Como avaliar a qualidade geral de uma placa-mãe?

Como avaliar a qualidade geral de uma placa-mãe?

Por qual marca escolher: Intel, Asus, MSI, Gigabyte ou ECS? Estes, entre tantos outros fabricantes, possuem linhas de produtos voltadas para atender do mais simples consumidor ao mais exigente usuário hardcore. No entanto, a existência de uma infinidade de modelos, com as suas particularidades, acabam trazendo complicações extras no processo de seleção, culminando com aborrecimentos e insatisfação, por parte de escolhas mal feitas…

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Placa-mãe MSI 890GXM-G65: suporta as novíssimas conexões SATA 3.0, USB 3.0 e as já populares memórias DDR3 (além de outras qualidades habituais).

De todos os componentes do computador, a placa-mãe…

(…) é o componente mais importante do micro, pois é ela a responsável pela comunicação entre todos os componentes. Pela enorme quantidade de chips, trilhas, capacitores e encaixes, a placa-mãe também é o componente que, de uma forma geral, mais dá defeitos. É comum que um slot PCI pare de funcionar (embora os outros continuem normais), que instalar um pente de memória no segundo soquete faça o micro passar a travar, embora o mesmo pente funcione perfeitamente no primeiro e assim por diante.” — [“Hardware, Guia Prático”, by Carlos E. Morimoto].

Então, em quais atributos nós deveríamos focar nossas atenções?

Para começar, a primeira coisa a ser observada é a classe de usuário para a qual, a placa mãe será designada. No mercado atual, encontraremos produtos voltados para as seguintes classes de usuários:

  • PCs desktops entry-level;

  • PCs desktops mainstream;

  • PCs desktops high-end;

  • Home Theather Center;

  • PCs desktops compactos;

  • Entre outros…

Como podem ver, encontraremos placas-mãe feitas tanto para o uso geral (normalmente indicadas para as categorias entry-level e mainstream), o quanto específicas para atender a necessidade de públicos restritos (high-end, HTC e compactos). Em nosso caso, dedicaremos o nosso foco para a classe mainstream, já que é a principal opção para a maior parte dos usuários entusiastas brasileiros, pois oferece a melhor relação custo-benefício do mercado.

O principal – e o mais importante – aspecto que deveremos ter em mente, será a “durabilidade” da placa-mãe. Porém, não estou me referindo (ainda) à capacidade de funcionar durante anos sem-fio: a “durabilidade” em questão, está intimamente associada à adoção de tecnologias de última geração. Portanto, algumas exigências importantes deverão ser seguidas, para esticar a vida útil do principal componente do computador. E o motivo é simples: a placa-mãe é o ÚNICO componente que não é usualmente substituído no upgrade! E se fosse, certamente tal procedimento não seria mais chamado de upgrade, mas de um belo reaproveitamento de peças… 😉

Eis, um dos principais erros a serem evitados: a opção por placas-mãe sofisticadas, tendo em vista a intenção prolongar ao máximo a longevidade do equipamento. Isto acontece devido à limitada concepção dos usuários novatos, que por estarem empolgados com as suas novas aquisições, são induzidos por vendedores mal-intencionados à adquirir desnecessariamente o caríssimo componente, fazendo-os acreditar que esta será a escolha ideal para garantir a “durabilidade” do investimento.

