Gimp 2.8 – Preparando terreno para a versão 3.

Gimp 2.8 – Preparando terreno para a versão 3.
Como já havaianos lido na notícia GIMP 2.7.3 apresenta nova interface em janela única, a versão de testes do Gimp 2.7.3 prepara o caminho para a versão estável 2.8 que nos preparará para a versão 3 do Gimp o qual iniciará uma nova era de desenvolvimento do Gimp, não só visualmente, mais o time de desenvolvedores tem buscado soluções para alguns desafios que foram aparecendo com a popularização e o crescimento do software, há algum tempo eu fui há uma palestra do nosso querido amigo João Bueno que é do time de desenvolvedores do Gimp e ele citou algumas mudanças bem expressivas, tanto na estrutura do Gimp, do novo “motor” de renderização de imagens que já está sendo incorporado nessas versões que precedem a 3, quanto no foco e na necessidade de alguma evolução em alguns recursos já existentes.

A analise vai destacar algumas novas e significativas mudanças na interface, nas ferramentas e nos motores que renderizam as imagens, haverá uma mudança brutal também nesses aspectos para as futuras versões do Gimp, mais antes eu preparei com a colaboração do nosso grande João Sebastião de Oliveira Bueno o “JS” uma pequena entrevista que ele gentilmente nos concedeu para falar um pouco sobre os focos e as novidades nos bastidores do Gimp e de seu desenvolvimento.

HW – Olá João!! Fale-nos um pouco sobre você e como começou contribuir n desenvolvimento do Gimp:

João Bueno – Boa tarde Luciano!

Então, eu já havia “comprado a ideia” de Software Livre e já usava um deskto livre há alguns anos. Também, sempre havia gostado de programas de desenho e de manipulação de imagens. No ambiente Linux, usava o GIMP com frequência. Então me ocorreu que eu deveria começar a tentar contribuir com algum dos programas que eu usava. Baixei o código do GIMP, e comecei a olhar o mesmo não era difícil encontrar o código responsável por alguma funcionalidade. Me integrei a lista de discussão por e-mail do projeto (em geral existe para qualquer projeto), e comecei a participar com minhas ideias.

Na mesma época, a tradução do GIMP estava parada, num intervalo entre duas versões estáveis do GIMP – sendo que a tradução existente tinha alguns erros típicos de quando se faz uma tradução “em massa” sem ter usado o programa apenas visualizando o texto a ser traduzido. Então, entendi como funcionava o mecanismo de tradução e passei a mantê-la para as versões estáveis.

HW – O Gimp está prestes a atingir a versão 2.8 que marca uma nova era dentro do desenvolvimento dele, fale-nos um pouco dessas mudanças, tanto na estrutura do software quanto nos rumos que a equipe de desenvolvedores tem tomado.

João Bueno – Não sei se é correto dizer que a versão 2.8 marca uma nova era ela é um desenvolvimento evolutivo em relação à versão 2.6 (o número 2.7 corresponde as versões instáveis, de desenvolvimento contamos o 2.6 e o 2.8 como estáveis). No entanto, de fato, dentro do que temos no GIMP 2, o 2.8 vai vir com muitas novidades. Grupos de Camadas, dinâmica de pinceis, que permite mapear variáveis como direção e velocidade de pintura a parâmetros como cor e espessura do traço, controles de seleção de valores reescritos, novas ferramentas em suma bastante coisa mesmo. Para o público que hesita em usar o GIMP, ou se sente desconfortável, talvez a mudança mais significativa seja a opção de usar a interface toda em uma única janela as várias janelas de encaixe podem ser acopladas à janela principal do programa, e a imagem ativa é selecionada através de um sistema de abas.

Por dentro, esta será a última versão antes de partirmos para o “GIMP 3” este sim, uma nova etapa.

No entanto, para responder a questão da equipe: hoje o GIMP conta com poucos colaboradores. Não há hoje,e nunca houve, colaboradores em tempo integral todos desenvolvem como voluntários em seu tempo de lazer. Eu mesmo tenho conseguido contribuir muito pouco nos últimos anos. Então, todas essas mudanças vão tomar muito tempo, apesar de já estarem delineadas por que há bastante trabalho ser feito, quando é dividido só entre o time de contribuidores atuais. Mais pessoas podem vir a contribuir com o programa, estudando o código e participando da lista começando com a resolução de pequenos defeitos, e gradualmente se tornando aptos a colaborarem nessas grandes mudanças. Se isso não acontecer, o horizonte para as modificações necessárias para a versão 3 do programa está uns 3 ou 4 anos no futuro ainda.

HW – Se não me engano, você avia mencionado que o grupo de desenvolvedores iriam dividir seu foco em dois aspectos, o da API e outra iria se concentrar na mudança do motor de renderizar a imagem, fale mais sobre isso:

João Bueno – Acho que quando comentei isso com você, estava me referindo justamente ao desenvolvimento do GIMP e da GEGL (Generic Graphics Library). Falo mais sobre a GEGL junto com os comentários sobre a futura versão 3 do programa. De fato, ao longo dos últimos anos, o desenvolvimento da GEGL atraiu mais “gente nova” do que o GIMP a parte da interface é mais difícil de se desenvolver, enquanto que o núcleo da GEGL, envolve vários aspectos teóricos e resultados que são mensuráveis em tempo de execução. Enquanto que a interface em si depende de um desenvolvimento, retorno dos usuários, aperfeiçoamento um ciclo bem mais complexo.

