Guia do Mandrake 9.0

Guia do Mandrake 9.0

O Mandrake já é a distribuição Linux mais usada no Mundo e, sob vários aspectos pode ser considerada a que possui um melhor conjunto de recursos para uso em desktops, recomendada sobretudo para quem está tendo seu primeiro contato com o Linux. O Mandrake é fácil, mas sem chegar ao ponto de “mascarar” o sistema, tentando esconder os recursos mais avançados do usuário.

Dia 25/09 tivemos o lançamento da versão 9.0 que veio substituir a já defasada 8.2, lançada em Março. No mundo Linux as distribuições ficam desatualizadas muito rápido, pois toda semana surgem novas versões dos softwares incluídos e novas versões do Kernel, sempre com atualizações importantes e um melhor suporte à dispositivos. Este tutorial é dedicado justamente a apresentar e discutir estas mudanças. Ele serve também como um guia rápido das opções de instalação e utilitários de configuração disponíveis para quem está instalando o Mandrake pela primeira vez. Aperte o cinto e vamos lá 🙂

Instalação

O visual do instalador continua o mesmo, com apenas alguns retoques nos ícones e outros detalhes cosméticos.

O que melhorou mesmo foi o suporte a hardware, principalmente à placas de rede Wireless e periféricos USB. Mouses e impressoras USB são automaticamente detectados e o suporte à placas de som, sobretudo os modelos PCI melhorou bastante. A maior lacuna continua sendo a falta de suporte à softmodems, que precisam ser instalados manualmente depois.

A organização dos pacotes nos CDs também foi alterada. Agora, os dois primeiros CDs possuem 700 MB cada um, concentrando praticamente todos os aplicativos, enquanto o CD 3, com seus 456 MB concentra basicamente os arquivos de internacionalização (ou seja, os pacotes que adicionam suporte ao Português do Brasil e outras línguas), pacotes de documentação e algumas bibliotecas menos usadas. Continua sendo possível instalar com apenas dois, ou mesmo apenas com o primeiro CD, mas sem o terceiro CD você perde o suporte a Português do Brasil na maioria dos programas. É possível instalar manualmente (via Web) os pacotes depois, usando o Mandrake Update, mas o mais prático é já instalar direto com os três CDs.

Abaixo está uma lista de todas as opções dadas pelo instalador, junto com um screenshot de cada uma. Parece que muita gente tem uma curiosidade nata por ver um monte de screenshots do instalador de um novo sistema mesmo que nada tenha mudado :-).

O instalador é bastante flexível. Caso você mude de idéia durante a instalação, é possível voltar à qualquer uma das opções anteriores através dos botões verdes da esquerda. Ao pressionar a tecla F1 você vê a tela de ajuda referente à opção atual. A maior parte das páginas de ajuda do instalador estão em Português. Aliás, a qualidade do suporte ao Português do Brasil no Mandrake 9.0 já está muito próxima à do Conectiva. Vamos às opções:

1- Choose a language to use. Escolhendo Português > Brasil o restante da instalação (bem, pelo menos a maior parte 🙂 é feita na nossa língua e todos os programas com suporte já são automaticamente configurados para o Português). Clicando no botão “advanced’ você terá a opção de instalar linguagens adicionais. O Mandrake suporta um número assustadoramente grande de linguagens, são mais de 60, incluindo várias línguas Asiáticas, que afinal são faladas pela maior parte da humanidade.

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2- Classe de instalação: Padrão ou Avançada? A opção padrão faz menos perguntas, como era de se esperar, mas vou descrever a seguir as opções da instalação avançada. Não se assuste, a idéia é justamente mostrar todas as opções possíveis. Na mesma tela existem também as opções para atualizar uma versão anterior do Mandrake.

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3- Você tem alguma interface SCSI? Sem muitos problemas aqui, o instalador é capaz de detectar quase todas as controladoras sem problemas. Vale lembrar que esta opção é apenas para o caso de você ter uma controladora SCSI, não se aplica a controladoras RAID IDE ou onboard.

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4- Escolha o tipo do mouse. Como disse, mouses USB funcionam normalmente desde o início da instalação, mas você precisa escolher a opção “Roda” para ativar a roda do mouse. O mesmo se aplica a mouses PS/2 e seriais. Logo em seguida você terá a oportunidade de testar o mouse e voltar à tela anterior caso tenha escolhido o modelo errado. Se seu mouse USB não estiver funcionando, provavelmente a opção “USB Controller” ou “USB Support” está desativada no Setup.

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Finalizando, você terá a opção de modificar também o layout do teclado. Ao escolher o Português Brasil o teclado será configurado por default para o layout ABNT-2. Caso você tenha um teclado sem o “ç”, mude para o Americano (Internacional).

