Na tentativa de diminuir os roubos de celulares, Polícia de SP vai facilitar bloqueio do aparelho por código IMEI

Na tentativa de diminuir os roubos de celulares, Polícia de SP vai facilitar bloqueio do aparelho por código IMEI

Ter um celular caro no Brasil é, certamente, um risco. Devido à fraquíssima segurança pública em todo o país, as chances de você ter o seu iPhone, Galaxy, Xperia, Lumia ou qualquer outro smartphone roubado por um meliante qualquer são bem grandes. No estado de São Paulo, por exemplo, o número de roubos só aumentou nos últimos 19 meses. É recorde atrás de recorde! O ano de 2014 terminou com mais de 309 mil casos registrados. O maior da história do estado! Desse total, 16,7% corresponde a roubos de celulares, ou seja, pouco mais de 50 mil casos, pelos meus cálculos. Me corrija se eu estiver errado. Não dá pra negar que é um número significativo.

Por mais que os sistemas operacionais atuais contem com ferramentas de localização do aparelho, nem sempre elas dão certo. Isso por que geralmente elas necessitam que o aparelho esteja ligado e conectado à internet. E a primeira ação que um ladrão toma após roubar um celular é desligar o aparelho. No melhor estilo “se não é meu também não é de mais ninguém” o usuário pode bloquear o aparelho pelo código IMEI, que é uma sequência numérica de 15 caracteres e que serve como um número de série único do aparelho. É relativamente fácil realizar este bloqueio. Após o roubo, basta ir a uma delegacia, fazer o famoso BO (Boletim de Ocorrência) e com o número do BO em mãos, ligar para a sua operadora e solicitar o bloqueio do aparelho pelo código IMEI. Quando roubaram meu iPhone foi relativamente simples efetuar este bloqueio.

No entanto, a Polícia de São Paulo quer facilitar ainda mais este bloqueio, como forma de diminuir o número de roubos de celulares no estado. Ao invés de você mesmo ter de ligar na operadora e solicitar o bloqueio, a polícia é quem fará isso. Na prática será assim: você vai até a delegacia mais próxima para fazer o BO e depois preenche um formulário adicional com informações sobre o celular roubado, dentre elas o número IMEI. Depois a polícia se encarrega de encaminhar esse número à operadora e efetuar o bloqueio.

É fácil encontrar o seu código IMEI. Você pode achá-lo no próprio corpo do celular, geralmente na parte interna da carcaça, escondido sob a bateria. Ou então, caso ele não esteja no corpo do aparelho, ele se encontra na caixa. Mas se você já se desfez da caixa, basta digitar *#06# no seu celular que lhe será enviada uma mensagem com o número IMEI. Daí é só anotar e deixar guardado num lugar de fácil acesso, no Dropbox, num bloco de notas, enfim… onde você achar mais conveniente.

Mas vejo alguns problemas nessa medida. A primeira delas é a confiança na agilidade da polícia em fazer o bloqueio do seu aparelho. Sabemos que ao bloquear um celular pelo código IMEI, ele fica impedido de entrar em qualquer rede de telefonia móvel, em outras palavras, fica incapacitado de fazer e receber chamadas. Se este bloqueio for feito enquanto o aparelho está nas mãos do bandido, ficará mais difícil pra ele revendê-lo. Mas, se a polícia demora demais pra bloquear, o ladrão vende o celular e quem se ferra é o receptor que, na minha opinião, é tão ladrão quanto o assaltante, com a diferença de que ele não vai às ruas em busca de uma vítima em potencial. Porém, o assaltante de verdade continuará em busca de novos celulares para roubar, visto que ele continua conseguindo vender com facilidade.

Outro problema é que trocar o número IMEI por outro válido é relativamente fácil. Uma simples busca no Google por “como trocar imei do celular” retorna 89.500 resultados. Há vários sites que ensinam como fazer o procedimento. E segundo esse artigo da Teleco, há kits que fazem isso automaticamente e que custam em torno de US$ 15.

Vale salientar ainda que o bloqueio pelo código IMEI só impede que o celular se registre em redes das operadoras. Mas ele continua funcionando normalmente. Um iPhone desbloqueado, mesmo sem número IMEI, ainda pode ser usado como câmera, iPod, plataforma de jogos e ainda acessará a internet por conxões Wi-Fi.  E cada vez mais os bandidos estão ficando espertos. Já ouve casos em Sâo Paulo e no Rio de Janeiro que os bandidos pediram também a senha do iCloud, para já desabilitar o Find my iPhone. A solução mais eficaz seria um bloqueio diretamente no hardware, algo que pudesse ser ativado remotamente pelo dono do gadget e que tornasse o smartphone um peso de papel de luxo. Mas, pelo menos que eu saiba, ainda não há nada assim no mercado.

Porém, o que diminuiria e muito o número de roubo de aparelhos celulares seria a conscientização do povo brasileiro. Uma simples busca em sites como Mercado Livre ou um passeio em grandes centros e feiras, revela um número enorme de aparelhos claramente roubados à venda. E se alguém vende é por que tem quem compre. Se as pessoas deixassem de comprar aparelhos roubados, o bandido procuraria outra forma de ganhar dinheiro. Não se esqueça, hoje você pode ser o comprador, mas amanhã você será o fornecedor.

Fonte: Estadão

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