Configurando o QoS no DD-WRT

Começando do básico, o DD-WRT permite que você estabeleça regras de tráfego baseadas em três fatores:

a) Serviços de rede: A configuração mais comum, onde você pode indicar diretamente um serviço de rede (Skype, Bittorrent, etc.). A interface oferece regras pré-programadas que já incluem a configuração de portas necessária. Esta é a configuração mais usada e as regras podem ser aplicadas automaticamente para toda a rede, fazendo com que as chamadas do Skype ou partidas multiplayer do Left 4 Dead tenham prioridade sobre transferências P2P por exemplo.

b) Endereço IP, máscara ou endereço MAC: É possível também criar regras complementares, baseadas em endereços IP, máscara de sub-rede ou endereços MAC, limitando ou priorizando o tráfego de um determinado endereço ou faixa de endereços da rede, independentemente de qual tipo de tráfego seja utilizado. Isso permite que você segmente a rede, dando prioridade para determinados segmentos (funcionários trabalhando, por exemplo) em detrimento de outros (visitantes, etc.).

c) Porta Ethernet: Nos modelos que oferecem um switch integrado, é possível também criar regras com base em portas ethernet específicas, afetando todos os PCs conectados a um switch ou dispositivos conectados a um outro ponto de acesso, por exemplo. A vantagem de criar regras com base em portas em vez de endereços é que você elimina a possibilidade de que os clientes bipassem as regras modificando os endereços. Uma observação é esta função funciona apenas em modelos baseados no chipset ADM6996L e alguns poucos outros chipsets.

O primeiro passo para configurar o QoS é estabelecer limites gerais para o uso da banda. Isso permite que o QoS tenha espaço para respirar, ficando sempre com uma percentagem do link livre para uso imediato:

A recomendação geral é que você especifique um valor (em kbits) equivalente à 85% da velocidade da conexão. Se você tem um link com 8 megabits de download e 1 megabit de upload por exemplo, o cálculo recomendável seria:

Downlink: 8 * 1028 * 0.85 = 6953 kbps
Uplink: 1 * 1024 * 0.85 = 870 kbps

Naturalmente, o cálculo deve levar em conta as velocidades reais e não os valores prometidos pela prestadores de serviços. Se você tem uma conexão de “2 megabits” que na prática oferece apenas 500 kbps, então o cálculo deve ser aplicado aos 500 kbps.

Pode parecer contra-produtivo já começar a configuração do QoS limitando a velocidade da conexão (afinal, a ideia seria melhorar a velocidade e não reduzi-la) mas esta é a única forma de fazer o QoS funcionar adequadamente. Toda a ideia por trás da operação do QoS é que o gargalo da rede passe a ser o roteador, onde as regras podem ser aplicadas e o tráfego priorizado. Se o gargalo passa a ocorrer em outro ponto da rede (sobre o qual o sistema não tem controle) as regras deixam de funcionar. O princípio é justamente sacrificar um pequeno percentual da banda da rede em troca de um uso mais eficiente da conexão e priorização das tarefas mais importantes, como no caso do Skype e outros serviços VoIP, onde o mais importante é a latência e não a velocidade da conexão.
Para o QoS, é mais importante limitar a taxa de upload do que de download, já que é mais fácil limitar a velocidade em que as requisições saem do que tentar limitar a velocidade com a qual os dados voltam (que depende do servidor remoto e do link do provedor). Depois de testar os limites por algum tempo e ver que o QoS está funcionando corretamente, você pode experimentar aumentar o percentual da taxa de download para 90 ou mesmo 95% da velocidade da conexão, mantendo apenas o upload nos 85%. Na maioria dos casos, o QoS continuará tendo espaço para fazer seu trabalho, mas você não precisará sacrificar um percentual tão grande do link.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X