Embora a lista de aplicativos compatíveis com o Wine venha crescendo a cada nova versão, ele ainda está longe de rodar todos os aplicativos Windows sem falhas. Isso faz com que ele seja mais adequado a situações em que os aplicativos nativos atendem à maior parte das suas necessidades, mas você precisa de alguns aplicativos específicos que existem apenas para Windows.
Por outro lado, ele não é adequado em casos onde seu trabalho depende de aplicativos Windows, como no caso de um engenheiro que trabalha usando o AutoCAD, ou de um artista gráfico que trabalha usando o Photoshop e o Corel Draw, já que o desempenho e a compatibilidade raramente é perfeita.
Embora seja muito menos problemático rodar aplicativos Windows dentro de uma máquina virtual, usando o VirtualBox (https://www.hardware.com.br/dicas/virtualbox-ubuntu.html) ou o VMware, o Wine oferece três vantagens que justificam o uso em muitas situações.
A principal é o fato de você não precisar de uma licença do Windows, já que o próprio Wine implementa as funções do sistema operacional. A segunda é que ele oferece um overhead menor, já que o aplicativo roda diretamente, sem que seja necessário manter uma cópia inteira do Windows carregada dentro da VM. Finalmente, temos outra característica (a mais importante para muitos) que é o fato do Wine oferecer suporte a 3D, o que permite rodar muitos jogos.
A lista oficial de aplicativos compatíveis com o Wine, mantida graças aos esforços da equipe de desenvolvimento e de um grande número de voluntários, pode ser encontrada no:
http://appdb.winehq.org/.
Os aplicativos listados são divididos em três categorias: “Platinum” (que inclui apenas os aplicativos que rodam perfeitamente em uma instalação limpa do Wine, sem precisar de configurações adicionais), “Gold” (aplicativos que rodam sem limitações, mas que precisam de ajustes manuais) e “Silver”, que inclui aplicativos que rodam com pequenas limitações ou glitches, ou que precisam de um conjunto maior de ajustes.
Dois sites dedicados a fornecer dicas e listas adicionais de aplicativos compatíveis são o http://www.wine-reviews.net/ e o http://www.frankscorner.org/. Naturalmente, nenhuma das listas pode ser considerada completa, de forma que a melhor maneira de saber se um determinado programa roda ou não, é simplesmente testando.
O Wine inclui também um substituto para o Internet Explorer 6, que é usado por aplicativos que dependem do uso do navegador. Este browser alternativo na verdade não tem nada a ver com o Internet Explorer (ele é baseado no código do Firefox), ele apenas se faz passar por ele para melhorar o nível de compatibilidade dos aplicativos. Existem receitas para instalar o Internet Explorer dentro do Wine, mas elas não são muito recomendáveis, já que o navegador roda com falhas e existem complicadores legais, uma vez que a EULA do Internet Explorer proíbe o uso em PCs sem uma licença válida do Windows.
Além do Wine propriamente dito, temos também a Winelib, uma biblioteca que permite portar aplicativos Windows para o Linux, de forma que eles rodem como se fossem aplicativos nativos. Através dela, é possível recompilar o código do aplicativo, gerando um executável que é capaz de rodar no Linux (e em outros sistemas UNIX), com relativamente pouco esforço.
A mudança não é inteiramente indolor, já que é necessário fazer pequenas modificações no código-fonte do aplicativo, substituindo chamadas e funções potencialmente problemáticas e adicionando chamadas às funções nativas do sistema onde for possível. Mesmo depois de recompilado, o resultado não é muito diferente do obtido ao executar o mesmo aplicativo no Linux usando o Wine, mas nesse caso temos a vantagem de ele já vir “completo”, incluindo todos os componentes necessários no pacote.
Um dos primeiros aplicativos portados com a ajuda da Winelib foi o Kylix (lançado em 1999), que nada mais era do que uma versão portada do Delphi, que permitia desenvolver aplicativos Linux e também portar aplicativos do Delphi para o Linux (e vice-versa). Ele era um aplicativo comercial, que existia em duas versões. A Open Edition era gratuita, mas podia ser usada apenas em aplicativos open-source, enquanto a versão Professional (que podia ser usada no desenvolvimento de aplicativos comerciais) era paga.
A ideia acabou não dando muito certo, devido à baixa qualidade do software e ao alto custo da versão Professional, mas serviu como um precedente importante com relação à interoperabilidade entre as duas plataformas.
Um exemplo recente de aplicativo complexo portado com a ajuda da Winelib é o Google Picasa, lançado em 2006:
Versão Linux do Picasa, portada com a ajuda da Winelib
Durante o processo, o Google patrocinou o desenvolvimento de um conjunto de melhorias no Wine, que ajudaram também a melhorar a compatibilidade com outros aplicativos gráficos, como o Photoshop.
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