Overclock no Celeron

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Celeron sem cache

O Celeron, vendido em versões de 266 e 300 MHz, nada mais é do que um Pentium II desprovido do cache L2 integrado, o que causa uma brutal diminuição da performance. De fato, além de em termos de desempenho ficar muito atrás do seu irmão mais velho, o Celeron perde também para os processadores MMX, K6 e Cyrix do mesmo clock, sendo alvo de duras críticas por parte de praticamente toda a imprensa especializada. Porém, este defeito do Celeron acaba tornando-se sua maior arma quando falamos em overclock.

O Celeron é fabricado usando a arquitetura Deschutes, a mesma utilizada nos processadores Pentium II de 333, 350, 400 e 450 MHz, assim como no Pentium II Xeon. Isto combinado com a ausência do cache L2, justamente o maior impecilho para o overclock nestes processadores, torna possível aumentar de forma bastante generosa sua velocidade de operação.

O problema porém, é que como na maioria dos processadores Intel, não é possível aumentar seu multiplicador, de modo que apenas poderemos roda-lo a freqüências mais altas em placas mãe equipadas com o chipset i440BX ou equivalentes, que permitem o uso de barramento de 100 MHz. Conseguimos então rodar o Celeron de 266 MHz a 400 MHz (4x 100) ou 412 MHz (4x 103) com boa estabilidade. Muitas pessoas também relatam ter conseguido rodar o Celeron 266 a 4x 112 (448 MHz) sem problemas, porém subindo a voltagem de 2,0 para 2,2 Volts.

Sem dúvida, rodando a estas freqüências o Celeron torna-se uma opção interessante, pois a 400 MHz por exemplo, apresenta um desempenho equivalente a um Pentium II de 300 MHz, custando bem menos da metade do preço. O Celeron de 300 MHz também roda bem a 400 MHz, diminuindo neste caso seu multiplicador para 4x. São raros porém os casos de pessoas que conseguiram rodar estavelmente o Celeron de 300 MHz a 450 MHz.

Mesmo que você esteja usando uma placa mãe mais simples, equipada com o chipset 440LX ou mesmo com o 440FX, você poderá aumentar a velocidade do barramento para 75 MHz, conseguindo aumentar a velocidade de operação do Celeron 266 e 300 para respectivamente 300 e 337 MHz.

Para dificultar um pouco as coisas, a Intel criou uma maneira de tentar impedir que rodemos o Celeron com BUS de 100 MHz. Como já vimos, em se tratando de Slot 1, tanto a velocidade interna e externa do processador, assim como a voltagem utilizada por ele é automaticamente detectada pela placa mãe. A grande maioria das placas porém permite que alteremos livremente estes valores através de jumpers ou do Setup. No caso do Celeron, é usado o pino B21 do processador para sinalizar que a placa mãe deve setar a velocidade do barramento para 66 e não 100 MHz. Por pressão da Intel, a maioria das placas mãe não permitem que aumentemos a velocidade do barramento de 66 para 100 MHz. Alguns fabricantes porém, criaram placas sem este impecilho, que apesar de detectarem a velocidade “normal” de operação do processador, não nos impedem de alterá-la a nosso gosto. Exemplos de placas com este recurso são as Abit BX6 e Abit BH6.

Mas como sempre se consegue dar um “jeitinho” pra tudo, não demorou para os micreiros descobrirem uma maneira de driblar esta proteção. Assim, mesmo que você possua uma placa com chipset BX, que não permita aumentar a velocidade do barramento de 66 para 100 MHz, impossibilitando o overclock do Celeron, você poderá faze-lo usando esta técnica.

O processador utiliza o pino B21 para indicar que a placa mãe deve setar a velocidade do barramento para 66 MHz. Olhando a parte de trás do processador e contando da direita para a esquerda, o B21 é justamente o 21º contato, como você pode ver na foto a seguir.

A técnica consiste em de alguma forma isolar o pino B21, impedindo que o sinal chegue à placa mãe. Neste caso, a velocidade do barramento ficará em aberto, podendo ser setada livremente. Apenas a parte inferior do pino deve ser isolada, justamente a parte que está assinalada na figura. Além de desnecessário, ao tentar isolar a parte mais fina do pino provavelmente você acabará isolando também os pinos de cima, fazendo com que o processador deixe de funcionar corretamente até que a cobertura seja removida.

