As impressões do XFCE 4.8 e Xubuntu 11.04 no dia-a-dia

As impressões do XFCE 4.8 e Xubuntu 11.04 no dia-a-dia

Não gosta da mudança de paradigma do GNOME 3? Não quer migrar para o KDE 4.X? Não tem uma placa 3D para acompanhar o GNOME 3 e o Unity? Não está afim de encarar a versão 2D desses dois? Existe uma opção esquecida… o XFCE! O XFCE, em sua versão 4.8, está bem maduro, e encontra-se em um estado de ótima usabilidade e bom desenvolvimento, mantendo a organização clássica abandonada pelo GNOME 3; ou seja, você pode continuar em meio aos seus aplicativos GTK.

Possui ótimo visual, grande facilidade na personalização, um ótimo painel de configurações, e não é tão “seco” em opções quanto o GNOME. Além disso, possui um bom conjunto de ferramentas e aplicativos próprios, sendo todos que usei até agora estáveis e eficientes, como o Thunar.

Desktop personalizado no Xubuntu 11.04

O visual do meu Xubuntu “imita” o padrão do GNOME clássico, mas o XFCE pode ser personalizado de várias formas

E em meio a este mundo “bipolar”, dentre usuários que estão chorando porque “serão obrigados a migrarem para o KDE” ou “serão obrigados a mudar seus conceitos com o GNOME 3”, a equipe do Linux Mint havia lançado o Mint XFCE (201104 – enquanto escrevo ainda com XFCE 4.6), também baseado nos repositórios Debian Testing, como a edição LMDE.

O anúncio oficial dizia interessantemente que, com o KDE 4 e o GNOME 3 trazendo mudanças drásticas em seus ambientes, e com o Fluxbox e LXDE se destacando no cenário dos ambientes leves, o XFCE representa uma ótima alternativa para usuários de desktops que estão desejando uma solução cheia de recursos e ao mesmo tempo um tanto mais leve, sem perder produtividade.

Linux Mint XFCE 201104

Isso me instigou a usar o XFCE no dia-a-dia – mas não o Mint, e sim o Xubuntu 11.04 Natty, com o XFCE 4.8.

O XFCE 4.8

O XFCE não é apenas mais um gerenciador gráfico. Diferentemente de outros, e a exemplo de GNOME e KDE, ele possui um conjunto próprio de aplicativos, todos voltados e oferecer ótima usabilidade e menor consumo de recursos que os “concorrentes” do GNOME, além deste próprio. Entretanto, lembro que nada te impede de utilizar outros aplicativos, incluindo os do GNOME.

Desktop personalizado no Xubuntu 11.04, com um menu e o Thunar abertos

Um exemplo é o Thunar para gerenciamento de arquivos, que possui inclusive a ferramenta (que faz falta em outros ambientes) de renomear vários arquivos ao mesmo tempo:

Renomeador de arquivos do Thunar, no XFCE 4.8

É leve, poderoso, prático e flexível: possui recurso de adição de menus de ações personalizadas:

Ações personalizadas no Thunar, no XFCE 4.8

Além disso, a partir da versão 4.8 do XFCE, inclui suporte a navegação em pastas virtuais:

Navegando em pastas remotas, no Thunar, no XFCE 4.8

E também diálogo de cópia de arquivos melhorado:

Diálogo de cópia de arquivos no Thunar, no XFCE 4.8

Contudo, um ponto que ainda é um desejo no Thunar é a visualização em abas. Mas tudo bem, isso a gente supera.

Para visualizar imagens, o padrão é o Ristretto:

Ristretto, no XFCE 4.8

E para gravação de CDs e DVDs, o clássico Xfburn:

Xfburn, no XFCE 4.8

Na reprodução de vídeo (e áudio também) – ainda que dê algumas travadinhas, o plugin do navegador eventualmente deixe de funcionar, e tenha poucas opções – há o Parole:

Parole, no XFCE 4.8

Embora não seja o padrão no Xubuntu (já que é o Firefox), após uma instalação fácil e rápida é possível utilizar o navegador leve Midori, também bolado para o XFCE, que usa o motor WebKit para processamento de imagens:

Midori, no XFCE 4.8

O ambiente ainda conta com vários outros aplicativos próprios, como o dicionário Xfce4 Dictionary, o calendário Orage, o editor de textos simples Mousepad, o compactador de arquivos Xarchiver, o pesquisador de arquivos Catfish, além de outros pequenos programas, como os applets do painel, terminal, capturador de telas, gerenciador da área de trabalho, gerenciador de tarefas, etc. Posso dizer sobriamente que é o XFCE possui um conjunto tão próprio de aplicativos, ou seja, é tão completo, que dispensa o uso de qualquer outra aplicação proveniente do time do GNOME ou KDE.