5- Nível de segurança. Esta opção especifica o nível de segurança do sistema, não apenas dos servidores, mas também as permissões de acesso a arquivos, etc. As opções vão de “Padrão” a “Paranóico”. A menos que você saiba bem o que está fazendo, escolha o nível padrão, pois os demais irão prejudicar o uso do sistema.

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6- Particionamento do disco. Bem, esta é sempre a parte mais crítica. O utilitário de particionamento é o mesmo usado no Mandrake 8.2. Consulte o capítulo 1 do meu e-book para instruções mais detalhadas de como utilizá-lo e sobre o sistema de partições do Linux. Ao escolher a opção de instalação padrão no início, o instalador simplesmente pergunta se você quer formatar o disco ou instalar em dual boot com o sistema atual, fazendo as alterações necessárias automaticamente. Usando a instalação avançada você tem um maior controle sobre tudo. Não se esqueça que é possível redimensionar partições FAT 32 para instalar em dual boot com o Windows sem precisar formatar.

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7- Quais partições você quer formatar? Aqui você pode escolher quais partições do HD devem ser formatadas antes do início da instalação. Por padrão o instalador formatará apenas a partição montada no diretório raiz (/) e as novas partições criadas com a ajuda do particionador. Caso você esteja atualizando o sistema, ou instalando em dual-boot com o Windows, preste atenção para não formatar as demais partições. Clicando no botão “advanced” você tem acesso também às opções de checar os bad-blocks das partições durante a formatação. Tenha em mente que isso torna a formatação muito demorada.

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8- Escolha os pacotes a instalar. O MDK 9.0 trouxe vários programas e utilitários novos, mas eles continuam agrupados basicamente nas mesmas categorias “Estação de Trabalho”, “Servidor”, “Ambiente Gráfico” (KDE, Gnome e outros), Desenvolvimento e Documentação. A principal inclusão aqui é a de mais uma opção a “LSB”, que instala algumas bibliotecas e arquivos de configuração necessários para atingir compatibilidade total com a Linux Standart Base. É recomendável marcar esta opção, pois são apenas 22 MB que evitam possíveis problemas com alguns aplicativos.

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Uma instalação típica vai ocupar de 1.5 a 2.2 GB, enquanto uma instalação completa ocuparia cerca de 4 GB. No meu caso eu costumo deixar todas as opções marcadas,com exceção das opções “Servidor, Correio/Groupware/News”, “Servidor, Banco de dados”, “Servidor, Firewall/Roteador” e “DNS/NIS”. Com isso tenho uma instalação de cerca de 2.2 GB.

9- Seleção Manual dos pacotes. Esta é uma última chance de marcar ou desmarcar os pacotes que serão instalados, antes do início da instalação propriamente dita. Desta vez você tem acesso à lista completa dos pacotes, ao invés de apenas as categorias. Você pode por exemplo querer marcar o samba-swat ou instalar suporte a mais línguas no OpenOffice ou no Ispell ou desmarcar alguns pacotes na categoria servidor (Apache e Squid por exemplo). Nesta tela você tem também a opção de salvar a seleção atual num disquete, para que possa reinstalar depois na mesma ou em outras máquinas sem precisar escolher um a um de novo. Naturalmente está disponível também a opção para carregar um disquete gerado anteriormente.

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10- Copiando os pacotes. Agora vem a parte automática do processo. Uma instalação de 2.2 GB feita através de um CD-ROM de 32x demora cerca de 40 minutos. Hora de ir fazer outra coisa, ou então aproveitar para dar uma olhada nos slides que são mostrados durante a instalação, que apresentam alguns dos aplicativos.

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11- Senha de root. Bem, qualquer coisa com mais de 8 caracteres que não seja fácil de adivinhar, mas que você consiga se lembrar depois e não fique com preguiça de digitar quando for necessário logar-se como root 😉

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12- Adicionar um usuário. O de sempre, é altamente recomendável usar o sistema como um usuário normal e logar-se como root usando o su ou o kdesu apenas quando for preciso instalar algum programa ou alterar a configuração do sistema.

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13- Autologin. Aqui você pode ativar a opção de login automático, fazendo com que o sistema abra direto a interface gráfica, logando automaticamente como um dos usuários criados anteriormente, sem passar pela tela de login.

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14- Configuração da rede. Esta é possivelmente a parte mais importante da instalação. Não existem novidades aqui, continuam disponíveis as mesmas opções do Mandrake 8.2, que incluem conexões de rede e acesso via ADSL ou cabo, com ou sem PPPoE, além da possibilidade de configurar a conexão via modem, caso você tenha um hardmodem. Consulte o capítulo 1 do meu e-book caso tenha dúvidas. As placas de rede são sempre automaticamente detectadas (com exceção de algumas placas ISA realmente muito antigas) e, caso tenha mais de uma placa, o assistente permitirá configurá-las uma de cada vez, detectando e perguntando as configurações em seqüência. No final existe também a opção de configurar o endereço do proxy, caso você acesse através de um.

