Os novos utilitários
Como disse, o suporte a dispositivos USB melhorou bastante nesta nova versão. A primeira coisa que realmente me surpreendeu foi que a minha QuickCan Express foi reconhecida automaticamente durante a instalação. O instalador sequer mencionou qualquer coisa sobre a câmera, mas logo no primeiro boot vi um atalho para o XawTV no desktop. Como o nome sugere, este programa serve para assistir TV no PC. Ele não é instalado por padrão e a configuração também não é particularmente simples. Mas, ao instalar na máquina com a QuickCan o XawTV já foi automaticamente configurado e ao clicar sobre o ícone no desktop vejo justamente a imagem da minha Webcan 🙂 Não precisei sequer instalar nenhum software, como seria necessário no Windows.
A janela de opções do XawTV tem as opções básicas, como ajuste da imagem, possibilidade de tirar fotos e vídeos, etc. Segundo a documentação do Mandrake a Webcan também funcionará em outros programas de captura de vídeo e video-conferência, embora não tenha testado nenhum.
Outro ponto que melhorou foi o suporte a scanners USB, que agora são automaticamente detectados ao serem plugados. Assim como no caso da Webcan, aparecerá um ícone no desktop que abrirá o Xsane diretamente na opção de capturar a imagem do scanner.
É possível obter informações sobre os periféricos UBS instalados e verificar se eles estão sendo ou não detectados corretamente pelo sistema usando o UsbView. Ele é instalado automaticamente caso você mantenha qualquer periférico USB plugado durante a instalação.
Também são suportadas uma grande quantidade de câmeras digitais, tanto os antigos modelos seriais quanto modelos USB (isto não é uma exclusividade do Mandrake 9.0, mas uma característica compartilhada pela maioria das distribuições atuais). Abrindo o gPhoto (ou outro programa de edição de imagem com suporte à câmeras digitais) basta acessar a opção “Configure” e apontar o modelo e a porta usada pela câmera, entre os suportados:
Naturalmente, esta moleza toda só vale para os modelos suportados, mas mostra como pode ser fácil instalar o Linux caso todo o Hardware da máquina seja bem suportado. Isto é fácil de conseguir caso você faça uma pesquisa rápida antes de montar seu próximo micro. As dificuldades que muitos usuários enfrentam decorrem justamente disto. Tentar instalar qualquer distribuição Linux num daqueles K6-2 450 + M598 + Som/Rede/Modem/Video onboard que vendiam aos montes a um ano atrás pode ser um verdadeiro pesadelo. O pior é que em muitos casos o usuário culpa os desenvolvedores, enquanto deveria ficar bravo com quem vendeu o PC… 🙂
Além do suporte a Hardware, as ferramentas de configuração do Mandrake Control Center também ganharam um belo reforço. Se você chegou a testar os dois primeiros beta do Mandrake 9.0 deve ter notado que neles o Centro de Controle sequer abria. É um exemplo de que é pra isso mesmo que serve o estágio beta, errar pra acertar na versão final.
A primeira coisa que percebemos é que melhoraram bastante a qualidade gráfica dos ícones e outros objetos. Isso pode ser percebido não apenas no Mandrake Control Center, mas em várias partes do sistema. O iniciar está melhor organizado e assim por diante. Melhoraram até aquela proteção de tela padrão 🙂 A maioria é apenas perfumaria, mas juntando tudo temos um sistema mais agradável de utilizar. A partir do momento em que o sistema incorpora um grande número de recursos e passa a ser fácil de usar, são justamente os detalhes que começam a fazer a diferença.
As configurações estão divididas basicamente nas mesmas seções que no 8.2. Na seção Inicialização temos concentradas as configurações do gerenciador de boot, além da possibilidade de criar dois tipos de disquete de boot. O tradicional, que conhecemos bem e o “Disquete de Auto Instalação”, que permite instalar o sistema em outras máquinas com as mesmas configurações (pacotes, serviços ativos, etc.) escolhidas durante a instalação do atual.
Na seção Hardware temos como novidade a ferramenta de instalação de placas de captura de vídeo (talvez ela tenha algo a ver com a configuração da minha QuickCan :-). A configuração de scanners também foi melhorada, com suporte a um número maior de modelos. A ferramenta de configuração de scanners do Mandrake é baseada no Sane, com alguns extras, como o plug-in que detecta o scanner ao ser plugado na porta USB.
Na aba seguinte, “Pontos de montagem” temos acesso à configuração dos pontos de montagem do HD, CD-ROM, além dos utilitários que permitem montar compartilhamentos de máquinas Windows (Samba) e de outras máquinas Linux, seja via Samba ou NFS. Aqui está também o “Compartilhamento de partição”, que foi introduzido no Mandrake 8.2. Ao ativar o compartilhamento aqui, os usuários poderão compartilhar pastas com a rede apenas clicando sobre elas com o botão direito e marcando a opção “compartilhar esta pasta”, como no Windows. Estes compartilhamentos ficam disponíveis tanto via Samba (é preciso que ele seja configurado previamente) quanto via NFS.
