Cursos superiores na área da computação: qual escolher?

Cursos superiores na área da computação: qual escolher?

Nos últimos anos, a procura por cursos superiores nas áreas relacionadas à computação tem crescido de forma notável. Tanto universidades particulares como públicas tem registrado grande procura por cursos relacionados à computação. Cursos como ciência da computação (algumas instituições o nomeiam por ciências da computação), sistemas de informação (antigo análise de sistemas), engenharia da computação e os diversos cursos de tecnologia existentes que habilitam o graduado em áreas específicas como, por exemplo, os cursos de redes de computadores, tecnologia web e banco de dados, lotam os primeiros semestres na maioria das universidades. Mas apesar da grande procura dos jovens por cursos nesta área, é perceptível o descontentamento de muitos com o curso escolhido, o que causa alto índice de evasão no decorrer dos semestres destes cursos.

Segundo o MEC (no censo da educação do ensino superior 2007) algo em torno de 28% dos alunos dos cursos de ciência da computação, engenharia da computação e sistemas de informação desistem do curso no primeiro ano e somente algo em torno de 54% dos que iniciam o curso chegam a sua conclusão (fonte MEC/INEP/CAPES, 2007). Os cursos tecnológicos por ter uma duração menor têm índices menores de desistência e também por terem em sua grade conteúdos mais específicos à área que se destinam. Claro que muitos desistem no decorrer do curso por razões financeiras, mas segundo a UNESCO (2004) o número de evasões por descontentamento ou mesmo por acúmulo de matérias em dependência é realmente alto.

Algo notado em grande parte dos alunos que procuram estudar em áreas relacionadas à computação é o desconhecimento do curso, seja do seu conteúdo, ou seja, por terem uma ideia errada acerca da profissão (ou profissões) que o curso o habilitará. Por conta disso este artigo mostrará um pequeno resumo do foco de mercado e do conteúdo estudado nos mais procurados cursos relacionados à computação.

Entretanto, é importante salientar que diferente de outras áreas como engenharia, direito, medicina e outras, a computação não possui nenhum órgão regulamentador que habilita o aluno a exercer a profissão, contanto que o profissional possua os conhecimentos necessários ele pode exercer a profissão livremente, somente a habilitação de engenharia da computação permite registro no CREA, e caso seja registrado como engenheiro o aluno possui piso salarial, o que não acontece com os outros cursos na área.

Ainda existem as certificações, que são concedidas pelos desenvolvedores das ferramentas e recursos na área de desenvolvimento de software, hardware, redes e afins, o que para empresas possui às vezes mais valia que o próprio curso superior, pelo simples fato de que a certificação é um diploma dado pela empresa que desenvolveu a ferramenta de que o profissional é habilitado para trabalhar com o recurso por ela disponibilizado. Por conta disso muitos profissionais preferem investir seu tempo e dinheiro conseguindo certificações nas áreas em que pretendem atuar do que fazer um longo e caro curso superior que no final poderá não lhe trazer os benefícios esperados.

Mas antes de tudo é importante saber que os cursos de bacharelado não habilitam ninguém a sair da faculdade especialista em nenhuma área, seja redes, programação, projetos, segurança ou qualquer outro ramo. O bacharelado na verdade mostra uma pequena parte de cada área do todo que é a computação no caso de ciência da computação focado em desenvolvimento de aplicações, sistemas de informação focado em administração de sistemas e engenharia da computação focada em desenvolvimento de software e hardware.

Em cada um desses cursos o conteúdo é parecido, como algoritmos, linguagens de programação, banco de dados, redes, computação gráfica e projetos, no entanto o foco a que cada curso se direciona ou a quantidade de matérias em cada área é o que muda. Apesar de que nada impede que um profissional formado em um desses cursos exerça uma profissão que é focada no outro curso. O que determina isso é a especialização realizada após a conclusão (ou até mesmo durante), caso não se especialize, o aluno terá algum conhecimento em diversas áreas, mas não será especialista em nenhuma delas, será meio genérico.

Às vezes esta especialização pode não vir de um curso específico, às vezes apenas por exercer atividades em uma determinada função pode habilitar o aluno como especialista, como em desenvolvimento web (sites e programas voltados à web), redes, banco de dados ou administração de sistemas. Ou mesmo ser um autodidata o habilita como especialista no campo estudado visto que na computação mais vale o conhecimento prático e saber desenvolver o projeto ou trabalhar com a ferramenta do que recitar teorias ou ter certificados na gaveta.

A figura tenta exemplificar a relação de cada um dos cursos com os outros, mostrando que cada um deles engloba uma parte do outro e todos possuem parte da computação em comum.

Sistemas de informação

Curso focado na administração de sistemas computacionais. Curso muito forte em análise de projetos e estudo de casos, possui também matemática e lógica. É o curso que habilita a estudar o problema e escolher a melhor solução na área computacional. Conceito de redes também é estudado, mas voltado à administração e controle de redes de computadores. Banco de dados também faz parte da grade, porém o foco principal é o gerenciamento.

Em resumo procura a solução de problemas adota e implementa ferramentas para a melhoria dos serviços de T.I.

Ciência da computação

Curso focado no desenvolvimento de sistemas e aplicações. Muito forte em matemática e lógica, incluindo também física. Quem se forma neste curso possuirá fortes conceitos matemáticos e lógicos voltados à análise e desenvolvimento de softwares sejam estes voltados ao controle de grande quantidade de dados ou a manipulação de informações como softwares específicos na área científica.

