KELIX – Kit Escola Livre

O KELIX, Kit Escola Livre é um remaster do Kurumin, este desenvolvido dentro da Universidade de Passo Fundo – RS, para iniciativas de inclusão digital usando o LTSP.

A Universidade tem cerca de 23.000 alunos e atende a região norte do RS, com 6 campus e diversos projetos de telecentros e um grupo de pesquisa em inclusão digital.

Site do projeto: http://www.kelix.upf.br

Veja uma entrevista com Amilton Martins, mantenedor da distribuição.

GdH – Fale um pouco mais sobre o projeto. De onde surgiu a idéia, e qual é o público alvo.

Amilton Martins – O Kelix – Kit Escola Livre foi desenvolvido por alunos e professores da Universidade de Passo Fundo com o objetivo de atender a demanda de software educacional para o Mutirão pela Inclusão Digital, projeto de filantropia que atende de forma muito objetiva a grupos excluídos da Sociedade da Informação, trazendo através das redes de comunicação uma nova visão de inclusão digital, baseada na criatividade, experimentação e protagonismo. O público alvo são escolas, telecentros, professores, formadores de opinião que de alguma forma fazem a diferença na sociedade civil, melhorando as condições de educação e liberdade de uso (e conseqüentemente criação) de softwares e conhecimento.

GdH – Quais são os principais recursos já incluídos, e o que pretende adicionar para as próximas versões?

Amilton Martins – Desde a primeira versão funcional, buscamos aliar uma distro redonda e bem acabada – nesse caso o Kurumin Linux – ao acesso rápido e simplificado a softwares de cunho educacional onde prevaleça o exercício da inteligência, raciocínio, autoria e não a replicação de práticas comumente realizadas em salas de aula, fugindo das “aulas de informática”. Nesse âmbito, foram adicionados softwares do kdeedu, gnome e outros ambientes independentes que atendam ao requisito de serem “livres e pela liberdade”. No FISL 7.0 encontramos muitos outros softwares feitos por freelancers ou universidades de forma isolada e queremos agregar a um repositório de softwares livres de apoio a educação e iniciativas de inclusão digital.

GdH – Onde ele está sendo usado? Fale um pouco mais sobre o perfil dos usuários atuais.

Amilton Martins – Atualmente temos usuários isolados, professores (entusiastas usando em suas casas e micros) e 4 telecentros usando micros doados para montar laboratórios com o LTSP, além do FISL onde distribuímos 100 mídias para instituições de ensino e interessados em telecentros.

Estamos participando de um projeto do MCT e da Prefeitura Municipal de Passo Fundo onde serão instalados 100 micros com o Kelix para laboratórios de escolas municipais.

GdH – Se alguém pretendesse começar um projeto semelhante hoje, em alguma outra parte do mundo, quais dicas e recomendações você daria a ele?

Amilton Martins – Agregar é a palavra. Existem muitas soluções incompletas, independentes e desconhecidas entre si para resolver o mesmo problema, isso parece ser uma característica na ânsia pelo desenvolvimento de software livre, mas precisamos aprender a colaborar com projetos existentes, unir esforços e quem sabe fazer de 10 meias-soluções pelo menos umas 2 soluções diferentes – pois convergência total é monopólio 🙂 – viva a diversidade, mas é preciso alinhar

projetos e agregar … sempre.

GdH – Se você pudesse voltar no tempo, até a época em que o projeto foi iniciado, existe alguma coisa que faria diferente?

Amilton Martins – Descentralizar algumas tarefas … no mais estamos no caminho e faríamos (aí falo pelo grupo) tudo de novo, quantas vezes for preciso. O mágico é ver o sorriso de quem só tem mais a esperança, isso é milhões de vezes mais gratificante que qualquer retorno financeiro, ver crianças brilharem os olhos me faz lembrar de minha infância e das chances que tive e muitas dessas crianças talvez não tenham, mas estamos trabalhando por isso, para mudar essa realidade.

GdH – Você acredita que as iniciativas de inclusão digital por parte das esferas governamentais estão funcionando? E o que você acredita que deve ser melhorado?

Amilton Martins – De certa forma sim, elas chegam ao finalmente, atendem os excluídos … mas não chegam a incluir.

O problema é que a visão de inclusão digital que temos é dar laboratórios e cursinhos de software. Essa é somente uma fase do processo – a infra-estrutura.

Incluir (conforme o ex-presidente do ITI – Sérgio Amadeu) é um processo de tornar comum o uso de ferramentas tecnológicas e fazer disso a sua condição natural de vivência, como pesquisar e compor documentos para web, criar um blog, comunicar-se por emails com pessoas que jamais viu pessoalmente, fazer parte da cibercultura como membro ativo e criativo da Sociedade da Informação … e disso estamos longe.

Essa é uma questão de falta de acesso sim, mas acesso movido pela cultura de autonomia, de pesquisa e de produção e infelizmente ainda aprendemos na escola a reproduzir e ser passivo.

Estamos no rumo com certeza, mas a passos curtos, falta educação para gerar cultura, para gerar trabalho, para gerar renda, para gerar poder aquisitivo e garantir acesso livre aos recursos de produção e comunicação em rede.

Amilton Martins

Instituto de Ciências Exatas e Geociências

Universidade de Passo Fundo

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