Usando o Knoppix

Depois do boot, você cairá num desktop já configurado, como o do screenshot abaixo. A grande sacada do Knoppix é justamente esta, você não precisa instalar nem configurar nada, é só colocar o CD-ROM na bandeja e ele já se vira.
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Na página de boas vindas estão os links para a documentação incluída no CD e também algumas músicas em .ogg que você pode ir curtindo enquanto vai fuçando no sistema. Estas músicas são disponibilizadas sob a Greem OpenMusic, que permite a livre distribuição das faixas, desde que sempre sejam mantidos os créditos aos autores. Podemos dizer que são “músicas livres” :-).
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O Knoppix é capaz de detectar a maioria das placas de som PCI e também vários modelos ISA PnP e até uma grande parte das placas de som onboard. Mesmo assim, caso sua placa não tenha sido detectada durante o boot, tente o sndconfig, que pode ser encontrado em “Iniciar > Knoppix > SoundCard Configuration“:
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Você encontrará atalhos para as partições do HD no desktop. Por default o Knoppix não toca nas suas partições de dados, mas é capaz de detectar as partições e os sistemas de arquivos usados por cada uma durante o boot. As partições Linux e FAT32 podem ser montadas com acesso completo, enquanto as partições NTFS do Windows NT/2000/XP podem ser montadas apenas em modo somente leitura.
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Para montar uma partição basta clicar sobre o ícone e selecionar a opção “Mount”. Feito isto você tem acesso a todos os arquivos da partição e pode ler e salvar seus arquivos normalmente:
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Clicando em “Iniciar > Knoppix > Network/Internet” você tem acesso às configurações da rede e modem. Estão disponíveis as opções de configurar uma conexão via PPPoE (ADSL ou cabo com autenticação), via ISDN, configurar a conexão via modem ou ainda alterar as configurações da placa de rede, já que o default é simplesmente obter o IP automaticamente a partir de um servidor DHCP disponível na rede. Veja que no mesmo menu você também tem acesso ao utilitário de configuração da impressora:
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O programa de discagem é o bom e velho Kppp, que oferece uma interface bastante simples de usar. Basta indicar a porta COM onde está instalado o modem (no caso dos hardmodems ou modems externos) e fornecer os dados do provedor para criar a conexão:
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O próximo passo é configurar corretamente o teclado, que por default é configurado para o padrão Americano. Para isso, abra o Kcontrol (ícone na barra de tarefas) e acesse a seção “Pheripherals > Keyboard > Layout” e indique o modelo correto do teclado (Generic 104-key ou Brazilian ABNT2 para os com o “ç”) e o Layout (br). Aqui você também pode configurar a sensibilidade do mouse, instalar sua câmera digital, opções de login e rede e ter acesso às opções de personalização do sistema:
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Como disse, o Knoppix inclui um conjunto completo de aplicativos. Aqui estão alguns dos menus do sistema:

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Qual é a senha de root?

Uma dúvida que parece ser frequênte é “qual é a senha de root”, que afinal é necessária para várias funções do sistema. Bem, como disse, todos os logins são desativados no Knoppix por questão de segurança, já que se existisse uma senha padrão qualquer um poderia acessar sua máquina.

Os terminais são abertos com um login de usuário sem privilégios, o “knoppix”, mas no iniciar você encontrará um atalho para abrir um terminal com privilégios de root. Você também estará logado como root ao mudar para um terminal de modo texto pressionando “Ctrl + Alt + F2”.

Apesar disso, se você quiser a senha de boot, basta criar um. Abra um dos terminais com privilégios de root e use o comando “passwd root“. Se quiser adicionar mais usuários, basta usar o comando “useradd usuario” e “passwd usuario“.

