A conta guest

No Windows XP é usado por padrão um modo simplificado de compartilhamento de arquivos, o “simple sharing”, que visa imitar o modo de acesso do Windows 95/98, onde os compartilhamentos são públicos e você apenas define se
eles são apenas leitura ou leitura e escrita.

Na verdade, o Windows XP usa o controle de acesso com base no usuário, assim como o Samba 3, mas, por baixo dos panos, todos os acessos passam a ser mapeados para a conta “guest” (ativa por padrão), o que permite que
usuários remotos sem login válido acessem os compartilhamentos diretamente. Este recurso é também chamado de “force guest”.

Naturalmente, podemos fazer o mesmo no Samba. Para isso, adicione as linhas abaixo dentro da seção [global] do smb.conf:

map to guest = bad user
guest account = guest

A primeira opção faz com que sempre que um cliente especificar um usuário inválido ao tentar acessar o servidor, o servidor mapeie a requisição para o login especificado na opção “guest account”, que é usada para acessar o
compartilhamento. Neste exemplo, qualquer usuário não autenticado passaria a usar a conta “guest”, que deve ter sido previamente cadastrada no servidor. Você pode também usar qualquer outra conta válida, como em “guest account = maria”.

Uma opção menos usada é a “map to guest = bad password“. Ela se diferencia da “map to guest = bad user” pois permite o acesso apenas caso o usuário especifique um login válido, mas erre apenas a senha. O
principal motivo dela não ser muito usada é que ela confunde o usuário, já que ele ou vai achar que está realmente logado no servidor (quando na verdade está apenas acessando de forma limitada através da conta guest) ou vai passar a achar que o servidor
aceita qualquer senha.

Para que os usuários não-autenticados possam acessar os compartilhamentos, você deve explicitamente autorizar o acesso, adicionando a opção “guest ok = yes” na configuração, como em:

[global]
netbios name = Sparta
workgroup = Grupo
map to guest = bad user
guest account = guest

[publico]
path = /mnt/sda2/publico
writable = yes
guest ok = yes

Note que no exemplo usei a opção “writable = yes”. Entretanto, para que os usuários não-autenticados possam efetivamente escrever na pasta, é necessário verificar se as permissões de acesso da pasta permitem que a conta
especificada (“guest” no exemplo) altere os arquivos. Como disse anteriormente, o Samba está subordinado às permissões de acesso do sistema.

Outra opção comum em compartilhamentos públicos é a “guest only = yes” (usada no lugar da “guest ok = yes”, na seção [global]). Ela simula o “simple sharing” do Windows XP, mapeando qualquer acesso para a
conta guest, sem sequer abrir o prompt de login para o cliente.

Vamos então a mais um exemplo de configuração do smb.conf, desta vez usando a conta guest para criar um servidor de arquivos público. Ele possui duas partições de arquivos (montadas nas pastas “/mnt/hda2 e “/mnt/sda1”) que
ficam disponíveis a todos os usuários da rede:

[global]
netbios name = Plutus
server string = Servidor público
workgroup = Grupo
local master = yes
os level = 100
preferred master = yes
wins support = yes
map to guest = bad user
guest account = gdh

[arquivos]
path = /mnt/hda2
writable = yes
guest ok = yes

[backups]
path = /mnt/sda1
writable = yes
guest ok = yes

Esta configuração é bastante simples e a prova de falhas. O servidor vai assumir a função de master browser, se responsabilizando pela navegação dos clientes e vai mapear qualquer acesso para a conta “gdh” usada na opção
“guest account”, permitindo que qualquer um possa ler e gravar arquivos nos dois compartilhamentos.

As duas principais observações são que o usuário “gdh” deve ser um usuário real do sistema, cadastrado no servidor Samba, e que ele deve ser o dono das duas pastas compartilhadas, de forma que não tenha problemas para
acessar seu conteúdo. Isso pode ser feito usando os 4 comandos a seguir:

# adduser gdh
<senha>
# smbpasswd -a gdh
<mesma senha>
# chown -R gdh:gdh /mnt/hda2
# chown -R gdh:gdh /mnt/sda1

Essa configuração é ideal para pequenos servidores de rede local, que devem apenas disponibilizar arquivos na rede, sem muita segurança. Ela é similar ao exemplo de configuração para um servidor de arquivos público que
incluí no livro Redes, Guia Prático.

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