O conceito de redes também é estudado voltado à administração e controle de redes e desenvolvimento de aplicações utilizando redes de computadores. Banco de dados também é estudado para o desenvolvimento de aplicações bem como os conceitos de administração de sistemas. Em resumo cria as ferramentas para serem utilizadas na resolução de problemas e melhoria de serviços de T.I.

Engenharia da computação

Curso focado no desenvolvimento tanto da parte lógica (programas) como física (hardware) da computação. Possui fortes conceitos de matemática, lógica e física. Este curso habilita a desenvolver aplicações para também para a área de automação e a desenvolver projetos em suas duas vertentes, o hardware e o software.

Os conceitos de redes abrangem a parte física da estrutura o que possibilita a criação de equipamentos que se utilizem da comunicação em rede. Bancos de dados são estudados, sendo explorada a parte estrutural do projeto. Em resumo desenvolve a estrutura necessária para o desenvolvimento das aplicações computacionais em hardware e software.

Cursos tecnológicos

Focam a formação específica em cada uma das áreas da computação. Nos cursos de bacharelado é abrangida uma gama muito grande de informações. Enquanto nos tecnológicos apenas uma das áreas é estudada. Isso possibilita uma formação mais aprofundada na área escolhida o que faz com o tecnólogo comparativamente com o bacharel tenha uma conhecimento mais abrangente acerca da área estudada, no entanto ele só terá conhecimento nesta área especifica enquanto o bacharel conhece muitas áreas durante a sua formação. Em resumo formam profissionais para utilizar as ferramentas criadas por cada uma das áreas da computação de forma especializada e concisa estudando as particularidades da área escolhida.

É importante também salientar que apesar das diversas conotações em cada um desses cursos todos possibilitam ao formado cursar pós graduação seja strictu-sensu (mestrado e doutorado) ou lato-sensu (especialização e MBA). Os cursos de graduação tecnológica apesar de possuir um tempo de conclusão menor também são considerados cursos superiores (apesar de algumas instituições que oferecem cursos de pós graduação strictu-sensu não aceitarem formados nestes cursos).

A escolha da especialização vai de cada um, a área com que mais se identificou durante o curso, todos os cursos de bacharelado apresentam muitas áreas como banco de dados, programação, computação gráfica, redes, automação, projetos e muitas outras. Você se identificará com uma delas, e poderá se especializar neste seguimento.

E se já trabalho na área?

Quem já trabalha na área seja de suporte em redes, hardware, computação gráfica ou programação pode de início achar que cursando o nível superior terá benefícios imediatos em seu desenvolvimento profissional. Mas isso geralmente não acontece. Os cursos superiores dividem a área estudada em diversas partes, essas partes vão sendo estudadas uma a uma, como se fosse um quebra-cabeças só que você não sabe como é a figura montada. No início você pode até se questionar:

– Para que tanta matemática? Física? Eu não quero desenvolver uma bomba atômica, quero ser um profissional de T.I.!

Mas com o passar dos semestres você verá que tudo se encaixa e ao final do curso tudo faz sentido, o profissional deve conhecer a área como um todo e entender as diversas partes que a compõem para que tenha condições de desenvolver-se profissionalmente em qualquer ramificação que ela possua no mercado.

Mas agora um ponto importante, por experiência pessoal e conhecimento de vários casos de profissionais que trabalham na área técnica com manutenção de computadores, instalação e configuração de redes, suporte a sistemas e computação gráfica, em geral não terão em um primeiro momento um ganho na sua base de conhecimento nestas áreas de atuação, a não ser os cursos tecnológicos que possuem uma grade mais específica, os demais cursos inicialmente ensinam os conceitos de algoritmos, lógica e a matemática o que não será de muita valia na área técnica desempenhada pela maioria dos profissionais.

Ao final do curso a bagagem adquirida é muito grande o que com certeza trará benefícios à carreira daqueles que já estavam no mercado de trabalho.

Conclusão

Não existe um curso que seja melhor ou pior, todos eles possuem um foco em certo ramo da computação, o que determina é o estudo a determinação e também a vocação para escolher qual seguir e mesmo que se forme em qualquer um deles poderá se especializar em uma área diferente da abordada no curso, ou mesmo uma área que não tenha uma relação direta com o curso escolhido. Algo realmente importante são as certificações, Oracle, Microsoft, Cisco e outras fornecem certificações acerca de suas ferramentas o que é realmente valorizado pelas empresas, como anteriormente citado até mais valorizado que o próprio curso superior visto atestar a capacitação do profissional na ferramenta a ser utilizada.

Algo importante é lembrar que todos estes cursos possuem boa dose de matemática, é necessário real esforço para chegar ao final, principalmente se você já está a alguns anos fora da escola. Escolher bem o ramo que quer seguir é importante caso contrário poderá se decepcionar e engrossar as estatísticas de desistência destes cursos. Mas caso escolha algum deles, dedique tempo e esforce-se, pois terá bons resultados hoje todos os outros ramos do mercado de trabalho dependem do bom funcionamento da sua parte computacional e bons profissionais, independente do curso escolhido, são muito valorizados pelo mercado.

Por Onildo Henrique B. Filho <onildo.henrique [at]gmail.com>

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