7. Enlaces via satélite

Quando estamos lidando com links de comunicação através de centenas ou milhares de quilômetros, o investimento necessário para criar uma infraestrutura baseada em fibras ópticas ou mesmo em estações repetidoras de rádio pode se tornar proibitivo e inviável economicamente, neste tipo de situação o uso satélites artificiais em órbitas geoestacionárias dispensa todos estes investimentos, tornando possível atingir até mesmo áreas remotas e pouco povoadas. Dentre as principais aplicações de comunicações via satélite é possível destacar:

  • Fornecimento de serviços de áudio, video e dados

  • Redes ponto-a-ponto ou ponto-multiponto com tráfego simétrico ou assimétrico

  • Permite broadcast de sinal.

  • Ampla cobertura nacional e internacional

  • Oferece qualidade e preço independente de distância

  • Alta confiabilidade e disponibilidade, sendo esta último maior que 99,8% ao ano na maioria dos casos.

7.1 Topologia Básica

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Figura 17 – Topologia de sistema de comunicação via satélite

7.2 Órbitas de satélites

A órbita é a trajetória que um corpo percorre em redor de outro sob a influência de alguma força, sendo esta normalmente gravítica”

Fonte: Encyclopædia Britannica

Existem diferentes tipos de órbitas para diferentes tipos de aplicações de satélites, sendo elas:

  • LEO – Low Earth Orbit

  • MEO – Medium Earth Orbit

  • GEO – Geostationary Earth Orbit

A tabela abaixo demonstra as principais diferenças entre elas.

Característica
GEO
MEO
LEO
Altura de órbita
35.786 km
5.000 ~ 20.000 km
500 ~ 2000 km
Período de órbita
24 horas
5 ~ 12 horas
1 ~ 2 horas
Velocidade
11.070 km/h
~16.000 km/h
~27.000 km/h
Visibilidade no céu
24 horas
2 ~ 5 horas
10 ~ 15 min
Delay típico
250ms
133ms
6ms
Uso típico
Serviços Fixos (TV, redes ponto a ponto…)
Posicionamento (GPS), navegação e sincronismo de redes
Serviços Móveis (Telefonia via Satélite)

Um satélite em órbita GEO, sem nenhum tipo de processamento abordo é basicamente uma estação repetidora de sinal no espaço, cujas principais funções são:

  • Receber ondas portadoras vindas da terra

  • Converter as frequências usadas no lance de subida em frequências usadas no lance de descida.

  • Amplificar sinais.

  • Trocar a polarização dos sinais

  • Retransmitir os sinais para terra.

7.3 Posicionamento e localização de satélites

  • Posição orbital

    • A posição orbital de um satélite geoestacionário (GEO) é dada pela sua localização sobre o equador, medida pela sua longitude.

    • Exemplo: StaroneC1 = 65º Oeste, Amazonas = 61º Oeste.

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Figura 18 – Posição orbital

  • Elevação e Azimute

    • Elevação e azimute são ângulos utilizados para localizar um satélite GEO a partir de um ponto “P” na superfície da terra e também para fazer o apontamento de antenas.

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Figura 19 – Ângulos de apontamento de antenas

7.4 Frequências

A maioria das faixas de frequência utilizadas em satélites encontram-se na banda de SHF, ou seja, de 3GHz até 30GHz, sendo que a banda de operação de um determinado satélite é dividida entre vários transponders, e cada um deles possui a função de amplificar uma determinada faixa de frequências.

Em comunicações via satélite, a frequência utilizada no lance de subida (uplink) será sempre maior que aquela utilizada no lance de descida (downlink) e com polarização contrária. Exemplo: Considerando o satélite starone C1, se o lance de subida possuir uma frequência em 5.9GHz com polarização Vertical o lance de descida irá possuir uma frequência de 3.675GHz com polarização Horizontal e irá se situar dentro do Transponder 02AECO.

7.5 Potências e Vantagens Geográficas

A distribuição de forma adequado dos alimentadores e refletores das antenas do satélite permitem obter diversos mapas e contornos de cobertura de descida e subida, ou seja, áreas dentro das quais os sinais recebidos/transmitidos de/para o satélite apresentam níveis de potência adequados para estabelecer enlaces de comunicação.