Salvando suas configurações

O utilitário que salva as suas configurações no disquete pode ser encontrado em “Iniciar > Knoppix > Save Knoppix Configuration“. Além de salvar todas as configurações, você tem a opção de salvar também os arquivos copiados para o desktop (downloads e coisas do gênero) que originalmente ficam guardados no ramdisk e se perdem ao desligar o micro. O problema é que os arquivos não podem ser grandes, afinal um disquete só tem 1.44 MB:
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Para carregar o disquete durante o boot basta teclar a opção “knoppix floppyconfig” na tela de opções do Knoppix. Ele carregará o disquete e depois continuará o boot normalmente através do CD-ROM.
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Opções de boot

Além da opção de carregar o disquete, você pode incluir várias outras opções na linha de inicialização. Caso precise usar mais de um parâmetro, escreva-os em seqüencia, como em “knoppix floppyconfig desktop=gnome xvrefresh=60“. Aqui está uma lista das opções disponíveis:

  • knoppix testcd

Da primeira vez que utilizar o CD do Knoppix é recomendável utilizar esta opção. Ela checa a integridade do CD, evitando que você perca tempo com um CD riscado ou com problemas.

  • knoppix lang=cn|de|dk|es|fr|it|pl

Permite especificar o layout do teclado, mas é pouco útil para nós já que o Português do Brasil não foi incluído. A solução é configurar o teclado através do KDE, como vimos acima.

  • knoppix desktop=fluxbox|gnome|icewm|wmaker|xfce|larswm

Se você não gosta do KDE, basta usar esta opção para carregar o Gnome, fluxbox, icewm, wmaker, xfce ou larswm. Naturalmente você só deve escolher apenas uma das opções, como em “knoppix desktop=gnome”.

  • knoppix screen=1280×1024

Durante o boot o Knoppix tente detectar o modelo de seu monitor e utilizar a resolução mais adequada. Caso não fique satisfeito, esta opção permite forçar uma determinada resolução. Basta alterar o número para a resolução desejada.

  • knoppix xvrefresh=60

Esta opção complementa a anterior, permitindo forçar o uso de uma determinada taxa de atualização para o monitor. Naturalmente, caso você passe um valor mais alto que o suportado, a tela vai ficar toda embaralhada e você terá que reiniciar passando um valor mais baixo 🙂

  • knoppix xserver=XFree86|XF86_SVGA
  • knoppix xmodule=ati|fbdev|savage|s3

Estas duas opções são para usuários mais avançados. Elas permitem especificar manualmente o servidor X e o módulo que será utilizado pela placa de vídeo, para casos em que o usuário prefira utilizar um módulo diferente do detectado pelo Knoppix.

  • knoppix 2

Inicializa em modo somente-texto, consumindo menos memória. Pode ser usados em micros 486 por exemplo.

  • knoppix pci=irqmask=0x0e98

Tente esta opção caso o mouse do seu notebook não seja reconhecido.

  • knoppix vga=normal

Desabilita o frame-buffer do console. É necessário para visualizar o modo texto corretamente em algumas placas de vídeo incompatíveis.

  • knoppix no{apic,agp,apm,dma,pcmcia,scsi,usb}

Permite desativar a detecção de algum dos componentes acima durante a inicialização. Pode ser usado caso você não esteja conseguindo completar o boot e perceba que o problema é justamente na detecção de algum componente.

  • knoppix noswap

Esta opção desabilita o uso de memória swap. Pode ser usada caso você tenha um HD com uma partição Windows ou uma partição Linux Swap e mesmo assim prefira que o Knoppix não toque no HD e use só a memória RAM.

  • knoppix blind
  • knoppix brltty=type,port,table

Estas duas opções são destinadas a deficientes visuais. A primeira ativa o suporte a terminais braille e a segunda especifica a porta serial onde o terminal está configurado. Estes terminais são dispositivos bastante interessantes, que transformam a saída de texto em caracteres braille em auto relevo que podem ser então “lidos” pelos deficientes. Eles são uma alternativa aos sintetizadores de voz.

Como instalar no HD

Se você gostou do Knoppix, existe uma última opção que é instala-lo no HD. Assim, além de não precisar mais guardar suas configurações no disquete, o desempenho do sistema passará a ser melhor. Como vimos, os recursos disponíveis no Knoppix não ficam devendo nada às principais distribuições, por isso, se você já conseguiu configurar todos os seus periféricos e já se habituou ao sistema, pode muito bem optar por continuar com ele.

Para isso, pressione “Ctrl + Alt + F2” para mudar para o terminal e chame o “knx-hdinstall”.

Este é o utilitário de instalação incluído no Knoppix. Ele é bem rudimentar se comparado com as ferramentas incluídas no Mandrake ou no Red Hat, mas tenha em mente que o objetivo dos desenvolvedores é construir uma distribuição que rode a partir do CD-ROM, não para ser instalada no HD o que fizeram muito competentemente, este utilitário é apenas um bônus.

