A saga dos netbooks, parte 3: o que define um netbook

A saga dos netbooks, parte 3: o que define um netbook

Com tantos modelos, preços e tamanhos diferentes, a própria distinção entre os netbooks e os notebooks está se tornando menos clara. Em resumo, os netbooks se diferenciam dos notebooks por serem baseados no Atom ou outro processador de baixo consumo (e baixo desempenho), serem mais baratos (no exterior, a faixa de preço da maioria dos netbooks fica entre US$ 300 e US$ 500, enquanto os notebooks começam a partir daí) e serem mais compactos, com telas de 9″ ou 10″ e teclados um pouco menores que o tamanho padrão.

Essas três características fazem com que eles sejam populares entre dois públicos distintos: os que querem portabilidade e os que querem um mini-notebook de baixo custo. Isso explica por que eles se tornaram tão populares, muito embora muitos modelos tenham configurações fracas e sejam desconfortáveis de usar.

Outro argumento de venda a favor dos netbooks são as conexões 3G, já que combinando-os com um modem USB, ou com um smartphone com um plano de dados, eles se tornam uma opção muito prática para acessar os e-mails e executar outras tarefas rápidas. Nesse caso, o peso faz toda a diferença.

Por outro lado, os netbooks possuem dois pontos fracos, que são o fato de serem menos confortáveis de usar e de oferecerem configurações muito mais fracas. Mesmo um notebook de 2004, baseado no Pentium-M ou no Turion supera qualquer netbook baseado no Atom N270 com um pé nas costas. Se você precisa de uma configuração mais parruda, ou se a portabilidade não é uma prioridade, então você vai estar muito melhor servido por um notebook tradicional.

Com duas ou três exceções, os netbooks também se diferenciam por não possuírem drive óptico, o que ajuda a reduzir o peso e o tamanho. Com a queda no preço dos pendrives e cartões de memória, os CDs e DVDs estão perdendo espaço como mídia de armazenamento e, de qualquer maneira, sempre existe a possibilidade de usar o drive de outra máquina através da rede, ou utilizar um drive externo.

Uma dúvida comum é com relação à instalação do sistema operacional, já que eles não possuem unidade óptica. A resposta é o bom e velho pendrive, que acaba se revelando uma opção simples e rápida.

Muitas distribuições, incluindo o Ubuntu e o Fedora, já oferecem utilitários gráficos que permitem gerar um pendrive bootável (no Ubuntu, por exemplo, você usaria o “Sistema > Administração > Create a USB startup disk”) e, para as demais, está disponível o UNetbootin, um pequeno utilitário que permite gerar um pendrive bootável a partir do arquivo ISO do CD:

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Ele possui versões para Linux e para Windows e está disponível no: http://unetbootin.sourceforge.net/

Com relação à instalação de programas e jogos (um problema recorrente nos modelos com o Windows), você pode usar uma destas três opções:

1- Criar um compartilhamento de rede com o drive de outra máquina, deixar a mídia na bandeja e acessá-lo no netbook. Se você tiver uma rede doméstica, essa acaba sendo a opção mais simples.

2- Copiar os arquivos do CD/DVD em um pendrive.

3- No caso de jogos e outras mídias com proteções contra cópias (ou onde você precise deixar a mídia na bandeja para jogar), a melhor opção é extrair a imagem do disco, copiá-la (usando um compartilhamento de rede ou um pendrive) e montá-la no netbook, simulando um disco virtual. No caso do Windows, você pode utilizar o Daemon Tools Lite.

Outra opção é usar um drive de CD externo. Drives de CD USB são quase sempre caros, já que são produtos de nicho, fabricados em pequenas quantidades, entretanto, existe uma solução bem acessível, que é comprar um adaptador 3-em-1, que permite ligar um drive IDE tradicional em uma das portas USB. Além do adaptador propriamente dito, ele deve acompanhar uma fonte com um conector molex, que é ligado diretamente no drive. Isso permite usar qualquer drive IDE que você tenha disponível:

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Estes adaptadores podem ser encontrados facilmente em lojas online ou no Ebay, por de 15 a 25 dólares. Por se tratar de um produto barato, você tem 98% de chance de receber o adaptador diretamente, sem precisar pagar impostos adicionais.

