Mini-análise do netbook Proview 81001

Mini-análise do netbook Proview 81001
Recentemente comprei um netbook Proview Compact PC 81001, um modelo bastante barato, vendido por aqui por cerca de R$ 700 a R$ 1000. Muitas pessoas mostram interesse nele, pelo preço, tamanho e aparência em geral. É fácil encontrá-lo em lojas de varejo e sites de informática. Nesse artigo comento um pouco dos seus recursos e limitações, espero que ajude quem está em dúvida sobre comprar ou não esse modelo.

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O netbook da Proview é um dos modelos mais baratos. Enquanto que a maioria dos netbooks vêm com o processador Atom, da Intel, este vem com o Geode, da AMD. O Geode parece que não deu muito certo, apesar de consumir pouca energia e não precisar de cooler, é muito lento para os padrões atuais. É um Geode LX800 de 500 MHz.
Sendo um sistema leve, silencioso (não faz barulho algum!) e frio (não tem cooler, não esquenta), é uma opção que consome muito pouca energia. O consumo máximo do netbook adesivado na parte inferior dele é de 24W. Eu tenho deixado ele ligado direto baixando arquivos via BitTorrent, e mesmo ligado por mais de 48 horas, tem funcionado bem e respondido rapidamente aos comandos. Para quem vai deixar ligado direto a única coisa necessária seria certificar-se de que o sistema operacional não irá desligar o HD nem colocar o sistema para dormir depois de determinado tempo de inatividade. A única coisa que deixei configurada para desligar automaticamente foi a tela, depois de 10 minutos, tanto quando conectado à tomada como quando usando energia da bateria. Mas isso vai dos gostos pessoais de cada um.

O manual é bem precário, e o suporte da Proview idem – nunca me responderam quando questionei sobre a possibilidade de baixar o sistema original que veio nele, visto que ele não tem disco nem oferece um meio para recuperação no estado original. O manual parece de um MP3 ou rádio de pilha, com uma qualidade pobre, escrita simples e voltado para leigos, sem especificações “avançadas”. Mas isso não tira os méritos do aparelho em si.

O teclado do 81001 é agradável para digitar, com cerca de 85% do tamanho de um teclado comum. Exige pouca adaptação. Ele tem tela de 10,2 polegadas (1024×600 widescreen) e não cansa para navegação, diferente de modelos com tela de 7, 8 ou mesmo 9 polegadas. Um resumo das especificações:

  • Processador AMD Geode LX800 de 500 MHz (128 KB de cache L2)
  • 512 MB de memória (DDR-400, PC3200)
  • HD de 60 GB (2 MB de cache, 4.200 RPM, interface ATA-100)
  • Slot PCMCIA (coisa rara nos netbooks, é um item que vem dando lugar ao Express Card)
  • Saída VGA (basta conectar um monitor, não é necessário teclar nada para ativar)
  • Slot para cartões de memória (MMC/SD/MS)
  • 2 portas USB 2.0
  • Conectores de saída e entrada de áudio (há também um microfone embutido na tela)
  • Trava de segurança padrão Kensington
  • Ethernet 10/100
  • Rede Wi-Fi com antena embutida (802.11b/g, usando um chip Atheros AR5007UG)
  • 2 auto-falantes na parte inferior (o que fornece um som um pouco mais alto do que na maioria dos outros modelos)
  • Bateria de 2600 mAh (2 horas)
  • Dimensões: 260(C) x 180(L) x 33(A) mm
  • Massa: cerca de 1,2 Kg (com bateria)

Um ponto ruim é que o teclado não segue o padrão ABNT2, parece ser de Portugal. Isso não é tão grave porque, de qualquer forma, tem acentos e ce-cedilha, basta configurar o layout de teclado para Portugal (PT) no seu sistema. Alguns caracteres são acionados com Alt Gr, em vez de SHIFT. Caso do arroba, que fica como terceira opção na tecla do número 2 (acima do 2 fica a aspa dupla, acionada com SHIFT + 2).

