Parâmetros da rede

Continuando, temos a configuração dos parâmetros da rede wireless, que é, afinal, a principal função do ponto de acesso. Normalmente, ela é dividida em duas seções, uma com as configurações mais básicas e uma seção “avançada”, contendo as demais opções. Vamos começar pelas opções comumente encontradas na seção básica:

    SSID: Tudo começa com o SSID, o “nome” da rede, que permite que diferentes pontos de acesso dentro da mesma área de cobertura entendam que fazem parte de redes diferentes. Todo ponto de acesso vem com um SSID padrão, como “Netgear”. É importante modificá-lo (até por uma questão de segurança), já que os SSIDs default são bem conhecidos e a presença de um AP com um deles incentiva ataques, indicando que o dono pode ter deixado-o com as configurações default.

A sigla SSID é abreviação de “Service Set ID”. Muitos fabricantes preferem usar o termo “ESSID” (Extended Service Set ID), de forma que os dois termos acabam sendo usados de forma intercambiável.

    SSID Broadcast: Em seguida temos a opção “SSID Broadcast”, que define se o AP deve divulgar o SSID da rede, permitindo que a rede apareça na lista das redes disponíveis, ou se ele deve esconder a informação, como uma tentativa de tornar a rede mais difícil de detectar e assim desestimular tentativas de acesso não-autorizado.

Como comentei anteriormente, esconder o SSID não é muito efetivo para melhorar a segurança, pois o SSID é incluído nos pacotes transmitidos pelos clientes, de forma que é facilmente descoberto por ferramentas de auditoria, como o Kismet. Esconder o SSID pode ajudar a afastar curiosos, mas não ajuda contra ataques mais elaborados.

    Modo de transmissão: A opção “Mode” (quando disponível) permite definir se o ponto de acesso operará em modo dual, atendendo clientes 802.11b e 802.11g (b and g), ou se ele ficará limitado a um único padrão (g only). No caso dos APs 802.11n, você tem a mesma opção, mas pode escolher entre atender apenas clientes 802.11n ou atender também os 802.11b/g.

Misturar clientes de dois padrões diferentes na mesma rede invariavelmente reduz a velocidade de transmissão pois, devido ao uso do meio de transmissão compartilhado (o ar), o ponto de acesso é forçado a efetivamente reduzir a taxa de transmissão ao atender os clientes mais lentos, o que pode ser um problema grave em redes congestionadas. Se você possui apenas clientes 802.11g, ou apenas 802.11n na rede, manter a compatibilidade com o padrão antigo apenas atrapalha.

A principal dica é que ao atualizar para o 802.11n você pode manter o ponto de acesso antigo, utilizando um SSID diferente e operando em outro canal. Com isso, o AP 802.11n pode ser configurado em modo “n only”, trabalhando sem perda de desempenho.

   Taxa de transmissão: Continuando, temos a opção “Data Rate”, “TX Rate” ou simplesmente “Rate”, que permite especificar uma taxa de transmissão fixa. Por padrão o ponto de acesso varia a taxa de transmissão (opção “Best”, ou “Auto”) conforme a qualidade do sinal, variando (nos pontos de acesso 802.11g) entre 54 megabits e 1 megabit.

Em uma rede doméstica, onde você disponha de boa cobertura em todos os ambientes, travar a taxa de transmissão do ponto de acesso em 54 megabits é uma boa forma de reduzir o alcance efetivo da rede, reduzindo a possibilidade de ataques, já que, como vimos, é muito difícil obter um sinal forte o suficiente para manter uma conexão de 54 megabits à distância. Por outro lado, ao criar um link de longa distância, você pode fixar a velocidade em apenas 1 ou 2 megabits, de forma a tornar o link mais estável, evitando que o ponto de acesso perca tempo tentando negociar taxas de transmissão mais altas, que resultarão em taxas de erro mais elevadas.

    Potência de transmissão: Outra opção que pode ser usada para reduzir o alcance é a “Antenna Transmit Power” (ou “Output Power”), que ajusta a potência usada pelo transmissor. Quando presente, ela permite reduzir a potência de transmissão para até 1/8 do original, limitando drasticamente o alcance do sinal. Esta é a melhor defesa contra ataques, já que sem sinal é impossível invadir a rede em primeiro lugar. O problema é que com um sinal mais fraco a rede fica mais vulnerável a interferências e você passa a ter mais dificuldade em obter um sinal estável nos pontos mais afastados do local, de forma que esta opção não é muito popular.

    Canal: Em seguida temos a configuração do canal. Você pode simplesmente escolher um canal aleatório, testando outro depois caso tenha problemas de interferência, ou fazer um trabalho mais cuidadoso, usando o Netstumbler ou outro detector de redes para verificar quais são os canais usados nas redes próximas e a partir daí escolher a canal mais limpo.

A maioria dos pontos de acesso segue o padrão dos EUA, liberando apenas o uso dos canais de 1 a 11, mas em alguns, você pode escolher o país, o que permite destravar os os canais 12 e 13, permitidos aqui no Brasil. Eles são mais limpos, já que poucas redes os utilizam, mas para usá-los você precisará também de placas com firmwares que permitam o uso dos canais, caso contrário os clientes não conseguirão se conectar à rede.

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