O grande problema é que os links de fibra óptica são muito caros, de forma que eles são viáveis para interligar grandes roteadores, datacenters e provedores de acesso, mas não para levar a conexão até os assinantes individuais.
Empresas de telefonia e grandes provedores de acesso assumem então a função de atravessadores, locando os links de fibra óptica (ou criando suas próprias redes de interconexão) e revendendo a banda a empresas menores e aos assinantes individuais através de diferentes modalidades de acesso. Surge então o problema da “última milha” que é justamente como levar o sinal dos roteadores da operadora, ou do provedor de acesso (onde estão ligados os links de fibra óptica) até o usuário final, que é solucionado através das diferentes opções de acesso à web.
Tudo começou com os modems discados, que utilizam o sistema telefônico comutado para transmitir dados. Foram eles que possibilitaram a explosão do acesso à Internet a partir de 1995, quando os links dedicados tinham custos proibitivos e as outras opções de acesso ainda estavam engatinhando.
Os primeiros modems domésticos (usados durante a década de 70) transmitiam a apenas 110 bps, mas eles gradualmente evoluíram até os modems V.34+, que transmitem a 33.6 kbps.
Durante muito tempo, acreditou-se que este seria o limite final dos modems discados, devido à forma como trabalha o sistema telefônico comutado. Todas as chamadas de voz (incluindo aí as conexões via modem) são transmitidas de forma analógica apenas da sua casa até a central telefônica. Chegando na central, o sinal é digitalizado e transmitido através de um canal dedicado de 64 kbits. Este seria o limite fundamental para qualquer modem discado, já que ele não pode transmitir mais rápido do que o link digital entre as centrais permite. A questão é como chegar o mais perto possível dele.
Usando dois modems discados, um de cada lado da conexão, o sinal passa por duas conversões: uma analógico/digital (ao chegar na central do seu bairro) e mais uma, digital/analógica (ao chegar na central usada pelo modem do outro lado da conexão). A conversão digital/analógico do outro lado não é um grande problema, mas a conversão analógico/digital feito pela central inicial atenua bastante o sinal, reduzindo a velocidade prática da conexão aos 33.6 kbits oferecidos pelo padrão V.34+:
O padrão V.90 conseguiu derrubar esta limitação eliminando a conversão analógico/digital no sentido provedor > usuário, fazendo com que os provedores de acesso fossem conectados ao sistema telefônico via ISDN, frame relay ou outro sistema digital. A velocidade de download passou então a ser de 56k (na prática 53k, devido a limitações impostas pelos órgãos regulatórios). Entretanto, a velocidade de upload continuou sendo de 33.6, sem avanços com relação ao protocolo anterior.
Em 1999 surgiu o padrão V.92 que, através de uma otimização cuidadosa do protocolo, conseguiu aumentar a taxa de upload para 48k, apesar da conversão analógico/digital no sentido usuário > provedor. Ele trouxe também avanços como o quick connect (que reduziu o tempo necessário para efetuar a conexão) e o modem on hold, que permitia congelar a conexão, de forma a atender uma chamada telefônica e depois restaurar a conexão. Apesar disso, a taxa de download continuou sendo de 56k.
O acesso via modem é ainda uma modalidade de conexão muito usada, já que é possivelmente a única modalidade de conexão que não tem um custo fixo, ou seja, você usa a linha telefônica que já tem e paga apenas os pulsos referentes ao tempo que ficar conectado, muitas vezes discando para um provedor gratuito. Ele tem também a vantagem de estar disponível em muitas áreas distantes, onde o acesso via ADSL ou cabo ainda não está disponível.
Os dois problemas fundamentais com os modems é que a conexão é muito lenta e o custo dos pulsos torna o acesso muito caro para quem fica muitas horas conectado. Isso tem feito com que ele perca espaço rapidamente para as conexões de banda larga.
A primeira alternativa ao acesso discado foi o ISDN. Nele o modem instalado na sua casa cria um link digital com a central (na verdade um sinal digital transmitido dentro de um portador analógico), eliminando a conversão e permitindo aproveitar os 64k reservados para a chamada de voz.
Para tornar o serviço mais atrativo, as operadoras instalam duas linhas, de forma que você pode usar uma para conectar e outra para receber chamadas de voz, ou usar as duas simultaneamente para se conectar a 128k. O grande problema do ISDN é o custo: além do custo do modem e das taxas para habilitar o serviço, você continua pagando pulsos (em dobro se resolver conectar a 128k), o que explica por que o ISDN sempre foi tão pouco usado no Brasil.
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