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Bem que poderiam ter incluído um utilitário para detectar e configurar softmodems, que incluísse drivers pré-compilados para o Kernel 2.4.19, usado no Mandrake 9.0 e permitisse ao usuário testar vários drivers e opções até encontrar o correto. Mas, enfim… No capítulo 4 do meu e-book você encontrará algumas dicas de como fazer seu softmodem funcionar.

15- Revisão das configurações. O instalador mostrará agora uma lista das opções selecionadas, incluindo o mouse, teclado, fuso horário, impressora e placa de som, dando uma última chance de alterar as opções. Caso você tenha uma placa de som ISA por exemplo, ela provavelmente não será detectada, mas ao clicar sobre o botão o instalador irá instalar o sndconfig e o alsa para que você possa instalá-la facilmente depois da instalação. Basta rodar o “sndconfig” como root que ele se encarregará de detectar e testar a placa de som, é click click .-) Outro detalhe interessante é que clicando sobre a opção da impressora você terá acesso a um utilitário que permite instalar impressoras de rede (além de configurar uma impressora local que eventualmente não tenha sido detectada).

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16- Serviços. Aqui você pode dar uma olhada na lista de serviços que serão inicializados junto com o sistema e desabilitar alguns de que não precise. Alguns possíveis candidatos são o httpd (apache), ipvsadm (para configuração de clusters), squid (servidor proxy), webmin (ferramenta de configuração para servidores, acessada através do endereço https://localhost:10000), sshd (servidor ssh), rwhod (para ver a lista dos usuários logados na máquina via rede, possível brecha de segurança) e upsmon (monitorar a carga do no-break) e mysql (servidor mysql).

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17- Configurar gerenciador de inicialização. A boa e velha configuração do lilo. O instalador irá configurá-lo automaticamente, mas de qualquer forma é bom sempre dar uma revisada nas opções. No final você terá a opção de gerar um disquete de boot.

Descobri um pequeno bug no instalador aqui. Caso você clique em “sim” na opção de gerar o disquete de boot mas você não tenha um drive de disquetes no seu PC, o instalador começa a exibir uma mensagem de erro repetindo-a quando você clica no ok. Ou seja, você fica preso a esta mensagem e não tem como terminar a instalação. Preste atenção e responda “não” caso não tenha um drive de disquetes, caso contrário você não terá outra chance 😉

erro

Um recurso legal que lembraram de incluir no instalador é a possibilidade de a qualquer momento tirar um screenshot simplesmente pressionando a tecla F2. Os screenshots ficam guardados na pasta /root/Drakx-Screenshots, já compactados em PNG e podem ser acessados depois da instalação.

18- Configuração do monitor. Na grande maioria dos casos basta manter o default “Plug’n Play” para que o monitor seja automaticamente configurado. Caso o seu monitor ou sua placa de vídeo sejam antigos e não suporte o recurso, basta indicar ou o modelo do monitor na lista dos fabricantes, ou então a freqüência de atualização suportada por ele na seção “Genérico”.

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19- Configuração da placa de vídeo. A placa de vídeo será automaticamente detectada, mas de qualquer forma o instalador mostra uma lista dos drivers disponíveis para o caso da autodetecção falhar, ou caso você prefira utilizar um driver diferente. Naturalmente, sempre existem algumas placas de vídeo que não são suportadas, mas o número diminuiu muito em relação ao 8.2.

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20- Versão do Xfree. Assim como nas versões anteriores do Mandrake, você pode escolher entre utilizar o Xfree 4.2.1, ou o antigo Xfree 3.3.6. Existe ainda a opção de ativar o suporte a 3D. No meu caso, como uso uma TnT2, prefiro utilizar os drivers da nVidia, que oferecem um desempenho melhor. Basta baixa-los no site da nVidia.

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21- Resolução de vídeo. Bom, sem muito o que dizer, você pode escolher a resolução de vídeo e profundidade de cores default entre as suportadas pelo monitor e placa de vídeo. Logo depois você terá a opção de testar a configuração e decidir se quer ou não que o sistema inicialize em modo gráfico por default (se você utiliza o WMaker ou outra interface leve, inicializar em modo texto e depois dar o “startx” tornará o boot bem mais rápido, pois não será necessário carregar o KDM, o gerenciador de boot do KDE, default no Mandrake, que carrega boa parte das bibliotecas, consumindo memória).

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22- Instalar atualizações. Este é um recurso disponível a partir do Mandrake 8.2. Caso você já tenha configurado sua conexão com a Web você pode baixar atualizações de segurança para todos os pacotes instalados no sistema antes mesmo de concluir a instalação. Assim além da praticidade, você evita que o sistema fique vulnerável, mesmo que por um curto espaço de tempo. Ufa! Acabou 🙂

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