As configurações da placa mãe lembram um pouco o projeto original do OLPC, talvez tenha alguma coisa herdada dele. Ele parece ser baseado no Malata PC 81001, que além do nome, se mostra quase idêntico por fora e por dentro: http://product.it168.com/detail/doc/182865/index.shtml
Apesar disso, o da Proview é montado no Brasil.

A memória é SODIMM DDR-400 (PC-3200), e há um só slot. É possível trocar o pente de 512 MB por um de 1 GB. Algumas pessoas falaram que o pente é soldado na placa mãe e que não é possível fazer upgrade. Outras falaram que é possível fazer upgrade sim, e alguns que abriram confirmaram a possibilidade e sucesso ao aumentar a quantidade de memória. O HD dele é um Fujitsu MHW2060AT ATA-100 de 4200 RPM. Tem 60 GB de espaço e 2 MB de cache. É um modelo “low-end”, porém adequado ao que se propõe, esquentar pouco e consumir pouca energia.

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Na foto acima temos a lateral esquerda dele. Saída VGA, duas portas USB, entrada para cartão de memória, entrada de microfone e saída P2 para fone de ouvidos (ou caixas de som). Do outro lado ficam apenas a trava de segurança e o gigante slot PCMCIA (na verdade PC Card, mas chamado há anos de PCMCIA; PCMCIA em si é o grupo responsável pelas especificações do formato). Na traseira há a porta de rede Ethernet e o conector do adaptador de energia.

Quanto ao sistema operacional, há versão com Windows XP ou Ubuntu Linux. As especificações de hardware são as mesmas, mas com Windows XP geralmente há uma pequena adição no preço. O Ubuntu torna o conjunto horrível. O Ubuntu pode ser uma “ótima” distribuição, mas é uma das mais lentas, ou das mais “mal otimizadas”. Do ponto de vista de desempenho e aproveitamento de hardware dá para considerá-lo uma das piores, mas como isso entra pelo lado subjetivo, é melhor não entrarmos no assunto. Uma instalação padrão do Ubuntu geralmente consome de 2 a 4 vezes mais recursos do que uma instalação padrão do Debian ou Windows XP, isso é fato. Mesmo na versão com Linux é possível instalar o Windows XP, e o desempenho melhora muito. Note que ele não traz drive óptico, como praticamente todos os netbooks. Você deverá dar um jeito de rodar o instalador do XP a partir de um pen drive, ou então usar um adaptador SATA/IDE para USB, conectando sua unidade de CD/DVD na porta USB do netbook.

Com Windows XP dá para navegar tranquilo em várias abas do Firefox ou Opera (ou Seamonkey, Chrome, etc). Com o Ubuntu era terrível até mesmo usar as aplicações do próprio sistema. Ele veio com uma versão modificada pela Proview, aparentemente derivada do Ubuntu MID Edition, ou Netbook Remix (não confirmei e fiquei pouco tempo com o Ubuntu nele).

No site da Proview (http://www.proviewbr.com.br/produtos/informatica.php) há drivers para Windows XP, então tudo funciona bem, incluindo som, vídeo e rede wireless. Os drivers funcionam também no Windows Vista. O quê? O Vista num Geode com 512 MB de RAM? Uma versão modificada com o vLite rodou, claro que com um desempenho de chorar. Eu fiz um vídeo para “provar” que o Vista roda nele: http://www.youtube.com/watch?v=USIOMh0cLkc (desculpe pela baixa qualidade e pela marca no vídeo, foi algo amador apenas como “rascunho”). Curiosamente, na minha opinião, ficou melhor com o Vista do que com o Ubuntu que veio com ele, para você ter uma idéia de como era lerdo com o Ubuntu. Depois de carregado o sistema (o que leva alguns minutos com o Vista) ficou fácil navegar e usar várias abas, e também deu para ouvir MP3 durante a navegação sem problemas. Um Atom faria um trabalho melhor, não há como discordar. Com o Windows XP essas preocupações ficam mais de lado, o sistema responde bem aos comandos, sem parecer lento. Dá para lembrar o uso de um Pentium III, porém com 512 MB de RAM – uma grande vantagem para o XP. No tempo do Pentium III era comum usar apenas 128 MB mesmo em PCs de “grife”. Digitar em sites que fazem uso intensivo de JavaScript, como o Gmail, pode ser um pouco ruim dependendo das outras aplicações abertas. Seria melhor fazer uma coisa de cada vez (que é o foco nas edições para netbooks e MIDs do Ubuntu), ou usar a interface em HTML puro do Gmail.

