ANÁLISE: headset HyperX Cloud Orbit

ANÁLISE: headset HyperX Cloud Orbit

Já testei no Hardware.com.br alguns dos headsets produzidos pela HyperX ao longo desses 6 anos que a divisão da Kingston investe nesse segmento. Em praticamente todos que tive contato bati na tecla que a companhia buscou ser um pouco diferente do que comumente vemos na grande maioria dos fones para gamers. A HyperX tem uma pegada mais calcada em entregar uma experiência de som realmente satisfatória e equilibrada aliada a um design mais discreto.

Todos esses modelos que testei também carregam outra característica: o uso de drivers dinâmicos – a abordagem mais usual no mercado de fones. No entanto, em 2019, a HyperX promoveu o que é provavelmente a mudança mais radical e importante em seu portfólio, a aposta em drivers planar-magnético, falaremos mais sobre eles adiante, mas já adiantando, o Cloud Orbit e o Orbit S, modelos da HyperX que oferecem tal característica, elevam o patamar dos produtos da empresa em termos de áudio.

Ambos foram demonstrados pela primeira vez no Brasil em outubro do ano passado, durante a BGS 2019, e a HyperX nos enviou para análise o modelo Cloud Orbit. Comparado ao Orbit S, este modelo não entrega o rastreamento do posicionamento da cabeça do usuário, uma forma de entregar um som posicional mais aprimorado. Tirando esse recurso, ambos são idênticos, fazem uso dos drivers planar- magnéticos de 100mm da Audeze, conta com uma tecnologia de virtualização de 7,1 canais e podem ser utilizados tanto por cabo USB quanto por P2. O Orbit e o Orbit S oferecem compatibilidade com dispositivos móveis, PC, e consoles.

Confira abaixo  as nossas impressões com o HyperX Cloud Orbit.

Design e conteúdo da embalagem

O primeiro fone lançado pela HyperX, lá em 2014, o Cloud, foi uma parceria entre a divisão da Kingston e a Qpad, uma marca que conta com um portfólio de produtos bem variado, de headsets a mouses e teclado – mesma situação da HyperX atualmente.

O primeiro Cloud teve como base o Qpad QH-85 Pro, e com o Cloud Orbit (e o Orbit S), a HyperX aposta numa nova parceria, não com a Qpad, mas com uma marca ainda mais responsa no mercado de áudio, a Audeze, que já provou que é ousada, além de ser a primeira a lançar um fone in-ear com driver planar- magnéticos a empresa norte-americana também foi a primeira a empregar essa tecnologia num headset voltado ao público gamer, o sempre bem falado pela crítica, Mobius, que, adivinha, é a base do Cloud Orbit e Orbit S.

O Cloud Orbit carrega o mesmo design, e drivers presentes no badalado fone da Audeze. Com esse produto, seguindo um projeto que é reconhecido como uma sumidade no universo de headsets para o público gamer, a HyperX tenta aproximar os jogadores de uma experiência que está mais para o lado audiófilo da força.

Seguindo o design do Mobius, o Cloud Orbit é um headset circumaural fechado, com o logo da HyperX em cada um das conchas auditivas giratórias, porém ele é mas discreto que o próprio modelo da Audeze, já que no caso do Mobius há versões com alguns detalhes nas cores cobre e azul.

O modelo da HyperX segue o esquema preto, cinza e branco.  Em uma das conchas você encontra o botão que liga o fone (situação que é irritante em muitas horas, vou explicar mais pra frente o por quê) e uma chave seletora para mutar o microfone, que é destacável e conta com um pop filter.

Sua estrutura é basicamente formada por um plástico rígido, o material até passa uma sensação de robustez ao fone, mas é inevitável não achar que para um modelo topo de linha faltou um certo capricho, não diria que ele passa a sensação de um fone de baixo custo, longe disso, mas também não está alinhado com seu posicionamento de preço e tecnologias embarcadas.

Outra crítica em relação ao que o Cloud Orbit entrega em termos de construção, e nesse ponto terei que ser um pouco mais enfático, é seu acabamento emborrachado. Essa é uma das piores coisas que um fone pode ter, num primeiro contato você não notará nada de estranho, mas a ação do tempo fará com que o fone ganhe uma cara de produto passado, sem vida. Eu simplesmente abomino acabamento emborrachado em fones.

As conchas auditivas são forradas com courino e contam com a tecnologia Memory Foam, isso significa que ao decorrer do uso há uma espécie de adaptabilidade, o que favorece o conforto. Infelizmente o Cloud Orbit não conta com nenhum outro par de espumas na embalagem.

