Chipset e outros componentes

Existem rumores cada vez mais fortes de que a VIA está prestes a abandonar o mercado de chipsets, ou então a deixar de produzir chipsets para processadores Intel e AMD e passar a se dedicar apenas a chipsets para seus processadores C7.

Três sinais claros que apóiam a idéia são:

  • A VIA não lança um chipset atualizado para processadores Intel a quase dois anos.
  • Ela não licenciou o uso do FSB 1333MHz, passo necessário para produzir chipsets que ofereçam suporte à processadores que utilizam bus de 333 MHz.
  • A VIA ainda não renovou o acordo de licenciamento para a produção de chipsets para placas soquete 775, que vence em abril de 2008. Sem renovar o acordo, a VIA precisará descontinuar toda a sua linha de chipsets para processadores Intel.

Estes sinais são bastante claros, de forma que se a VIA não lançar um chipset atualizado ou não renovar os acordos de licenciamento nos próximos meses, é bem provável que a P5VD2-X acabe se revelando uma das últimas placas a utilizar um chipset VIA.

Com o crescimento dos boatos relacionados à VIA, a SiS se apressou em renovar seus acordos de licenciamento, de forma a afastar qualquer especulação. Pelo menos pelos próximos anos, podemos contar que os chipsets SiS continuarão presentes nas placas de baixo custo.

A ATI, por sua vez, foi comprada pela AMD como bem sabe e por isso é extremamente improvável que volte a produzir chipsets para placas Intel. Com a provável saída da VIA, acabamos perdendo dois dos principais fabricantes de chipsets Intel no mesmo ano.

Isso nos deixa com a Intel e a nVidia lutando pela supremacia e a SiS mantendo sua postura histórica de oferecer chipsets de baixo custo e qualidade condizente. Nos resta torcer para que a falta de concorrência não prejudique o lançamento de chipsets aprimorados, nem resulte em uma subida de preços.

Não é de hoje que a VIA troca pedradas jurídicas com a Intel em torno da produção de chipsets, mas sem dúvidas os anos de batalhas legais e o prejuízo para a reputação da empresa e a deterioração das relações com os fabricantes de placas (que obviamente não querem ter a Intel como inimiga) acabaram miniando a disposição da VIA em repetir a dose.

Tudo começou com a batalha jurídica em torno da licença sobre o barramento utilizado pelo Pentium 4, que durou até Abril de 2003.

Desde o Pentium II, todos os fabricantes de chipsets pagam royalties à Intel por cada chipset vendido. Em outras palavras, além de lucrar com a venda dos processadores e as vendas de seus próprios chipsets, a Intel lucra também com as vendas de chipsets dos concorrentes.

A VIA contestou o pagamento da licença, mas no final acabou cedendo, já que a pendenga judicial assustava os fabricantes de placas, que deixavam de comprar chipsets da VIA, com medo de serem processados pela Intel. Entre 2002 e 2003 a VIA chegou a vender placas sob sua própria marca, como uma forma de tentar preservar sua participação no mercado.

A primeira geração de chipsets foi baseada no VIA Apollo P4X266, que suportava memórias DDR-200 e DDR-266 (além de memórias SDRAM), até 4 GB de memória, AGP 4X e era compatível com a geração inicial de processadores Pentium 4 e Celerons com bus de 400 MHz.

Nos anos seguintes, o P4X266 recebeu diversas atualizações. A primeira foi o P4X266A, que trouxe melhorias no acesso à memória, seguida pelo P4M266, que incorporou um chipset de vídeo ProSavage e finalmente o P4X266E que trouxe suporte à segunda geração de processadores, que utilizavam bus de 533, além de passar a utilizar o chip VT8235 como ponte sul, que incluía suporte a USB 2.0 e ATA-133.

A segunda geração é composta pelos chipsets Apollo P4X400, P4X400A e P4X533. Como o nome sugere, os dois primeiros suportavam bus de 400 MHz, enquanto o P4X533 é a versão atualizada, com suporte a bus de 533 MHz. Eles utilizam uma versão atualizada do barramento V-Link (que interliga a ponte norte e sul do chipset), que passou a trabalhar a 533 MB/s, além de passarem a suportar memórias DDR-333 e AGP 8X.

Finalmente, temos os chipsets PT800 e PM800, que incluem suporte aos processadores Pentium 4 com core Prescott e a memórias DDR-400. Ambos utilizam o VT8237 como ponte sul e incluem o suporte a AGP 8X e outros recursos. A principal diferença entre os dois é que o P4M800 inclui um chipset de vídeo VIA Unicrome Pro e por isso é mais comum em placas de baixo custo.

