Entendendo o Fedora

O ambiente de trabalho do Fedora é bastante similar ao do Ubuntu, já que ambas as distribuições são baseadas no GNOME (e, normalmente, utilizam versões bastante próximas do ambiente) e ambas utilizam o visual clássico, com duas barras.

As versões recentes do Fedora também utilizam o NetworkManager para a configuração da rede e, além dele, você notará que o Fedora possui diversas outras ferramentas em comum com o Ubuntu, o que torna as duas distribuições ainda mais parecidas na superfície. Isso acontece por que a maioria destes utilitários, incluindo o próprio NetworkManager, foram originalmente desenvolvidos pelas equipes do Red Hat e do Fedora e a partir daí incorporados em outras distribuições que utilizam o GNOME, incluindo aí o próprio Ubuntu.

Mesmo que você não use o Fedora, tem muito a agradecer aos desenvolvedores, já que muitas das inovações que são hoje usadas em outras distribuições para adicionar recursos ou facilitar a nossa vida, foram criadas ou aperfeiçoadas graças ao trabalho deles.

Isso mostra como, apesar de não possuir uma base de usuários tão grande, o Fedora é uma distribuição bastante importante para o crescimento do sistema, servindo como um celeiro para o desenvolvimento de muitos dos componentes que mais tarde são incorporados em outras distribuições.

Uma das principais características do Fedora é o frenético ritmo das atualizações. O sistema não é apenas atualizado a cada seis meses, mas inclui sempre um conjunto formidavelmente atualizado de pacotes. Naturalmente, isso também tem seu preço, já que usar as versões mais recentes de cada software implica em ter acesso também a todos os bugs e problemas.

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Um bom exemplo são os problemas recorrentes com a instalação dos drivers da nVidia, causada pela inclusão de versões muito recentes do X.org, com as quais o driver ainda não é compatível. Em outras distribuições, os desenvolvedores optariam por fazer o downgrade da versão do X.org, para preservar a compatibilidade, mas no caso do Fedora a decisão é a de incluir a última versão, do X.org, custe o que custar.

Se você quer apenas um desktop estável, que você possa utilizar por muito tempo, instalando apenas correções de segurança e pequenas atualizações, o Ubuntu LTS ou o Debian estável seriam opções mais recomendáveis. Entretanto, se você gosta de fortes emoções, não tem medo de problemas e quer ter acesso a novas versões dos pacotes e novos recursos antes que eles estejam disponíveis em outras distribuições, então o Fedora é para você.

Além das versões oficiais, o Fedora possui também uma versão instável, o Rawhide, que serve como um campo de provas para todas as atualizações e mudanças que farão parte da próxima versão. O Rawhide tem como única pretensão oferecer as versões de desenvolvimento dos pacotes, sem nenhuma garantia de estabilidade e nem mesmo de preservação dos dados.

Não é impossível, por exemplo, que uma atualização nos módulos dos sistemas de arquivos cause perda de dados por exemplo. Devido a isso, os próprios desenvolvedores brincam dizendo “Rawhide eat children” (Rawhide devora criancinhas), levando as reclamações na esportiva. A recomendação geral é que você o use em um segundo PC ou dentro de uma VM, nunca em seu micro principal.

Embora o Fedora seja seja uma excelente distribuição, o esforço em lançar o sistema em intervalos regulares, “custe o que custar”, tem feito com que muitas das versões sejam lançados com muitos bugs relacionados aos pacotes desktop, o que ao longo dos anos afugentou muitos dos usuários, erodindo a popularidade do sistema.

Paradoxalmente, o Fedora é uma das distribuições mais usadas em servidores, sobretudo em serviços de hospedagem. O principal motivo é que os pacotes relacionados a servidores recebem mais atenção e são sempre muito melhor testados. Parte deste enfoque tem origem na própria Red Hat, que contribui de maneira ativa com o Fedora, mas prioriza o desenvolvimento das funções relacionadas a servidores, que são posteriormente incluídas no red Hat Enterprise Server, que é surpreendentemente popular em servidores corporativos.

Os pacotes do GNOME e dos demais aplicativos desktop são primariamente mantidos por voluntários, um esforço que depende de contribuições e reports de bugs por parte dos usuários. Embora o sistema de colaboração seja bem organizado e os desenvolvedores sejam bastante competentes, ele carece da “força bruta” de uma comunidade maior (como no caso do Ubuntu), o que acaba fazendo com que muitos problemas passem despercebidos e precisem ser corrigidos através de atualizações depois que a versão oficial já foi lançada.

Quando os problemas são finalmente corrigidos, os desenvolvedores começam novamente o rápido ciclo de atualizações, incluindo uma longa lista de recursos experimentais e recomeçando o interminável processo de quebra e reparo. Definitivamente, não é para os fracos de espírito. 🙂

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