A base da interface do KDE 4 é o uso de widgets (chamados de plasmóides) como elementos visuais no desktop. A ideia central é oferecer uma evolução do tradicional conceito de ícones, permitindo que você equipe seu desktop com miniaplicativos diversos, que mostrem informações importantes, permitam acesso rápido a funções diversas, ou que simplesmente atuem como elementos decorativos. Essa abordagem é adotada também pelo Vista, onde você pode adicionar miniaplicativos na barra lateral. A principal diferença é que no KDE 4 você fica livre para posicioná-los em qualquer ponto do desktop.
Conforme você abre aplicativos, os widgets acabam ficando soterrados embaixo de várias camadas de janelas, mas você pode ter acesso rápido a eles usando o botão “Mostrar área de trabalho” (que acaba sendo muito conveniente quando deixado na barra de atalhos), ou usar o Ctrl+F2 para chavear para a segunda área de trabalho, tendo acesso assim a um desktop limpo. Outra opção é usar o Ctrl+F12 (um atalho usado também no MacOS X), que esconde a barra e todas as janelas, dando acesso rápido aos widgets.
Outra característica interessante é que todos os widgets que executam uma ação quando clicados (como no caso do relógio, que mostra o calendário), podem receber atalhos de teclado, basta clicar com o botão direito sobre o widget e acessar as configurações. O atalho permite que o widget “salte à frente” de outros aplicativos, de modo que você tenha acesso instantâneo às informações exibidas por ele.
As funções centrais de adicionar novos widgets e ajustar as opções, são acessíveis através do ícone no topo da tela. Basta usar a opção “Adicionar widgets”. No menu estão disponíveis diversos aplicativos, como a lixeira, relógio analógico, monitor de bateria, calculadora, lançador de aplicativos e assim por diante. Os widgets podem ser desenvolvidos em diversas linguagens, o que garante que opções de enfeites não vão faltar:
Ao clicar no “Instalar novos widgets” você tem acesso a uma janela alimentada pelo KNewStuff, que permite obter novos widgets a partir de diversas fontes, em um sistema que lembra um pouco os complementos do Firefox.
Os widgets propriamente ditos lembram um pouco as barras do antigo SuperKaramba (que permite criar efeitos de transparência no KDE 3.x, criando janelas e menus transparentes, que podem ser posicionados livremente sobre a área de trabalho), mas o novo sistema é bem mais flexível e poderoso, com widgets renderizados em SVG, que podem ser redimensionados e movidos livremente.
Essa flexibilidade dá uma sensação de fragilidade, como se qualquer clique acidental pudesse desconfigurar completamente o desktop, mas depois de organizar os widgets você pode usar a opção “Bloquear widgets” para travar as posições.
De acordo com a configuração, o KDE 4 pode exibir os ícones no desktop, da forma usual, ou pode eliminá-los completamente, exibindo apenas os plasmóides. A configuração é acessada clicando com o botão direito sobre a área de trabalho:
No KDE 4.1, a opção de exibição de pasta apenas adicionava um plasmóide com uma janela transparente do gerenciador de arquivos, mas no 4.2 a exibição de ícones “reais” foi restaurada.
Um recurso interessante é que, ao usar a exibição sem ícones, o sistema se encarrega de criar novos widgets automaticamente quando você tenta arrastar ícones do iniciar para o desktop, criando widgets que se parecem com ícones de atalho.
Diferente do KDE 3, onde a barra de tarefas era um aplicativo separado, no KDE 4 ela é apenas mais um plasmóide, assim como todos os demais elementos da tela. Por default, todos os elementos da barra, incluindo os ícones de atalho ficam fixos e você não consegue mudar nada de posição. Para personalizar a barra, clique no ícone do plasma do lado direito. Ele abre uma barra adicional, com as opções de edição:
Enquanto a barra estiver aberta, você pode mover os ícones, alterar o alinhamento e fazer outras personalizações livremente. Ao terminar a edição, basta fechar a barra e os ícones ficam novamente presos.
O mesmo se aplica a muitos dos menus de configuração. Para configurar as opções da barra, fazendo com que os aplicativos não sejam mais agrupados e com que a barra exiba apenas os aplicativos da área de trabalho atual, por exemplo, você deve clicar no widget de configuração e só depois clicar com o botão direito sobre a barra para ter acesso à opção de configuração:
O próprio lançador de aplicativos passou por mudanças, incorporando o Kickoff do OpenSUSE, como opção ao menu clássico. Ele pode ou não vir ativado por padrão, de acordo com a distribuição usada, mas em ambos os casos, basta alterar o modo de exibição do menu:
O KDE 4 é um projeto bastante ambicioso, que demorou para atingir a maturidade. Por ser radicalmente diferente da versão anterior, as mudanças provavelmente nunca irão agradar a todos. Entretanto, acertando ou errando, isso mostra que os desenvolvedores estão em busca de novas ideias e novos conceitos para a melhora da interface, o que é sempre positivo.
Ironicamente, um dos grandes obstáculos enfrentados pelo KDE 4 foi justamente o grande sucesso do KDE 3.5, que ao longo de sua evolução se tornou um ambiente extremamente estável, leve e flexível. Ao tentar portar todas as funcionalidades para o KDE 4, os desenvolvedores se depararam com um trabalho inesperadamente árduo, o que explica as dificuldades com o KDE 4.0 e o 4.1.
Embora a biblioteca QT 4 ofereça um consumo de memória mais baixo que a QT 3 (usada no KDE 3.5), o novo sistema de renderização do KDE 4 e o uso do plasma aumentaram consideravelmente o consumo de memória e de processamento em relação ao KDE 3.5, um problema que ainda deve demorar para ser resolvido. Felizmente, temos hoje opções como o XFCE e o LXDE (sem falar no próprio KDE 3.5, que continua sendo usado em diversas distribuições) que atendem a quem precisa de um ambiente mais leve.
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