A versão 4.8, em específico, traz uma maior praticidade e maleabilidade ao ambiente – um grande exemplo é o painel, que foi absurdamente modernizado. Os menus de contexto deles foram alterados, além do editor de applets:

Editor de itens do painel, no XFCE 4.8

… legal, não? E além de agora suportar agora o arrastar e soltar de aplicativos do menu de aplicativos, este último pode agora ser editado com qualquer editor de menus compatível com os padrões freedesktop.org – um exemplo é o Alacarte, que pelo menos por enquanto puxa vários pacotes do GNOME, infelizmente, no Xubuntu.

Um ponto que me chamou muita atenção no XFCE foi seu gerenciador de configurações. Desde a versão 4.6 ele vem sendo trabalhado, e conseguiu atingir um ótimo grau de maturidade na última versão do ambiente. A partir dele, é possível configurar várias áreas do sistema, dispensando o uso de utilitários terceiros, como os do GNOME:

Gerenciador de configurações, no XFCE 4.8

Veja, por exemplo, quatro telas de configuração, como a de configuração de teclado, vídeo, aplicativos de inicialização e composição:

Configurando o teclado, no XFCE 4.8

Configurando o vídeo, no XFCE 4.8

Configurando aplicativos de sessão, no XFCE 4.8

Configurando o composite, no XFCE 4.8

Algumas peculiaridades

O XFCE possui alguns caprichos não explorados – e sim, não estou falando do suporte aos applets do GNOME em seu painel – mas sim de alguns recursos secundários interessantes. E é justamente com relação ao “composite” dele, como visto na tela acima. Este efeito de composição, embora tenha sido novidade na época dos efeitos embutidos outros ambientes, é relativamente antigo no XFCE, e permite efeitos de transparência e sombra sem pesar no sistema, e sem precisar de uma parruda placa 3D!

Veja um exemplo:

Composite, no XFCE 4.8

Há outras características interessantes no XFCE, como o renomeador de arquivos e suporte a ações personalizadas no Thunar, já citados acima, o relatório meteorológico completo no painel, e o “XFCE4 Scheenshoter“, um capturador de telas do XFCE, que é capaz de mandar a tela tirada diretamente para um servidor externo, por exemplo:

Screenshoter, no XFCE 4.8

Além de outras particularidades do XFCE, que você só descobre no dia-a-dia.

O Xubuntu

O Xubuntu, claro, conta com todas as facilidades provenientes do Ubuntu, como a Central de Programas…

Centro de Programas do Ubuntu, no Xubuntu 11.04

… sistema de atualização:

Gerenciador de atualizações, no Xubuntu 11.04

E etc.

Esta é sua tela inicia padrão da versão 11.04, com os ícones Elementary Xubuntu atualizados e novo tema especial, o Graybird, e fonte “Droid” (embora aqui eu tenha deixado a fonte “Ubuntu” como padrão):

Tela inicial padrão do Xubuntu 11.04

O tema Graybird, segundo a equipe, foi desenvolvido para ser mais agradável de se usar no dia-a-dia, sem cores marcantes ou vibrantes, juntamente com um bom polimento para ser melhor apreciado. Ele já traz acabamento perfeito ao gerenciador de janelas do XFCE, e para o visual GTK é baseado no Murrine – ou seja, de praxe consome poucos recursos.

Tela de apresentação do tema Graybird, no Xubuntu 11.04

O Xubuntu, em sua versão 11.04, vem com um conjunto de aplicativos populares, como o Firefox, Pidgin, Abiword+Gnumeric (embora você possa instalar o BrOffice/LibreOffice sem problemas posteriormente), Thunderbird, GIMP, Transmission, etc. Sou um pouco contra o Xubuntu ainda vir com o GNOME Office por padrão, até porque a distro não é mais voltada a micros de baixo processamento, lacuna ocupada pelo Lubuntu, mas sim para micros medianos e pessoas que não querem as inovações do GNOME 3 e Unity – por mim, poderia vir perfeitamente o BrOffice/LibreOffice. Mas como já disse, nada que não dê para instalar depois.