Clicando na opção Discos Rígidos você tem acesso ao diskdrake, o mesmo utilitário de particionamento que utilizamos durante a instalação. Recorra a ele sempre que precisa formatar um novo HD, redimensionar uma partição Windows, etc.
Na seção Rede & Internet continuamos com as três opções de sempre para a configuração da rede, encontradas nas versões anteriores. Temos basicamente as mesmas opções configuradas durante a instalação, com a exceção da opção “Compartilhamento da Conexão”, que permite compartilhar a conexão entre os micros da rede de forma bem prática.
Nas opções de segurança temos duas novidades. A primeira é a volta do TinyFirewall, que pode ser ativado na opção Firewall. Ele é um firewall básico que permite apenas desativar o Apache e outros servidores que possam estar ativos no seu sistema. Se você quer um firewall com mais recursos pode utilizar o GuardDog, que está disponível no menu iniciar, seção Configurações. A segunda novidade é o Permissões de Segurança, que permite verificar e alterar as permissões de acesso às principais pastas do sistema. Naturalmente isso pode ser feito até mais rápido via linha de comando, usando o chmod, mas o utilitário facilita as coisas para quem está começando.
Chegamos então à aba “Sistema”. As novidades aqui são a inclusão de um utilitário de backup, o “Arquivos”, que permite criar e restaurar backups do sistema. Ele possui bem mais opções do que aparenta à primeira vista. Você pode agendar os backups, são suportados vários tipos de dispositivos, incluindo naturalmente vários tipos de drives de fita e, claro, a opção de fazer backup via rede. Esta é possivelmente a forma de backup mais prática hoje em dia, já que quatro HDs de 120 GB custam bem menos (e são mais confiáveis) que uma unidade de fita. Outras novidades são a inclusão de uma ferramenta gráfica para agendar tarefas através do at e do cron (o “Lançamento automático de programas”) e um atalho para o userdrake, que permite administrar os usuários do sistema:
O gerenciador de software, que antes fazia parte da seção Sistema, foi desmembrado em quatro opções separadas e ganhou uma seção própria. As duas opções mais básicas são o instalar e apagar programas, que permitem instalar e desinstalar pacotes que fazem parte dos CDs do Mandrake. Este é o lugar certo para vir quando você perceber que esqueceu de instalar “aquele” programa:
As duas opções seguintes são as mais úteis, já que permitem atualizar o sistema. No “Gestão de fonte de programas” você pode escolher os mirrors do Mandrake de onde baixará as atualizações enquanto o “Mandrake Atualização” permite instalar as atualizações propriamente ditas. No meu caso não existe nada a baixar pois a instalação foi feita 3 dias depois do lançamento 🙂
Uma última novidade é a seção “Server Configuration”, onde estão disponíveis vários Wizzards que ajudam na configuração dos servidores instalados no sistema. Estão incluídos Wizzards para o DNS, Apache, Samba, Squid, FTP, etc. Se você já tem experiência com o Linux isso pode parecer inútil, mas eles irão poupar algumas horas de trabalho para quem está começando.
Como você pode observar, o Mandrake Control Center nada mais é do que um conjunto de vários utilitários, organizados numa interface central. Muitos deles podem ser acessados também através do iniciar, na seção configuração.
Além do Control Center temos outros utilitários padrão de configuração, como o Webmin, Swat, Kcontrol, Kuser, Userconf, KCron, entre outros. Temos também um LinuxConf, que apesar de vir com poucas opções se comparado ao utilizado no Conectiva e Red Hat, permite a instalação de módulos adicionais. Outro utilitário que merece ser lembrado é o MenuDrake, ele permite editar os atalhos no iniciar, mas com a diferença de salvar as alterações nos menus de todas as interfaces gráficas. Ao inserir uma entrada para um novo programa ela aparecerá tanto no KDE e Gnome quanto no IceWM, WindowMaker e outras interfaces. Acabou aquela história de ter de editar os arquivos de configuração de cada uma separadamente para atualizar o menu.
Novos programas
O Mandrake 8.2 foi lançado em Março, enquanto o 9.0 saiu agora, dia 25/09. Isto significa que ele incorporou mais de 6 meses de atualizações nos programas, o que no mundo Linux não é pouca coisa.