Na parte inferior esquerda e interna da haste que recobre a cabeça há o logo da Audeze e da tecnologia NX, desenvolvido pela Waves. Essa tecnologia promete entregar um nível de espacialidade de som bem mais aprimorado, além de mais inteligente, com o rastreamento em tempo real, disponível somente na versão Orbit S. No topo interno do arco há outra almofada de courino (também com Memory Foam), e na parte externa, o logotipo da HyperX.

Na parte inferior da concha esquerda você encontra uma fileira de botões e conectores. Há o botão que ativa o som 3D, isto é, o modo virtualizado de áudio (que funciona apenas quando você ativa o perfil de uso 7.1 canais), conector para o microfone, conector USB Tipo-C, e rodas de ajustes de volume, uma que controla o áudio do fone e outro somente para o microfone.

Ajustes podem ser realizados diretamente por software, ou pelos próprios controles do fone, ao pressionar, por exemplo, a roda de ajuste do microfone você alterna entre os três modos de funcionamento do Cloud Orbit – 7.1 canais, estéreo (2 canais) ou áudio HD (Hi-Res). A cada troca você escuta uma voz feminina que confirma o novo padrão de ajuste.

O Cloud Orbit é confortável, mas também pesado (368g), pode ser que você se sinta incomodado após algumas horas de uso contínuo, lembrando que fones planar-magnéticos são mais pesados que os dinâmicos, o LCD-2, que também é da Audeze, pesa 498g.

O conteúdo da embalagem inclui, além do Cloud Orbit, o microfone removível, um cabo de 3,5mm com 1,2m de comprimento, um cabo USB Tipo-C com 1,5m, um cabo USB Tipo A de 3 metros, uma bolsa de transporte e um manual.

Na embalagem do Cloud Orbit está estampada a informação que ele tem 10 horas de autonomia de bateria, mas,é bom frisar que, diferentemente do Audeze Mobius, tanto o Orbit quanto o Orbit S não contam com Bluetooth, a bateria interna é para “empurrar” corretamente o funcionamento dos drivers planar- magnéticos, quando você está utilizando-o por cabo de 3,5mm. Quando o uso for por USB, a bateria já é carregada automaticamente.

Desempenho

Vamos agora para o que mais importa. Como que o Cloud Orbit se sai. Bom, todas as críticas que fiz em relação ao acabamento meio que são esquecidas momentaneamente, enquanto você está desfrutando curtindo sua música ou jogo, já que a qualidade de som entregue é simplesmente arrebatadora.

Esse é o primeiro fone planar-magnético que tive contato, realmente é um salto absurdo em detalhamento e graves comparado aos que utilizam transdutores dinâmicos, encontrados na maioria das opções no mercado.

Não sei se é o seu caso, mas muitos que irão ler essa análise provavelmente também ainda não tiveram contato com um fone planar, e pode ser que alguns nem saibam do que se trata, portanto, cabe aqui uma rápida explicação, mas ela não virá de mim, fiz questão de transcrever a definição que o Leonardo Drummond, responsável pelo site Mind The Headphone, e proprietário da marca de fones Kuba, colocou em seu Guia Mind The Headphone, um material muito interessante para quem quer conhecer um pouco mais sobre conceitos do universo dos fones de ouvido.

Leonardo Explica que os drivers planar- magnéticos funcionam como um meio termo entre os dinâmicos e os eletrostáticos. Eles garantem o “corpo” dos dinâmicos, porém com mais peso, extensão e autoridade nos graves – visto que, assim como os eletrostáticos, movem um filme por toda sua área – e uma transparência e capacidade de resolução mais próxima dos eletrostáticos.

“Os transdutores planar-magnéticos utilizam o arranjo dos eletrostáticos com os princípios magnéticos dos dinâmicos. Ao invés de eletrodos, eles possuem faixas de ímãs, que criam um campo magnético isodinâmico, e ao invés de filmes revestidos com material condutivo, apresentam um diafragma (filme) atrelado a serpentinas de condutores elétricos. O sinal elétrico de áudio é passado pelos condutores, criando um campo magnético que interage com o campo magnético isodinâmico criado pelos imãs. Dessa forma, o filme se movimenta para frente e para trás, movimentando o ar”

Além de fazer uso de drivers planar-magnéticos, o Cloud Orbit utiliza os drivers da Audeze, que vem estudando e aprimorando essa tecnologia com base em soluções proprietárias, como o uso de membranas e circuitos pensados pela companhia. A Audeze, assim como a HifiMan são nomes importantes na cena atual de fones baseados em planar-magnéticos, e agora a HyperX traz essa tecnologia para o público gamer.