  • Vantagem Geográfica de Descida

    • Cada contorno de cobertura de descida, pode mostrar o valor absoluto ou relativo da potência efetiva isotrópica irradiada (EIRP) pelo satélite, sendo que os valores dos diversos contornos são chamados vantagens geográficas de descida.

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Figura 20 – Vantagem geográfica de descida em banda Ku para StaroneC1

Fonte: starone.com.br

  • Vantagem Geográfica de Subida

    • Cada contorno de cobertura de subida pode mostrar o valor absoluto (dBW/m²) ou relativo do fluxo de saturação requerido na antena receptora do satélite a um contorno de referência. Neste caso, os valores dos diversos contornos são chamados de vantagens geográficas de subida

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Figura 21 – Vantagem geográfica de subida em banda Ku para StaroneC1

Fonte: starone.com.br

Existem planos de integrar os mapas de cobertura de satélites em futuras versões do Jubarte, porém é preciso adquirir uma autorização das respectivas empresas para evitar possíveis problemas com propriedade intelectual.

7.6 Características importantes do link

  • Tipo de Modulação

    • BPSK, QPSK, 8PSK ou 16QAM

  • FEC – Forward Error Correction

  • FEC ou correção adiantada de erros é implementada diretamente nos moduladores, sendo responsável por acrescentar bits á informação que irão ajudar o demodular a detectar e corrigir de erros de transmissão. A FEC é definida da seguinte forma:

  • FEC 1/2 = A cada 2 bits transmitidos 1 é informação e 1 é correção

  • FEC 2/3 = A cada 3 bits transmitidos 2 são informação e 1 é correção.

  • Eb/No

    • Fornecido pelo fabricante do demodulador. Possui um valor específico para uma determinada taxa de erro de bit (BER), modulação e FEC.

  • Rb

    • Taxa de transmissão em kbps

  • SM – Safety Margin

    • Margem de segurança do enlace para levar em conta desapontamento da antenas, chuvas, rotação de polarização e envelhecimento dos componentes.

    • Possui um valor típico de 2 a 3dB.

  • FS – Frequency Spacing

    • Espaçamento de frequências é utilizado para incluir uma banda de guarda entre as portadoras.

    • Valores típicos de 1,3 ou 1,4.

  • TA – Antenna Noise Temperature

    • Temperatura de ruído da antena receptora.

  • TABR – LNA Noise Temperature

    • Temperatura de ruído do amplificador de baixo ruído.

  • VG – Geographical Advantage

    • Vantagem geográfica de descida.

Obs: Existe também a Vantagem geográfica de subida, necessária para dimensionar o amplificador e antenas de transmissão. Estes cálculos serão implementados em futuras versões do software.

7.7 Exemplo de dimensionamento de um enlace via satélite

Condições de simulação:

  • Localidades

    • Belo Horizonte – MG (19º 48′ Sul, 43º 57′ Oeste)

    • São Luís – MA (2º.30′ Sul, 44º 18′ Oeste)

  • Satélite

    • StarOne C1

    • Frequência de Uplink = 5.9GHz com Polarização Vertical

  • Informações do Link

    • Taxa de transmissão = 1024 Kbps

    • Modulação = 8PSK

    • Margem de Enlace = 3dB

    • Correção adiantada de erros = 3/4

    • Espaçamento de Frequência = 1.4

  • Estação Receptora

    • Eb/No do Modem para estas condições = 9.3dB

    • Ganho da antena receptora em terra = 40dBi

    • Temperatura de ruído da antena = 15K

    • Temperatura de ruído do amplificador de baixo ruído = 40K

    • Vantagem Geográfica de Descida = 4dB

A partir destas informações vamos utilizar o módulo de satélites do Jubarte para calcular os ângulos de apontamento das antenas nas estações transmissora e receptora, calcular as distâncias da estação transmissora e receptora ao satélite, verificar qual o transponder está sendo utilizado no satélite, calcular a frequência de downlink, calcular a FI dos Modems e por último verificar a viabilidade do enlace entre as localidades.

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Figura 22 – Viabilidade de enlace via satélite

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