Para isolar o pino você pode usar um pedaço da fita magnética de uma fita K-7, colada com super-bonder, ou mesmo um pedaço de durex.

No caso de usar durex, certifique-se de que a fita está bem presa e encaixe o processador com o máximo de suavidade, pois caso a fita se desprenda durante o encaixe, além do pino não ser isolado existe o risco de danos ao processador ou mesmo à própria placa mãe. Alguns mais radicais pintam o pino com tinta isolante, ou mesmo o destroem com algum objeto de metal. Claro que esta última é uma opção bastante radical, e justamente pelos riscos de danos ao processador e por ser irreversível, não é recomendável.

Como toda gambiarra, o uso desta técnica não é muito aconselhável, sendo preferível no caso de você pretender rodar o Celeron com barramento de 100 MHz, adquirir uma placa mãe que não possua a freqüência de barramento travada. Exemplos de placas com esta vantagem são a Abit BX6 e Abit BH6.

No caso das placas Abit e outras placas Jumperless, onde a configuração do BUS e do multiplicador é feita através do Setup, pode ser que o sistema fique travado caso você tente usar uma freqüência não suportada pelo processador ou pelas memórias. Neste caso, apague o CMOS mudando a posição do CMOS Discharge jumper (caso a sua placa seja jumperless, ele será o único jumper da placa mãe, em caso de duvida consulte o manual). Apagando o CMOS, o processador será novamente detectado, e o sistema voltará a funcionar. Obviamente, você terá que reconfigurar o Setup.

Celeron A (com cache)

Justamente devido à sua baixa performance, causada pela ausência de cache L2, o Celeron não se tornou um grande sucesso de vendas. A Intel então resolveu tentar “virar a mesa” incluindo uma pequena quantidade de cache L2 nas novas versões do Celeron.

Ao contrário do Pentium II, onde o cache L2 roda na metade da freqüência do processador, no novo Celeron chamado de Celeron A ou Celeron “Mendocino” ele roda na mesma freqüência do processador. Isto acaba compensando em grande parte o fato do Celeron possuir apenas 128 KB de cache contra 512 KB do Pentium II. De fato, o novo Celeron apresenta um desempenho muito pouco inferior a um Pentium II do mesmo clock, menos de 3% na maioria das aplicações, tornando-se uma ótima opção de compra.

Como já vimos, o maior impecilho ao overclock nos processadores Pentium II é justamente o cache L2. Quando foi anunciado que a Intel incluiria uma pequena quantidade de cache no Celeron, todos pensaram que isto impossibilitaria os generosos overclocks possíveis em sua versão anterior, o que felizmente não se concretizou.

No novo Celeron é utilizado o mesmo cache L2 encontrado nas versões de 450 MHz do Pentium II Xeon. Mais uma característica importante é que no Celeron Mendocino o cache compartilha o mesmo invólucro metálico do núcleo do processador, o que facilita seu resfriamento através de coolers.

Estas duas características combinadas permitem que rodemos sem grandes dificuldades a versão de 300 MHz do Celeron Mendocino a 450 MHz, aumentando a velocidade do barramento de 66 para 100 numa placa mãe com chipset i440BX ou equivalente. Este overclock funciona sem problemas na grande maioria dos casos, geralmente sequer causando uma grande aumento na temperatura de funcionamento do processador.

Um grande impecilho é o multiplicador de clock destes processadores que é travado: além de não podermos subir o multiplicador, também não podemos diminui-lo. Isso dificulta bastante a vida dos “overclockers”, pois no caso de não conseguirmos rodar estavelmente o Celeron A a 450 MHz, não temos a possibilidade de tentar consegui-lo a 400 MHz.

No máximo poderemos tentar velocidades inferiores de barramento, como 75 MHz, o que já não permitiria uma aceleração tão grande do processador.

Em muitos casos, para que o Celeron Mendocino de 300 MHz rode estavelmente a 450 MHz, é necessário aumentar sua voltagem de 2,0 V para 2,2 V. Isto não chega a causar um aquecimento exagerado do processador. Teoricamente porém isto diminuiria sua vida útil. Digo teoricamente, pois, enquanto escrevo este livro, ainda não obtive notícias de queimas desses processadores, mas baseado em experiências com outros processadores, acredito que a vida útil do Celeron Mendocino de 300 MHz overclocado para 450 MHz com voltagem de 2,2 deva ser de pelo menos 5 ou 6 anos, desde que com uma boa refrigeração.

