Configurando um servidor de e-mails

Tradicionalmente, o Sendmail é o servidor de e-mails mais conhecido, não apenas no Linux, mas nos sistemas Unix em geral. Ele é um dos mais antigos (disponível desde 1982, mais de uma década antes da popularização da Internet) e foi a opção padrão de 9 em cada 10 administradores de sistemas durante muito tempo.

Apesar disso, o uso do Sendmail vem decaindo de forma estável de uma década para cá. As queixas podem ser resumidas a duas questões fundamentais. A primeira é o brutal número de opções e recursos disponíveis, que tornam a configuração bastante complexa e trabalhosa. Muitos administradores da velha guarda gostam da complexidade, mas a menos que você pretenda dedicar sua via à arte de manter servidores Sendmail, ela acaba sendo um grande problema.

A segunda questão é o histórico de vulnerabilidades do Sendmail que, na melhor das hipóteses, pode ser definido como “muito ruim”. É verdade que nos últimos anos as coisas melhoraram bastante, mas as cicatrizes do passado ainda incomodam.

O concorrente mais antigo do Sendmail é o Exim, que oferece um conjunto bastante equilibrado de recursos, boa performance e um bom histórico de segurança. O EXIM é o MTA usado por padrão no Debian, ele é instalado automaticamente como dependência ao instalar pacotes que necessitem de um servidor de e-mails, mas pode ser rapidamente substituído pelo Postfix ou o Sendmail via apt-get, caso desejado.

O Qmail é uma escolha mais complicada. Quando foi lançado, em 1997, o Qmail trouxe várias inovações e um design bastante simples e limpo, com ênfase na segurança, o que o tornou rapidamente uma opção bastante popular.

Entretanto, o Qmail possui dois graves problemas. Ele foi abandonado pelo autor em 1998, depois do lançamento da versão 1.03 e, embora o código fonte seja aberto, a licença de uso impede a redistribuição de versões modificadas, embora seja permitido disponibilizar patches.

Ao longo dos anos, surgiram várias iniciativas de atualizações do Qmail, onde o código original é distribuído junto com um conjunto de patches com atualizações. Para instalar, você precisa primeiro aplicar cada um dos patches, para em seguida poder compilar e instalar o Qmail. Dois dos projetos mais populares são o http://qmail.org/netqmail/ e o http://www.qmailrocks.org/.

Embora o Qmail ainda possua uma legião de seguidores fiéis, a limitação imposta pela licença acaba sendo um grande empecilho para quem deseja utilizá-lo e representa uma grande ameaça à manteneabilidade dos patches a longo prazo, já que as alterações em relação ao código original tornam-se cada vez mais complexas e difíceis de aplicar, com a disponibilização de patches para patches que já são patches para outros patches.. ;).

Finalmente, temos o Postfix. Ele é uma espécie de meio termo entre a simplicidade do Qmail e a fartura de recursos do Exim. Entre os três, ele é o mais rápido e o mais simples de configurar, o que faz com que ele seja atualmente o mais popular e o que possui mais documentação disponível. O Postfix também possui um excelente histórico de segurança, sendo considerado por muitos tão seguro quanto o Qmail.

Existem fortes motivos para não usar o Sendmail ou o Qmail em novas instalações, mas temos uma boa briga entre o Postfix e o Exim. Escolhi abordar o Postfix aqui simplesmente por que, entre os dois, ele é mais popular, o que torna mais simples encontrar documentação e conseguir ajuda quando tiver dúvidas.

Apesar disso, a maior parte dos conceitos podem ser usados também na configuração do Sendmail e outros servidores; afinal, a configuração de todos eles reserva mais semelhanças que diferenças.

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