perde 9 MBs ao formatar, o que é normal). A partir daí, você tem um “format error” ou algum erro similar.

O pobre comprador resolve então reformatar o player, ou mesmo experimentar regravar o firmware. O player passa então a informar a memória corretamente, ou seja, 128 ou 256 MB. O comprador acha então que o problema foi na formatação ou na mudança do firmware e muitas vezes deixa de reclamar com quem lhe vendeu o aparelho.

Quando você ver alguém reclamando nos fóruns que formatou o MP3 e perdeu 7/8 da capacidade, pode ter certeza de que se trata disto.

Infelizmente este golpe está se tornando bastante comum, sobretudo nos modelos mais mais baratos, por isso é sempre bom ficar de olhos abertos ao comprar um MP3 ou MP4 player, principalmente se o preço estiver abaixo do normal.

Voltando (de novo 😉 ao F610, o terceiro chip instalado na placa é Philips TEAE5767, que é responsável pelo sintonizador de rádio FM. A antena do rádio não aparece nas fotos, pois está escondida dentro do encapsulamento da tela.

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A sintonia dos canais é feita automaticamente. Uma função na interface localiza todas estações disponíveis e você escolhe direto entre elas, sem precisar ficar procurando manualmente. A qualidade da recepção da antena é muito boa, principalmente se considerarmos seu tamanho.

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