De longe, em termos de qualidade de som, o Cloud Orbit foi o melhor fone que já ouvi, ele entrega uma resposta de frequência impressionante, uma definição e sensação de espacialidade que realmente impressiona. Seja para assistir filmes, ouvir suas músicas ou curtir seu games, esse fone da HyperX é uma das melhores opções para o público gamer.

Mesmo com a tecnologia de virtualização desligada você já sente uma tremenda sensação de posicionamento, e clareza. Aliás, não sou muito fã de fones com som virtualizado, mas preciso dar o braço a torcer: a tecnologia Waves NX realmente consegue entregar ao jogador uma imersão impressionante.

Em relação à assinatura de som, até por estarmos tratando de um planar, tem uma inclinação para os graves (e que graves, hein? Densos, autoritários), mas nada que suprima o conjunto, gosto também dos agudos, e o médios também não decepcionam.

O microfone não é tão magistral quanto o fone, ele apresenta um bom nível de clareza e isolamento, mas não diria que é o melhor encontrado num headset desse segmento.

As configurações do HyperX Cloud Orbit podem ser feitas diretamente pelos botões posicionados diretamente na concha auditiva esquerda, como já havíamos mencionado, e também por software, que é o mesmo utilizado para os ajustes no Audeze Mobius.

Com este software você consegue habilitar algum dos 8 presets de equalização, checar o nível da bateria, atualizar o firmware, ativar ou desativar o efeito 3D e, caso você tenha o Orbit S, realizar toda a configuração do rastreamento da cabeça, que, de acordo com a HyperX, rastreia os movimentos da cabeça cerca de 1000 vezes por segundo, oferecendo a exata localização de som. Não pude testar essa tecnologia, já que recebemos o Orbit, mas acredito que ela realmente faça sentido apenas para quem irá aliar o fone com uma experiência em realidade virtual.

Na parte inicial dessa análise comentei que há uma coisa irritante em relação ao botão de liga e desliga do fone.O fato de você conectá-lo na USB não liga o fone, é necessário em todas as vezes apertar o bendito botão, por muitas vezes você acaba esquecendo disso, conecta o fone, abre sua música ou jogo e está sem som, é aí que lembra que novamente tem que pressionar o botão para que ele seja ligado. É apenas um detalhe, mas é chato.

Especificações

  • Marca: HyperX
  • Modelo: Cloud Orbit (HX-HSCO-GM/WW)
  • Tipo: circumaural, fechado
  • Drivers: planar-magnéticos da Audeze de 100mm
  • Resposta de frequência: 10Hz–50.000Hz
  • Nível de pressão sonora: >120 d
  • T.H.D.: < 0.1% (1kHz, 1mW)
  • Microfone: padrão polar Unidirecional
  • Bateria: autonomia de 10 horas de uso para o modo em 3,5mm.

Pontos positivos

  • Qualidade de som simplesmente absurda
  • Virtualização bem competente
  • Design discreto

Pontos negativos

  • Acabamento emborrachado
  • Sem Bluetooth
  • A construção poderia ser mais caprichada

Veredito

O fato da HyperX ter se aliado a Audezze para colocar o Cloud Orbit e o Orbit S no mercado foi um tremendo acerto, em termos de qualidade de som estamos diante de um dos melhores produtos já lançados para o público gamer, ele entrega a autoridade e a clareza que irá elevar a sua experiência a um outro patamar. Até a virtualização de canais de áudio, que é sempre um aspecto que eu não curto, achei muito bem empregado neste fone, é um complemento que vale a pena.

Evidentemente que ele está longe de ser perfeito, o acabamento emborrachado e a construção como um todo não passa a sensação de um produto tão imponente quanto ele quer ser classificado, mas, no geral, o Cloud Orbit acerta bem mais do que erra.

Também é importante mencionar a questão do preço no Brasil. O Cloud Orbit é um fone para poucos, custa na faixa dos R$ 1.600. O preço é elevado, mas não diria que é um absurdo ou um total exagero, é preciso reforçar que esse é um fone planar-magnético, eles são realmente mais caros, o Orbit, assim como o HiFi Man Sundara, são opções custo x benefício do segmento dos planares.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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