Há 20 anos, Microsoft investia US$ 150 milhões na Apple e salvava a companhia de Steve Jobs da falência

Há 20 anos, Microsoft investia US$ 150 milhões na Apple e salvava a companhia de Steve Jobs da falência

A Apple é uma até 1985 e outra completamente diferente a partir de 1997, ano em que Steve Jobs volta para a companhia, assumindo um cargo que muitos duvidavam que daria conta: CEO.

Na cabeça de Steve (o que se mostrou como verdade), o que a Apple tinha que fazer para sair da crise brutal que enfrentava no inicio dos anos 90 era focar na inovação, produtos e a Think Different (Pensar diferente). Discurso meio marketeiro? Sim, mas na prática nesse período o que a Apple realmente precisava era o retorno de Jobs.

Ao chutar Jobs em 1985, a Apple ficou apenas com o comando de um gestor, mas sem a essência do cara maluco por produtos, papel que Jobs fez bem durante grande parte de sua carreira.

Isso sem contar o fato que Jobs fora da Apple, embora se manteve altamente produtivo, tentou de forma megalomanica emplacar a NeXT, que no final das contas serviu apenas de trampolim para o seu retorno a empresa que foi o grande trabalho da sua vida.

A negociação que marca o retorno do “iMessias”:

Após a Apple comprar a NeXT em 1996 por US$ 400 milhões, com o intuito de aproveitar a base do sistema NeXTstep, mas que na realidade esse enorme montante de dinheiro serviu apenas pra ter Jobs de volta, era preciso urgentemente fazer com que a Apple parasse de “sangrar”.

Após a primeira passagem de Steve, a Apple “surfou” ´por um tempo na onda do legado de anos anteriores, mas a partir dos ano 90 a companhia que já não tinha mais identidade desandou. Michael Spindler (sucessor de Jonh Sculley, um dos maiores desafetos de Jobs, e responsável direto por sua sáida), tentou vender a Apple para a Sun, IBM e até a HP, mas as negociações não foram adiante.

Em fevereiro de 1996 Spindler foi substituido por Gil Amelio, outro executivo que não emplacou e ficou lembrado apenas como o cara que fechou o negócio que traria Jobs de volta “pra casa”. No primeiro ano de gestão de Amelio a Apple perdeu US$ 1 bilhão.

O caminho que fez Jobs retornar à Apple e se realinhar com um dos seus maiores rivais, Bill Gates, foi completamente doloroso, em termos de ter que abdicar e fazer coisas que estavam foram do seu habitual modo de querer controlar as coisas.

  • Em primeiro lugar, a ideia de Steve com a NeXT era ter o mesmo modelo de negócio da Apple, um ecossistema fechado que envolvia o hardware e o software, a ideia de ter que licenciar seu sistema para que outros fabricantes aplicassem em seus computadores era algo que Steve nunca aceitou, mas teve que fazer por uma questão de sobrevivência no mercado
  • O segundo ponto é essa alicança com Gates. Embora o caminho da Microsoft e Apple sempre se cruzaram, era bem nítido que Steve achava que a Microsoft empobrecia o mercado, construindo produtos que na visão dele eram mal feitos, sem o “toque de classe” que ele fazia questão de destacar que a Apple tinha. 

​Durante o perído da NeXT eles chegaram a ter um arranca-rabo, que é descrito no biografia de Steve Jobs escrita por Walter Isaacson (Companhia das Letras / 2011).

Esse confronto aconteceu porque Gates se recusou a produzir softwares para o computador da NeXT, parceria que já havia acontecido com o Macintosh. A justificativa de Gates era a seguinte: “a máquina era uma bosta’. Foi exatamente assim que Gates resumiu o NeXT cube, que quando foi lançado custava US$ 6500. Essa foi a máquina utilizada por Tim Berners Lee para colocar o primeiro site do mundo no ar.

Steve Jobs e o NeXTcube

Além de desdenhar do produto de Jobs pessoalmente, Gates não perdeu a oportunidade de “surrar” o computador para a imprensa. Em entrevista ao InfoWorld, ele disse ‘desenvolver para aquilo? Eu mijaria naquilo.’

Durante um encontro, Jobs demonstrou toda a sua fúria para Gates, dizendo aos gritos que a NeXT seria a próxima onda da computação. O que não aconteceu!

Quando Amelio comunicou a Gates que Jobs estava de volta, a reação dele foi furiosa, e com uma razação bem específica. Cogitou-se na época a possibilidade de utilizar o Windows NT no Mac, assim como a arquitetura x86 da Intel, isso significava que Gates poderia mais uma vez expandir o seu esquema de licenciamento, e dessa vez com um nome de peso, a Apple. Porém, com o retorno de Jobs, os planos foram por água abaixo.

No dia 20 de dezembro de 1996 foi feito o anuncio oficial: Steve retornava para a Apple após 11 anos. A principio como um consultor. Esse retorno dava inicio a uma nova guerra de egos ente Jobs e Amelio. Dessa vez Steve retornava a peso de ouro, e o “chutado” da vez seria Amelio.

O dia em que Steve ficou pequeno em seu habitat:

Se tem um lugar em que Steve Jobs era expansivo e poderoso era em cima do palco, durante a apresentação do seus produtos. O executivo criou toda uma forma voltada para o entretenimento na revelação dos seus novos gadgets e serviços.

Porém no dia 6 de agosto de 1997, na MacvWorld daquele ano – a primeira desde o retorno à Apple, Steve ficou bem pequeno, minusculo, quando a imagem de Bill Gates surgiu no telão. Gates que entrou via satélite explicaria como funcionaria a tal aliança entre a Apple e a Microsoft, que colocava em stand-by uma briga feroz por patentes.

Os que estavam presentes na apresentação receberam com rejeição essa aliança, mas ao desenrolar dos termos foi ficando mais fácil de “engolir”. Steve disse que para a Apple seguir em frente e se recuperar era necessário abrir mão de algumas coisas. Inclusive essa briga com a Microsoft.

Embora não tenha nada de benevolente na ação da Microsoft e Gates, já que até serviu de trunfo para a companhia na sua historica batalha nos tribunais EUA x Microsoft, o acordo firmado foi de suma importância para a Apple, já que o ponto principal era o investimento de US$ 150 milhões na quase falida Apple. Naquela época o que a Apple mais precisava era dinheiro e o que a Microsoft mais precisava era melhorar sua imagem, foi o casamento perfeito.

Além da quantia em dinheiro, a Microsoft continuaria desenvolvendo versões do Office para o Mac, e o Internet Explorer seria utilizado como navegador padrão, negócio que vigorou até 2003 quando a Apple apresentou seu próprio navegador, o Safari.

….

Graças a esse acordo que completou 20 anos, a Apple conseguiu respirar, e Jobs pôde prosseguir com o seu modo único de administrar, colocando o produto em foco.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
Leia mais
Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X