Não consegui rodar nenhuma outra distro Linux com sucesso devido a resolução de vídeo. Apesar de haver drivers para o Geode, por aqui nada deu certo; apesar disso, alguns usuários avançados podem conseguir. O Ubuntu que veio nele veio com tudo configurado, bonitinho, mas a Proview não me retornou quando questionei onde eu poderia encontrá-lo (isso seria até mesmo uma violação da GPL :P). Creio que um usuário Linux com mais experiência consiga fazer funcionar. Entre as distros que tentei estão Debian, OpenSUSE, Mandriva, Slitaz, Puppy e TinyCore. O Windows 2000 rodou muito rápido, mas também ficou devendo o driver de vídeo. O driver para XP não funcionava; ao instalar e reiniciar, o 2000 parava na tradicional tela azul da morte (o que não é culpa do Windows).

A bateria dura cerca de 2h. É pouco, mas não é lá muito diferente do que se encontra por aí, mesmo nos notebooks. A rede sem fio fica desativada. Toda vez que o usuário quer ligá-la, é necessário teclar Fn + F2. É um ponto positivo, de certa forma, pois visa economizar energia. Uma observação a respeito disso: para instalar os drivers é necessário teclar Fn + F2 para ativá-la antes, caso contrário o instalador reclama que não encontra o dispositivo. É como se o adaptador ficasse desconectado fisicamente, nem aparece no gerenciador de dispositivos do Windows.

Porque eu comprei esse netbook, já imaginando que seria lento?

Pelo preço, eu diria que ele oferece uma excelente relação custo-benefício. Ele tem tela de 10,2″. O teclado não é muito pequeno, como é nos modelos com telas menores. Ele tem um HD de 60 GB. Vários modelos mais baratos usam telas menores e um SSD de 4 GB. 4 GB não daria para quase nada além do sistema operacional e alguns programas. Com 60 GB posso usá-lo mais à vontade, deixar MP3 guardados para ficar ouvindo durante o uso, e abusar da possibilidade de poder ter mais programas instalados. Ainda dá para dividir em duas partições de 30 GB e instalar dois sistemas, em dual boot (ou mais).

Se você quer ver vídeos do YouTube com frequencia, esse netbook não seria uma boa opção. Já se você quer navegar e digitar coisas em geral, dá para usar ele tranquilamente. Basicamente penso assim: se você encontrar um modelo com tela de 10″, HD ou SSD não muito pequeno e preço parecido, mas com processador Atom, fique com o Atom. Se seu orçamento não permitir, e você não se contentar com telas menores e SSDs de baixa capacidade, o netbook da Proview é uma boa escolha.

Ele é um netbook, não notebook, apesar de anunciado como notebook por muitas lojas. Algumas pessoas o consideram um notebook devido o tamanho e também pelo HD de 60 GB. Na verdade os conceitos acabam se misturando. Há netbooks de R$ 1500, R$ 1800. Porém há notebooks, muito mais potentes do que qualquer netbook já lançado, por R$ 1200. Depende das necessidades de tamanho e entra o fator “cool”. Particularmente não tenho coragem de pagar mais de mil reais para usar um processador de baixo desempenho (como o Atom) num netbook caro com HD de 160 GB; eu colocaria mais uns R$ 200 e ficaria com um “notebook” mesmo, com tela de 14″. Digo por mim e recomendo para quem tem dúvida. Seria pouca coisa maior e mais pesado, mas o desempenho do notebook no dia-a-dia faria muita diferença.

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