De volta aos netbooks, outra onda crescente é a inclusão de modems 3G em muitos modelos. Dois exemplos da primeira safra são as versões com modem 3G do LG X-110 e do Positivo Mobo 2060, que foram lançados no início de 2009 em parceria com a Vivo.

Em ambos os casos, a Vivo subsidia parte da diferença do preço em relação aos modelos sem o modem 3G e oferece 3 meses de acesso grátis, obviamente com o objetivo de que você assine o serviço depois do período de testes.

O modem 3G não possui componentes em comum com a placa wireless ou outro componentes, por isso o fato de integrar o modem ao netbook não representa redução de custos em relação aos modems 3G USB, por isso do ponto de vista técnico a idéia é ruim, já que você perde a possibilidade de usar o mesmo modem em vários PCs, como no caso dos modems USB.

Entretanto, a inclusão dos modems 3G abre as portas para outro modelo de negócios: a venda de netbooks subsidiados, em conjunto com a assinatura de um plano de dados, que lentamente está se tornando um novo filão para as operadoras.

Salvo os típicos problemas no atendimento e a típica aporrinhação na hora de cancelar o plano, o negócio pode não ser tão ruim assim, já que permite que você converta parte do que vai pagar pela assinatura do plano 3G em um desconto na compra do netbook.

Em quase todos os casos, o chip 3G é instalado em um compartimento escondido sob a bateria, por isso nada impede que você o utilize também em um modem 3G ou em um smartphone quando quiser usar o acesso em outros PCs. Outra possibilidade é simplesmente compartilhar a conexão, usando a placa wireless ou um cabo cross-over.

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Continuando, as telas WXGA (1024×600) se tornaram uma espécie de padrão entre os netbooks, assim como as telas WXGA (1280×800) nos notebooks e não é difícil entender o porquê.

Uma tela de 8.9″ com 1024×600 tem 133 DPI, o que já é bem mais do que uma tela de 14″ com 1280×800, que tem 107 DPI. Em outras palavras, já estamos perto do limite do que pode ser considerado confortável. Como os 1024 pixels de largura permitem navegar confortavelmente (já que a maioria das páginas são otimizadas para monitores de 1024×768) este acabou se tornando o melhor custo-benefício para telas de 8.9 a 10.3 polegadas.

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A HP testou telas de 8.9 com resolução de 1280×768 nas versões iniciais do HP Mini 2133, mas acabou voltando atrás e passando a equipá-lo com telas de 1024×576 nas séries seguintes. Este formato utiliza uma aspecto de 16:9, otimizado para a exibição de vídeos, mas os 24 pixels horizontais a menos fazem falta nas tarefas do dia a dia, tornando a área de trabalho ainda mais apertada. Basta ter em mente que os 24 pixels correspondem à espessura da barra de tarefas.

Outro padrão é o WVGA (800×480), que foi usado no Eee PC original. Além de ser muito desconfortável para navegar, ele faz com que muitos menus apareçam com os botões fora da área da tela, o que torna usar uma distribuição Linux completa, ou mesmo o Windows XP uma tarefa bastante desagradável. Não é à toa que ele desapareceu dos netbooks, muito embora ainda seja utilizado em alguns MIDs, que utilizam telas menores (tipicamente 5.5 ou 6 polegadas).

Diferente dos notebooks, onde as telas com lâmpadas de catodo frio ainda permanecem, quase todos os netbooks utilizam iluminação por LEDs, o que reduz bastante o consumo da tela (na maioria dos modelos ela não consome mais do que três watts, contra os 10 ou 12 watts de um LCD de notebook típico) e elimina o uso do inversor, cuja queima é a principal fonte de defeitos em telas de notebook.

A primeira a usar LEDs foi a Sony, em alguns modelos da linha Vaio. Inicialmente eles eram uma tecnologia de nicho, mas acabaram caindo de preço quando a Intel decidiu adotar o novo sistema no Classmate. Os fabricantes de telas passaram então a investir no aumento da produção (esperando por uma grande demanda) e, quando a Asus decidiu manter o uso no Eee PC, ela se concretizou.

Os outros fabricantes gostaram da idéia (os LEDs simplificam bastante os projetos), o que fez com que a tecnologia se tornasse padrão. É de se esperar que com o empurrão, os LEDs substituam as lâmpadas de catodo frio também nos notebooks.

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