Finalmente, temos a linha atual (e talvez a última), composta pelos chipsets PT890 e P4M890. A principal diferença entre eles e os antecessores é o suporte ao barramento PCI Express.
fig6
Apesar de originalmente terem sido desenvolvidos para uso em conjunto com o Pentium 4, ambos os chipsets oferecem também suporte aos processadores Core 2 Duo, já que o barramento utilizado é o mesmo. É necessário apenas que a placa mãe atenda às exigências com relação à alimentação elétrica.

A Asus P5VD2-X é baseada na combinação do VIA PT890 com o VIA VT8237A, utilizado como ponte sul. Aqui temos o diagrama de blocos do chipset:
fig7
O VIA PT890 é um projeto antigo e a maior parte das limitações da Asus P5VD2-X são resultado das limitações do chipset. Se o PT890 fosse um carro, ele seria um Fiat Uno: um projeto antigo, de baixo custo, que foi recebendo pequenas atualizações com a passagem do tempo e graças a isso sobrevive até os dias de hoje.

A primeira limitação é a presença de apenas duas portas SATA 150, complementadas por duas portas IDE ATA/133.

Antigamente, oferecer duas portas IDE era importante, já que os HDs IDE eram os mais comuns, mas, hoje em dia, os HDs IDE são cada vez mais raros e mais caros que os SATA, de forma que as portas IDE acaba sendo usadas apenas para a conexão do gravador e de HDs IDE trazidos de upgrades anteriores. Algumas pessoas realmente precisam de duas portas IDE, mas a maioria já pode perfeitamente sobreviver com apenas uma.

A carência de portas SATA, por sua vez, é um tema mais grave, já que é cada vez mais comum o uso de mais de dois HDs. Para amenizar o problema, a Asus completou as duas portas oferecidas pelo chipset com mais duas portas SATA 300, usando um controlador JMicron JMB363:
fig8
Assim como na M2V, uma das portas é posicionada próxima ao painel traseiro e a segunda foi transformada em uma porta External SATA, presente no painel ATX. Por mais ultrapassado que possa soar, a P5VD2-X inclui também uma porta paralela e uma porta serial, importantes para alguns:
fig9
O maior problema com este design é que temos dois pares de portas RAID separadas, sem integração entre sí. Ambas as controladoras oferecem suporte a RAID, mas apenas dentro de cada par. Ou seja, você pode criar um array entre dois HDs instalados nas duas portas frontais, ou entre o HD instalado na terceira porta e a porta external SATA. Não é possível criar um array com mais de dois discos a não ser via software, usando os utilitários incluídos no Linux ou Windows.

Diferente da Asus M2V (e outras placas), onde é usado um controlador Marvell 88SE6121 e as portas SATA extra não podem ser usadas para dar boot, na P5VD2-X as duas portas adicionais são bootáveis, de forma que você pode perfeitamente instalar o HD principal na terceira porta (SATA 300), deixando as duas portas frontais (SATA 150) para uso de HDs secundários.

Mais uma limitação do VIA PT890 é o uso de uma simples interface de rede 10/100, que é ultrapassada para os padrões atuais. A VIA oferece a “Velocity Gigabit Ethernet”, um chipset gigabit que pode ser integrado à placa, substituindo o chipset 10/100, mas a Asus optou por utilizar um controlador Realtek RTL8110SC (também gigabit) no lugar dele:
fig10
Outra placa similar, mas baseada no chipset VIA P4M890 é a P5VD2-MX. O “M” a mais no nome faz toda a diferença, já que está uma placa micro-ATX, com vídeo onboard e rede 10/100:
fig11
O VIA PT890 é um chipset claramente ultrapassado. O motivo da Asus e outros fabricantes continuarem utilizando-o em algumas placas é simplesmente o fato da VIA não ter chipsets mais atualizados para oferecer.

A P5VD2-X possui uma boa construção e os “upgrades” feitos pela Asus, com a inclusão do controlador SATA JMicron e o chipset de rede gigabit amenizam algumas das limitações do chipset, sem entretanto eliminar o problema principal que é o fraco controlador de memória e o suporte a apenas 4 GB de memória RAM.

Devido ao chipset, o desempenho é inferior ao de placas como a P5N32 ou a P5WD2, baseadas em chipsets nForce ou Intel 9xx, sem falar da nova safra de placas baseadas no Bearlake.

O mérito da P5VD2-X é o fato de ser uma placa de baixo custo. Ela poderia ser combinada com um Celeron D ou mesmo Pentium D e alguma placa 3D de baixo custo para montar um PC destinado a jogos leves e uso geral, mas não seria aconselhável ao montar uma máquina mais parruda. Considere a compra apenas em casos onde a diferença de preço em relação às placas baseadas em chipsets nVidia ou Intel for considerável.

O maior risco em comprar uma placa baseada em um chipset VIA hoje em dia é o risco da empresa encerrar definitivamente a produção de chipsets e deixar de disponibilizar atualizações de drivers. A P5VD2 já inclui drivers para o Vista, como seria de se esperar, mas drivers atualizados são sempre importantes.

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