O interessante também sobre a GEGL é que sendo um componente desenvolvido a parte, ela pode ser utilizada em outros projetos tanto de computação gráfica cientifica, quanto outros aplicativos de imagens. O aplicativo MyPaint é um que muito provavelmente também incorporará a GEGL como seu “motor”.

HW – Depois do lançamento do Gimp 2.8 o que esperar para as futuras versão, como a 3.0 por exemplo?

João Bueno – O programa será revisto para utilizar a versão 3.x do GTK – a biblioteca multiplataforma responsável por desenhar todos os controles e menus do programa. Mas sobretudo, toda a manipulação interna de imagens passará a ser feita pela GEGL (Generic Graphics Library) a biblioteca que há anos vem sendo mantida para ser o novo “coração” do GIMP. Com essa alteração, acabará o limite atual de 8 bits de cor por canal (isso é, no máximo 256 tons de cinza, ou de cada cor primaria nas imagens) – todas as imagens serão representadas internamente com 32bits em ponto flutuante por canal de cor – isso dá uma precisão de tonalidades milhões de vezes superior à atual. A maior parte dos programas comerciais atuais trabalha com 16 bits de cor por canal, como inteiros com essa alteração o GIMP passa a ter uma precisão muito maior. No entanto esse aumento de precisão não é perceptível em todas os usos do programa se a relação fosse tão direta, o GIMP na versão atual praticamente não teria uso nenhum.

No entanto, em operações complexas envolvendo a manipulação de fotografias com baixa luminosidade, ou alto contraste ou que envolvam várias transformações consecutivas nas cores, essas diferenças se tornam manifestas.

Posteriormente, em versões ainda futuras, como a 3.2, o uso a GEGL permitirá que as operações de edição de imagem no GIMP sejam “não destrutivas” ou seja, o programa vai se comportar quase como se fosse um aplicativo de desenhos vetorial, em que cada pincelada pode ser controlada como um objeto separado. Você poderá aplicar um filtro, compor dezenas de outras etapas na edição da imagem, e alterar os parâmetros do filtro inicial novamente sem precisar refazer todo o trabalho, ou alterar as configuração de pincel para um traço em meio a muitos em uma área desenhada com pincel, e assim por diante.

HW – Como você acha que esta correndo a adoção do Gimp por profissionais e como você acha que as novidades terá impacto sobre esse publico:

João Bueno – Então os softwares gráficos livres em geral são pouco visíveis para esse público. Há um círculo de pessoas que aprendem programas na faculdade, usam cópias piratas em casa, publicações e livros voltados para o aplicativo que se tornou o monopolista na área de edição de imagens. Um círculo que é muito difícil de quebrar ou ser atenuado. Apenas com eventos locais, com ênfase em demonstrações para profissionais da área, o GIMP e outros softwares livres correlatos como o Inkscape e Blender podem paulatinamente ganhar mais visibilidade.

O GIMP hoje está aquém das capacidades de edição do Photoshop – embora o programa, se bem compreendido permite um uso mais rápido e eficiente para manipulação de imagens.

De mais imediato, na versão 2.8, a funcionalidade de “janela única” poderá contribuir para superar alguns preconceitos existente talvez mais pessoas venham a experimentar o programa uma vez que essa característica esteja numa versão estável.

Coma s funcionalidades a serem incorporadas na linha 3.x do GIMP, ele vai recuperar o terreno perdido em relação ao que é “possível” fazer mas para mais profissionais passarem a usar o GIMP, mesmo que em paralelo com outras ferramentas, ainda há um longo caminho.

Há planos de se desenvolver um sistema online para instalação de filtros e efeitos, e é possível que isso crie um ambiente bastante atrativo que permita que mais e mais usuários experimentem plug-ins que estão bem além de qualquer coisa existente hoje esses plug-ins já existem, mas sua instalação exige o download e instalação a parte, o que é uma barreira para muitos usuários.

HW – João muito obrigado, gostaria que você dissesse aqui como as pessoas podem colaborar com o Gimp e onde elas devem ir se estiverem interessadas em contribuir no desenvolvimento ou tradução e para finalizar gostaria que você desse alguma dica de leitura ou material para quem quer conhecer o Gimp e trabalhar com essa ferramenta.

João Bueno – O mais importante de tudo é: saber se virar em inglês na internet não precisa saber “bem” mas precisa conseguir ler o que os outros escrevem, mesmo que com auxilio de tradutor, e conseguir expressar suas ideias, ainda que minimamente. Ai, há várias formas de se aproximar do “eco sistema” de desenvolvimento através da página gimp.org As listras de discussão por e-mail talvez sejam o método mais formal. A forma mais direta seria participar das salsa de bate papo no IRC em particular o canal #GIMP em irc.gimp.net e , claro, explorar o código fonte que também pode ser obtido a partir de www.gimp.org.

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