Ah, o novo reprodutor de músicas é o Gmusicbrowser, com menor número de dependências e mais leve. Não usei ele exaustivamente porque prefiro o Exaile para meu tipo de uso, mas biblioteca de música é algo muito específico ao gosto da pessoa. Ele tem uma interface bacana e muitos recursos:

Gmusicbrowser, no Xubuntu 11.04

… e ele (no Xubuntu) oferece suprote ao plugin indicador do Ubuntu ‘convencional’:

Plugin Indicator, no Xubuntu 11.04

O Xubuntu, em suma é uma distribuição que, ao meu ver, a partir da versão 10.04, está se tornando muito caprichada, atingindo o seu maior patamar nesta, a 11.04. Isso inclui todo o polimento do sistema, seja pela seleção de pacotes, definição de configurações padrão, layout da área de trabalho, organização dos aplicativos, elaboração de tema próprio, personalização do slideshow durante a instalação, etc. Pode até ter uma coisa ou outra de defeito, como a falta de um editor próprio de menu – mas em meus testes no dia-a-dia, não houve qualquer reclamação primária de minha pessoa. O XFCE, como seu ciclo de desenvolvimento de basicamente 2 anos denuncia, parece focar na produtividade através principalmente da estabilidade e do polimento do sistema.

Lembra da restruturação do painel no XFCE 4.8? Um exemplo disso é que, quando atualizei meu Xubuntu do 10.10 para o 11.04, ao iniciar pela primeira vez o XFCE 4.8, o sistema me mostrou um diálogo dizendo algo mais ou menos assim: “Bem vindo ao XFCE 4.8. Note que você atualizou para esta versão a partir da 4.6. Os arquivos de configuração do painel do XFCE 4.8 agora são organizados de maneira diferente, devido à reformulações feitas no painel. O que você deseja fazer? | Migrar as configurações atuais | Usar as configurações padrão do XFCE | Criar um painel em branco |”

O último item restante do GNOME no Xubuntu ainda é o gerenciador de login GDM, mas estuda-se para, a partir da próxima versão, o oficial ser o interessante LightDM, feito com base em WebKit e GTK, que foi instalei aqui e rodou com probleminhas no locale, embora ainda tenha que editar arquivos de texto para as configurações. O LightDM ainda está em estágio inicial de desenvolvimento, e provavelmente terá em breve um configurador gráfico. Este gerenciador já era estudado para a versão Natty, mas esta decisão acabou sendo adiada.

Nota: não deixe de instalar o pacote “xubuntu-restricted-extras“, afinal ele já traz suporte ao Java runtime environment, fontes Microsoft, plugin do Flash, LAME (para criar MP3), suporte a reprodução de DVDs e filmes, e codecs – tudo isso numa tacada só, e otimizado para o Xubuntu.

Conclusão

Meu veredicto é: o Xubuntu e o XFCE 4.8 são perfeitamente utilizáveis no dia-a-dia, possuindo excelente produtividade. E para aqueles que usam o PC só de vez em quando, terá a certeza de ter um ambiente ágil e de ótima qualidade em mãos. E finalmente alguém está de fato se preocupando com o visual deste ambiente, através de um desenvolvimento específico desta área no Xubuntu. Ou seja: achar o XFCE feio não é justificativa, afinal, qualquer tema GTK+ pode ser usado, caso o usuário deseje.

O XFCE se destaca, digo novamente, por unir agilidade/leveza aos bons recursos e visuais. É um meio termo entre LXDE e GNOME, tendo um conjunto maduro de ferramentas próprias, e preenchendo aquela questão dos usuários mais críticos ao GNOME, de que este é simplista demais.

Só não seja afobado: o XFCE não lançará uma versão a cada seis meses. Se você quer isso, este ambiente não será “a sua praia”. E não seja surreal: se você tem um micro que usa bengala, a melhor opção é o Lubuntu, com LXDE, também brevemente analisado por mim.

Boa diversão!

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