Por exemplo, de que adiantaria ter uma placa-mãe com 3 slots PCI-Express 16x, 8 portas SATA e 12 conexões USB, se a máquina em questão será usada por um jogador de games casuais e que dedica o seu tempo disponível para outras atividades gerais? Uma placa-mãe mainstream não só garantiria praticamente a mesma longevidade (desde que seja bem projetada e ofereça um conjunto atualizado de recursos), como também seria bem mais acessível! Inclusive, sobraria uma grana extra para outras aquisições… 🙂

Embora seja o principal responsável pela capacidade bruta de processamento, o processador é o componente preferido pelos entusiastas no ato do upgrade; consequentemente, uma vez que esta operação seja bem-sucedida, estenderemos bem a vida útil da placa-mãe. Para isto, deveremos seguir uma regrinha bem simples: adquirir modelos que suportem a arquitetura mais recente disponível. Em poucas palavras: soquetes 1156 e 1366 (Intel Core i3/i5/i7) ou soquetes AM3 (AMD Phenom II). Inclusive, a escolha tenderá mais para a Intel, já que rumores indicam que a próxima arquitetura da AMD (Bulldozer) irá exigir um novo soquete para suportar seus novos processadores. Entretanto, se caso o tal rumor não se concretizar, então continuem considerando a AMD como uma ótima opção.

A seguir, vem as memórias RAM, que junto com a placa-mãe e a CPU, compõem a “espinha dorsal” do PC desktop. E, da mesma maneira que procederíamos com a arquitetura da CPU a ser adotada, também deveremos optar pela tecnologia mais avançada no momento: DDR3. E o mais importante: considerem adquirir placas-mãe com suporte a DDR3-1600 ou superior, embora os controladores de memória das atuais CPUs suportem apenas as DDR3-1066 e DDR-1333, provavelmente as futuras revisões de arquitetura poderão suportar os padrões mais atuais. Felizmente, a DDR3 já está bem difundida nos dias atuais, mas se tivéssemos que projetar um novo PC desktop há um ou dois anos, certamente teríamos bem mais dificuldades.

Além da “espinha dorsal”, outras tecnologias também merecem destaques: o USB 3.0, o SATA 600 e o PCI-Express 3.0. Coincidentemente, os três padrões tecnológicos voltados para a interconexão de dispositivos e periféricos, se encontram em sua terceira versão; porém, diferem-se na real necessidade dos usuários. Por exemplo, há tempos o USB 2.0 está saturado, tornando indispensável a adoção do novo padrão. Já o SATA 300 ainda não teve o seu barramento plenamente utilizado, mas em breve se tornará um gargalo, dada as altas taxas de transferência e popularidade dos novos SSDs. Por fim, o PCI-Express 2.0 atende maravilhosamente bem, embora algumas placas-mãe do mercado disponibilizem slots com apenas 8 canais PCI-Express. Conclusão: até certo ponto, podemos abrir a mão dos demais padrões, mas não do USB 3.0. Além do mais, o PCI-Express sequer foi lançado!

Por fim, os demais dispositivos também devem ser observados. Resumindo: um codec de áudio de alta qualidade (SNR de pelo menos 96 dB); um IGP com suporte as APIs mais atuais (DirectX 10 e OpenGL 2.1, no mínimo), além da capacidade de decodificação de vídeo e uma interface de rede gigabit ethernet. Dentre alguns produtos interessantes, destacam-se os codecs Realtek ACL888 e ACL889, bem como os novos chipsets da AMD (como os 785G, 880G e 890GX) e da nVidia (séries 750, 780 e 980). Se o desempenho 3D realmente não for preponderante, os chipsets atuais da Intel dotados do IGP GMA 4500, poderão ser úteis. E claro: todos estes componentes deverão estar devidamente bem organizados, sendo utilizando um layout que também privilegie a melhor dissipação térmica possível.

Uma vez que as tecnologias atuais estejam presentes, agora entra em cena a quantidade de recursos. Uma coisa é ter a conexão USB 3.0 disponível; outra, é dispor de apenas duas portas para conectar os periféricos! Portanto, algumas quantidades mínimas deverão ser atentamente observadas:

  • 2 portas USB 3.0 e 6 conexões USB 2.0;

  • 6 conexões SATA 2.0 ou 3.0;

  • 4 bancos de memória RAM;

  • 1 conexão de vídeo digital (HDMI);

  • 6 conectores de áudio.

