PCs desktops usados: se não vai utilizar, doe!

PCs desktops usados: se não vai utilizar, doe!

Por acaso, já pararam para avaliar quantas peças de computador, nós – especialistas, profissionais e aficcionados em Tecnologia – possuímos em nossa guarda? Por exemplo, até então tive umas duas placas de vídeo GeForce e uma Radeon em versões AGP, uma placa de áudio Creative Live!, módulos de memória DDR e PC133, mouses e teclados antigos, entre outras peças, mas que não o utilizo, como também não é financeiramente interessante anunciá-las para venda. Então, o que fiz?

PCs desktops, monitores CRT e impressoras antigas, sendo reutilizadas em cursos de montagem e manutenção de micros.

Doei estas peças! O “sortudo” que ganhou estas peças sobressalentes é o Alex, um velho amigo especialista em eletrônica, que ocasionalmente faz manutenção em computadores, monitores, impressoras e outros eletrônicos. Depois que fiz as doações, ele me pergunta de vez em quando, se há algum “bagulho” que possa lhe servir para atender alguma necessidades, em termos de reposição. Se porventura eu possuir novas peças sobressalentes, sorte dele e da sua clientela…

Mas me chamou a atenção não é apenas a minha “atitude humanitária”: tenho observado que muitos colegas de profissão também possuem peças e componentes sobressalentes; mas diferente de mim, estes camaradas geralmente as deixam guardadas para um possível uso no futuro, tempo este que nunca chega. Nestes casos, o desperdício é praticamente certo! Então, porquê não doar os nossos “bagulhos”? Além de um conhecido que precisa de novas peças para a montagem de um computador ou uma oficina que necessita repor componentes que já não se encontram mais, há instituições não-governamentais que reaproveitam itens usados existem aos montes.

Além de evitar gastos e desperdícios, o reaproveitamento destas velharias, bem como o uso de técnicas e procedimentos para a restauração de todo um sistema computacional, possibilitará as oficinas de montagem e manutenção de micros a manterem os seus negócios, através da oferta de seus serviços. Quantos não gostariam de gastar uns trocados à mais para manter o computador da casa funcionando por mais algum tempo, ao invés de ter que trocá-lo por um novo? Ou ainda, reutilizá-lo para funções menos nobres (dar para a sobrinha, transformá-la em máquina de testes, etc)?

Outra forma interessante de aproveitamento está nas instituições de ensino: cursinhos livres voltados para montagem e manutenção de computadores, onde a utilização de peças reaproveitadas – mas ainda em funcionamento – certamente auxiliarão muito os estudantes a aprimorarem os seus conhecimentos técnicos, sobre os componentes internos do PC desktop. Além do mais, o descuido e a falta de experiência dos novatos, tendem a abreviar a vida útil dos componentes, através de danos diversos que vão da falta de cuidados básicos à falhas técnicas no manuseio (especialmente eletricidade estática). Nestas circunstâncias, as peças sobressalentes já tiveram toda a sua vida útil bem aproveitadas; o que vier, é lucro!

Por outro lado, será bem provável que as máquinas montadas nestes processos não estejam aptas a rodarem as versões atuais dos sistemas operacionais em uso (aka Windows Vista & Windows 7). Eis então, uma boa oportunidade de usarmos mais um trunfo escondido debaixo da mangas: o Tux! Sabendo da grande flexibilidade e capacidade de customização das boas distribuições GNU/Linux, poderemos realizar a instalação destes sistemas de forma otimizada, optando por escolher o ambiente gráfico e os aplicativos ideais para atender uma grande gama de necessidades, ao mesmo tempo que não sobrecarregue o modesto PC desktop. Ou quem sabe, talvez sequer precisaremos escolher os aplicativos, já que a maioria dos softwares que rodam “nas nuvens” não usam a capacidade de processamento local…

Há algum tempo, tive a oportunidade de reaproveitar 2 máquinas e algumas peças sobressalentes, para montar um “novo” PC desktop com CPU Pentium 4 de 2.8 GHz, 512 MB de RAM e HD de 40 GB PATA, tornando-o apto a rodar o Windows XP sem grandes “solavancos”, embora não houvesse encontrado uma placa de vídeo AGP mais poderosa que a antiga GeForce MX 5200 para substituir o famigerado IGP Via Chrome 3D. Entretanto, sabendo que o Windows XP em breve iria se tornar obsoleto (o que acabou não “acontecendo”, graças à má reputação do Windows Vista na época), fiz uma instalação dual-boot com o Ubuntu, com o objetivo de deixar os donos daquele “Frankstein” irem aos poucos se familiarizando com o novo sistema. Depois disso, não tive mais notícias daquela máquina e nem sei se ela ainda “está viva”. 😉

Outra velharia que ainda está resistindo bravamente ao longo dos anos, é o notebook dos meus irmãos, um Dell Latitude C400. Equipado com um LCD de 12″ (1024×768), CPU Intel Pentium III Mobile de 1.0 GHz e apenas 256 MB de RAM, ele ainda continua rodando o Windows XP sem muita desenvoltura, embora com desempenho suficiente para as necessidades básicas do dia-a-dia. A bateria simplesmente “se foi”, porta USB também não funciona mais e o drive de CD-ROM precisa receber uns tapinhas para funcionar; portanto, imaginem o trabalho que será para reinstalar o sistema operacional. Inclusive, já tentei convencer os meus irmãos a doá-los para um curso de montagem e manutenção que ministro aulas, mas sem sucesso: o velho notebook se tornou o xodó da família!

Mas, de todos os aspectos interessantes no processo de doação ou concessão de equipamentos eletrônicos – especialmente de Informática -, o mais importante está na questão ambiental: vocês sabiam que para cada computador descartado, uma estimativa de aproximadamente 2 toneladas de materiais, sendo estes 1.500 litros de água dedicados só para a fabricação dos chips? Além de todo estes gastos de materiais, ainda temos que conviver com o grande potencial de poluição tóxica de muitos produtos químicos que fazem parte do ciclo de produção e descarte destes equipamentos.

Por fim, até mesmo no processo de aquisição de um novo PC desktop, notebook e/ou outros tipos de computadores, não só levem em consideração o baixo custo e a utilização destes equipamentos, mas também a sua viabilidade de uso à médio e longo prazo. Em poucas palavras: comprem produtos que possam durar mais! À começar pela placa-mãe, uma boa escolha poderá estender a vida útil de um PC desktop por muitos anos, sem contar ainda a economia no baixo consumo de energia ao longo do tempo, se tais componentes oferecerem recursos de gerenciamentos avançados. Para maiores informações, consultem o artigo “Como avaliar a qualidade geral de uma placa-mãe”.

Enfim, o que podemos fazer para colaborar com a reciclagem dos mais variados itens de Informática? Essa é uma questão que envolve uma infinidade de variáveis, as quais infelizmente não teremos o controle desejado sobre elas. No entanto, na condição de consumidores conscientes, poderemos mudar os rumos do mercado, ao optar por fazer a compra dos produtos adequadas, ao mesmo tempo em que destinamos o fim adequado. A doação, assim como o reaproveitamento de peças e componentes, será apenas o primeiro passo!

Senão, não haverá planeta algum… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at]gmail.com>

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