John McAfee: todos os nossos dispositivos móveis foram desenvolvidos, do começo ao fim, para coletar informações sobre nós

John McAfee: todos os nossos dispositivos móveis foram desenvolvidos, do começo ao fim, para coletar informações sobre nós

Discutir sobre a privacidade nos tempos de hoje nunca é demais, quanto mais somos rodeados por novos dispositivos mais aumenta a sensação que somos vigiados, esse tipo de vigilância acontece de casos mais brandos como coleta de dados para aprimoramento de serviços ou melhores recomendações de anúncios a casos mais extremos como por exemplo toda a parafernália de táticas que a NSA e outras agências utilizam para pavimentar a vigilância global, e o mais incrível é que muitas pessoas ainda acreditam que tudo isso é mera ficção!

Em entrevista ao TecMundo, o polêmico e excêntrico Jonh McAfee, programador escocês criador do antivírus McAfee e ativo pesquisador no ramo da segurança, utilizou todo seu jeitão característico para alertar em que situação nos encontramos atualmente em relação a segurança. Pra começo de conversa, McAfee não acredita em segurança, seja ela digital ou de qualquer outro tipo: “por exemplo, um assaltante entra na sua casa e tem uma arma apontada para a sua cabeça; existe algum botão mágico que você aperta e a polícia magicamente aparece? A polícia se mexe após um chamado e tenta determinar quem é o criminoso. Então, segurança é uma ilusão. Realmente é uma ilusão. Quando um governo diz que tenta lhe manter seguro, o que ele realmente quer dizer é: nós tentamos lhe controlar.”

Agora quando se trata de segurança em relação aos nossos dispositivos, o programador que inclusive é candidato à presidência dos Estados Unidos e está sendo acusado de estupro, tortura e homicídio, é ainda mais enfático: Não, não há segurança. E a razão de que não há segurança é que todos os nossos dispositivos móveis foram desenvolvidos, do começo ao fim, para coletar informações sobre nós. Informação é o novo dinheiro.

“Todos os smartphones são desenvolvidos para aplicações que sabem onde você está, para quem você está ligando, quanto tempo você usa o smartphone, quem são os seus contatos, aplicações que leem as suas mensagens e os seus emails. Quando você baixa um aplicativo, você precisa selecionar “Sim/Aceito” para aceitar todas essas condições. Mas ninguém realmente lê essas condições, ninguém presta atenção.”

Essa questão de não haver segurança e que informação é o novo dinheiro é algo totalmente visível hoje em dia, grandes corporações como Google e Facebook que além de outras coisas vendem espaços para anúncios, aumentam sua assertividade com base nas informações de seus usuários, coletando e refinando dados para que cada vez mais o disparo de publicidade acerte o alvo.

Em relação ao caso Apple X FBI, que gerou uma repercussão imensa já que a agência americana simplesmente queria que a Apple criasse um backdoor no iPhone de um terrorista envolvido em um tiroteio em San Bernardino no ano passado, MacAffe diz o seguinte: “Com todo o respeito a Tim Cook e à Apple, mas eu trabalho com a equipe dos melhores hackers do planeta. Eu aposto que podemos quebrar a criptografia do iPhone. Este é um fato puro e simples”, havia dito. Vou, de forma gratuita, descriptografar as informações no telefone com a minha equipe (…) Se vocês aceitarem a minha oferta, não vão precisar pedir à Apple para colocar um backdoor no seu produto, o que será o começo do fim da América”, afirma McAffe.já que de acordo com o FBI era a única forma de desbloquear o aparelho, devido aos avanços da gigante de Cupertino em termos de segurança.

No final das contas, depois de Tim Cook, CEO da Apple, se manter firme na posição de não acatar o pedido, a agência conseguiu desbloquear o aparelho.

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Quando perguntado sobre o que os usuários e empresas poderiam fazer contra essa situação, mais uma vez McAffe foi bem direto “A primeira coisa a fazer é: jogue fora agora o seu smartphone. Jogue fora e compre um celular (nota: um celular, sem ser smartphone, ou seja, sem conexão com a internet). Estou falando sério. Hoje, os smartphones são os espiões pelo mundo. Eles têm uma câmera, eles têm um microfone, eles guardam todas as suas informações e todas essas coisas podem ser hackeadas.”

“Isso significa que outras pessoas podem te observar, te ouvir, ler as suas mensagens e saber todos os detalhes íntimos de sua vida. Veja: eu uso um smartphone, eu sempre lido com ele sabendo que centenas de pessoas estarão me ouvindo. Ou me assistindo. Se você quiser viver assim, tudo bem. Se não, compre um dumbphone, um celular que “não possui um computador dentro”. Um celular que faça ligações, envie mensagens e só.”

“Eu vou a convenções hackers constantemente, cerca de três vezes por mês. Então, por exemplo, eu tenho um amigo que tem um chip implantado na mão. Se ele pegar o seu smartphone, no momento em que ele encostar no dispositivo, ele já hackeou o aparelho. São coisas nas quais você não acreditaria. Não há nada privado, não há mais segredos neste mundo digital. E nós temos que nos acostumar com isso ou mudar isso.”

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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