Agora, vem uma das parte mais importante: os reguladores de tensão. Estes, são os elementos responsáveis por reduzirem a tensão fornecida pela fonte de alimentação (12V, 5V e 3.3V), adequados para a alimentação dos dispositivos da placa-mãe, como CPUs, memórias RAM, chipsets & IGPs, entre outros. Cada regulador de tensão é composto por um conjunto de componentes eletrônicos, como MOSFETs, controladores, bobinas e capacitores. Sua quantidade pode variar, de 2 a 6 reguladores para projetos simples, ou à partir de 6 reguladores para projetos mais sofisticados.

Bem, já sabemos que a quantidade de reguladores será limitada, de acordo com as necessidades do projeto, usuários mainstream não se devem impressionar com placas-mãe dotadas de reguladores com muitos estágios. Embora uma quantidade maior de reguladores garanta uma melhor utilização da energia elétrica em sistemas de alto desempenho, tornam-se ineficientes na questão do consumo elétrico, quando tais sistemas rodam tarefas leves ou passam longo tempo em stand-by. Inclusive, será mais importante se focar na qualidade dos componente eletrônicos que compõem não só os reguladores, mas todo o conjunto que chamamos de placa-mãe.

Os MOSFETs são transistores especiais, responsáveis pelos chaveamentos feitos na passagem da corrente elétrica, fornecida pela fonte de alimentação. Sua qualidade é avaliada diretamente na capacidade de oferecer a menor resistência possível, onde os MOSFETs do tipo RDS oferecem até 16% menos aquecimento. Visualmente, diferem-se dos MOSFETs tradicionais por ter os seus 4 contatos soldados diretamente na placa-mãe ao invés de 3 contatos, sendo um deles (o central) cortado.

Já as bobinas, deverão ser do tipo ferrite. Estas, diferenciam-se das tradicionais com núcleo de ferro, por oferecerem uma menor perda de energia elétrica no processo de regulagem, da ordem de aproximadamente 25%. Em geral, enquanto que as bobinas de ferro são “abertas” (você pode visualizar a bobina de cobre interna), as bobinas de ferrite são lacradas, com uma letra “R” estampada em cima do componente.

Por fim, os capacitores deverão ser aqueles “em estado sólido”: estes, se diferem dos tradicionais capacitores eletrolíticos, por utilizarem componentes internos sólidos baseados em alumínio e plástico para atuarem como eletrolitos, ao invés de uma composição líquida (baseada em ácido bórico). Por não se dilatam tão facilmente, a durabilidade dos materiais sólidos será bem maior que os seus equivalentes tradicionais, e esta falha é uma das principais deficiências dos capacitores eletrolíticos: uma vez que eles estouram, deixam de funcionar, comprometendo a estabilidade da placa-mãe.

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Desenho esquemático dos componentes adotados no processo de fabricação das placas-mãe Gigabyte Ultra-Durable 3.

Particularmente, gosto muito das novas placas-mãe da Gigabyte com o Ultra Durable 3. Além dela delinear os componentes eletrônicos essenciais para a qualidade geral do projeto, ainda consideram a utilização de trilhas internas de cobre mais espessas. As vantagens, vocês podem conferir mais detalhadamente através da página oficial da Gigabyte, além de complementar a leitura com o excelente artigo “Entendendo o ‘Ultra Durable 3’ das placas Gigabyte”, escrito por Carlos E. Morimoto.

Enfim, estas apenas algumas dicas básicas para orientar aos usuários, na compra de suas placas-mãe, mas com o objetivo de prolongar ao máximo a sua vida útil. No entanto, nem sempre estender o tempo de um PC desktop poderá ser interessante, se os custos de consumo energético e manutenção se fizerem maior que a aquisição de um novo PC mais simples, sem contar ainda as dificuldades de encontrar componentes para uma arquitetura antiga. Mas, como podem ver, este assunto ficará para uma próxima oportunidade. &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>

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