Temos o KDE 3.03, o Gnome 2.0.1, além do Mozilla 1.1, Quanta Plus 3.0, etc. além das versões mais recentes dos programas encontrados no Mandrake 8.2. A minha única crítica neste sentido é que poderiam ter caprichado um pouco mais nas opções de ícones, temas e add-ons para o KDE. Temos uma única opções de ícones e alguns pontos temas. Também ficaram faltando alguns recursos disponíveis no KDE 3.0.3 “oficial” como a ferramenta que permite gerar galerias de imagens (que usei nas imagens deste artigo) no Konqueror. De qualquer forma, você pode baixar mais temas, ícones e wallpapers no http://themes.kde.org/
Entre os novos aplicativos a principal inclusão é o OpenOffice 1.01 que agora é instalado por default. Infelizmente a versão do OpenOffice incluída é a Internacional, que oferece suporte ao Português de Portugal, mas não ao do Brasil. A versão PT_BR do Open Office foi lançada muito recentemente por isso não tiveram tempo de incluí-la no pacote. Felizmente, é possível instalar o corretor ortográfico PT_BR seguindo esta dica:
A instalação é bastante simples. Basta baixar o .zip com os dois arquivos necessários no:
http://www.ime.usp.br/~ueda/br.ispell/pt_BR.zipEste pacote contém dois arquivos, o pt_BR.aff e o pt_BR.dic. Você só precisa descompactar o arquivo e copiar ambos para a pasta /user/workbook dentro do diretório do OpenOffice.
Na mesma pasta existe um arquivo chamado dictionary.lst. Abra-o num editor de textos qualquer e adicione a linha:
DICT pt BR pt_BR
Logo no início do arquivo.
Feito isto, o dicionário já está instalado. Abra o OpenOffice Writer e clique em Ferramentas > Opções. Acesse a seção Configuração da Língua > Línguas e escolha a opção Português (Brasil) na opção Esquema Local.
Esta receita de bolo serve tanto para a versão Windows quanto para a versão Linux e foi claro, retirada da página oficial do br.ispell:
http://www.ime.usp.br/~ueda/br.ispell/
Entre os programas de e-mail temos o Evolution 1.0.8, o Kmail 1.4.3, além do Sylpeed e do Messager que faz parte do pacote do Mozilla. O gFTP é um cliente de FTP gráfico e com bons recursos, que complementa os clientes de modo texto como o Lftp e o NCFtp. Entre os programas de mensagem instantânea temos o Licq, Gain, Kit, Gabber e o Everybuddy, que cobrem o ICQ, AIM e o MSN, com a vantagem de serem todos bem leves.
Temos ainda uma ferramenta de compartilhamento do desktop o “Virtual Network Configuration”, que permite tanto compartilhar o desktop com outras máquinas quanto acessar outras máquinas. É possível acessar também uma máquina Windows rodando o Terminal Server. Claro, isto é apenas mais um utilitário para facilitar a vida dos iniciantes, o Linux oferece muitas outras opções de acesso remoto, via XDMCP, SSH, VNC, Telnet, etc. que você pode estudar no capítulo 7 do meu e-book.
O Mozilla não vêm com o Flash instalado. Para instalá-lo baixe o pacote flash_linux.tar.gz disponível no: http://www.macromedia.com/shockwave/download/alternates/
Apesar da extensão, o pacote contém o programa já compilado. Basta descompactar, usando o comando “tar -zxvf flash_linux.tar.gz”, ou usando o gerenciador de arquivos e em seguida copiar o conteúdo (usando a conta root) para a pasta de plug-ins do Mozilla, que no Mandrake 9.0 será por default: /usr/lib/mozilla-1.1/plugins Isto fará o Mozilla fechar sozinho. Ao abrí-lo novamente o suporte a Flash já estará ativado.
Concluindo, tivemos mais um salto de qualidade nesta nova versão, mantendo a média de uma nova versão a cada 6 meses, que é na minha opinião um bom “meio-termo” que ao mesmo tempo permite lançar novas versões antes que os principais programas fiquem muito desatualizados, obrigando os usuários a começarem a atualizar muita coisa manualmente sem também cair no erro de lançar novas versões muito frequentemente sem melhorias significativas.
Uma boa notícia é que esta nova versão não é mais pesada que o Mandrake 8.2. O pequeno aumento no espaço ocupado pela instalação padrão do sistema se deve principalmente à inclusão do OpenOffice. Se você não pretende usá-lo, pode desmarcar os pacotes durante a instalação para que seja ocupado um espaço semelhante ao do Mandrake 8.2.
Outro ponto é que alguns aplicativos ficaram mais rápidos nestas novas versões. Entre os desenvolvedores open source sempre existe uma grande preocupação em criar um código limpo e rápido já que outras pessoas verão o código e poderão apontar os erros. É uma questão de defesa da reputação 🙂
É bem verdade que nem sempre isso é possível, mas pelo menos a preocupação existe. Veja o caso do Mozilla por exemplo. A versão atual é bem mais rápida que a 0.94 de oito meses atrás por exemplo, apesar de incorporar mais recursos, ele consome menos memória e consegue montar as páginas bem mais rápido. O próprio KDE 3.0.3 ficou um pouco mais rápido que o 2.2 incluído no Mandrake 8.2, sobretudo na inicialização. No geral, o Mandrake 9.0, roda um pouco mais rápido do que o 8.2, se compararmos duas máquinas de configuração semelhante. Nem sempre o mais atual precisa ser também mais pesado :-).
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