O maior impecilho para overclock nestes processadores continua sendo o barramento travado em 66 MHz devido à sinalização do processador. Para complicar um pouco mais a brincadeira, agora também temos o problema com a voltagem, já em quase 40% dos casos só se consegue rodar o Celeron Mendocino de 300 MHz à 450 subindo a voltagem para 2,2 V.

Como no caso do barramento, a voltagem é sinalizada pelo processador através de alguns de seus contatos. O Celeron Mendocino usa os pinos A119, A120, A121, B119 e B120 para sinalizar a voltagem. Normalmente a voltagem sinalizada é 2,0 V, mas isolando a combinação certa de contatos podemos fazer com que seja sinalizada qualquer voltagem entre 1,8v e 3,5v.

Para que seja sinalizada a voltagem de 2,2 V, devem ser isolados os pinos A119, A121 e B119. A localização deste pinos pode ser observada nas fotos a seguir:

Isolar o pino B21 para destravar a velocidade do BUS é apenas uma gambiarra que na pior das hipóteses obrigaria você a arrumar uma pinça pequena para retirar um pequeno pedaço de fita adesiva de dentro do slot one. Agora porém estamos brincando com a voltagem do processador, o que no caso de uma configuração errada pode até mesmo queimá-lo.

Se por engano, ao invés de isolar os pinos A119, A121 e B119, você isolasse o A120, o A121 e o B120, a voltagem sinalizada seria 3,2V, o que seria suficiente para literalmente fritar o processador. Se o pino B119 fosse mal isolado, e ao encaixar o processador no slot one ele passasse a apresentar contato novamente, teríamos isolados apenas os pinos A121 a A119, o que sinalizaria uma voltagem de 3,0V, novamente suficiente para transformar seu processador em churrasquinho de silício.

Este procedimento de isolar os pinos para alterar a voltagem sinalizada pelo processador é razoavelmente perigoso, se você pretende arriscar, tenha em mente que qualquer erro pode obriga-lo a pegar o talão de cheques e ir comprar outro processador…

Se você pretende overclocar o Celeron Mendocino, então é recomendável que adquira uma placa mãe que não tenha travada a velocidade do barramento e permita alterar livremente a voltagem através do Setup. Atualmente, as únicas placas que preenchem ambos os requisitos são a Abit BX6 a Abit BH6. Apesar de mais caras que as xx-Pró encontradas no mercado, adquirir uma destas placas irá poupa-lo da dor de cabeça e dos riscos de ficar isolando contatos do processador, sem contar que a qualidade destes equipamentos é infinitamente superior à das placas mais baratas.

Apesar da versão de 300 MHz do Celeron A ser a melhor opção caso você pretenda fazer overclock, as versões de 333, 366 e 400 MHz também oferecem boas possibilidades. Basicamente, todas as versões do Celeron A, de 300 a 433 MHz, são o mesmo processador, apenas com o multiplicador travado em posições diferentes. Isso explica por que conseguimos rodar o Celeron de 300 MHz a até 504 MHz (4,5x 112 MHz), um overclock de quase 70%, e a versão de 400 MHz não passa de 498 MHz (6x 83 MHz), menos de 25%. Independentemente da versão do Celeron A, a velocidade limite para o overclock gira em torno de 500 MHz, ficando o limite de funcionamento com boa estabilidade em torno de 450 ou 470 MHz. Justamente por isso, a versão de 433 MHz não é muito aconselhável, já que jamais passaríamos de 487 MHz (6,5x 75).

O Celeron de 333 MHz roda bem a 375 (5x 75) e 415 MHz (5x 83), rodando também a 500 MHz (5x 100) em cerca de 40% dos casos, desde que com uma boa refrigeração. Na versão de 366 MHz temos garantidos apenas 412 MHz (5,5x 75). Com uma boa refrigeração é possível conseguir 456 (5,5x 83) na maioria dos casos, mas não espere passar disso.

Finalmente, a versão de 400 MHz roda estável a 450 MHz (6x 75), chegando a 498 (6x 83) em alguns casos (sem garantia de estabilidade). Finalizando, a versão de 433 MHz não passa de 487 MHz (6,5x 75).

Em todos os casos, é preciso destravar a freqüência do barramento, isolando o pino B21, ou então usar uma placa mãe que permita alterar a freqüência livremente. Em muitos casos também é preciso aumentar a voltagem para 2,1 ou 2,2 V.

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