Na primeira tela você deve escolher em qual HD o sistema será instalado, basta selecionar usando as setas e pressionar a barra de espaços.
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Depois vem a parte mais difícil que é particionar o HD. O Knoppix inclui apenas o cfdisk que é bastante espartano. Você pode encontrar instruções de como trabalhar com ele no meu tutorial do Slackware, disponível em: https://www.hardware.com.br/tutoriais/mini-manual-slackware-2/.

Se você não tem experiência com o cfdisk o mais recomendável é que você particione o HD usando uma ferramenta como o Partition Magic ou então o particionador incluído no CD de instalação do Mandrake, que além de ser gráfico e fácil de usar oferece a opção de redimensionar partições Windows já existentes. Você só precisaria arrumar um CD do Mandrake 8.2 ou 9.0, seguir a instalação até a parte do particionamento e abortar logo depois de formatar as novas partições. Para instalar o Knoppix você precisa de uma partição Linux de pelo menos 2.5 GB e mais uma partição Linux Swap (recomendável pelo menos 256 MB).
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Depois de sair do cfdisk, o programa perguntará se você deseja formatar a partição swap e em seguida também se deseja formatar a partição principal.

Depois disso a cópia dos arquivos é automática e demora em média 15 minutos. No final da instalação você terá a opção de definir uma senha de root (já que por default o Knoppix não usa senhas) e alterar a configuração da rede. Para finalizar, só falta instalar o lilo como gerenciador de boot, o que também é feito automaticamente.

Caso você esteja instalando o Knoppix em dual-boot com o Windows ou outro sistema operacional qualquer, você precisará configurar posteriormente o lilo através do lilo-config, que pode ser encontrado em Iniciar > System > System > Admin > Lilo-config.

Como o Knoppix é baseado no Debian 3.0, boa parte da documentação referente ao Debian também de aplica ao Knoppix. Você pode encontrar alguns excelentes manuais em Português no http://debian-br.org/suporte/documentacao.php.

Uma vez instalado no HD o Knoppix pode ser atualizado através do apt-get, como no Debian. Você pode começar pelas atualizações de segurança. Basta adicionar o endereço “http://security.debian.org stable/updates” no arquivo “/etc/apt/sources.list” (onde fica a lista dos endereços onde ele procurará as atualizações) e depois rodar os comandos “apt-get update” e “apt-get upgrade“.

Knoppix como disco de recuperação

Se você ainda usa algum disco de boot do Windows 98 com algum programa herdado do MS-DOS 6.alguma_coisa para tentar recuperar arquivos e reparar sistemas em máquinas que não dão boot, existe uma grande chance que o Knoppix seja justamente a ferramenta que você estava procurando.

Basta dar boot e montar a partição Windows ou Linux com problemas. A partir daí você tem acesso a todos os arquivos dentro de um ambiente gráfico e com acesso a editores de texto, internet e outras ferramentas. Mais do que suficiente para substituir ou editar arquivos de configuração e assim por diante.

Se o objetivo for fazer backup, novamente o Knoppix se revela uma solução interessante. Você pode tanto dar upload dos arquivos para um outro micro da rede, que esteja compartilhando pastas, ou rodando um servidor de FTP ou NFS ou simplesmente instalar um segundo HD na máquina e usar o Knoppix para transferir os arquivos entre os dois de uma forma rápida, prática e sem nomes de arquivos truncados 🙂

Dentro do Knoppix você pode montar unidades de rede compartilhadas através do Windows ou pastas compartilhadas via NFS em outras máquinas Linux normalmente, como em qualquer outra distribuição Linux. Caso a máquina tenha um leitor e um gravador, ou então dois gravadores, você pode também usar um deles para dar boot no Knoppix e o segundo para fazer backup dos arquivos em CD.

Enfim, as possibilidades são muitas. O Knoppix oferece um conjunto de ferramentas completo, com muito mais recursos do que um simples disquete de boot. Basta usar a criatividade para tirar proveito de todos os recursos.

Knoppix como terminal

Mais uma aplicação interessante para o Knoppix é usa-lo para rodar aplicativos instalados em outras máquinas Linux ou Windows. Ele contém todos os aplicativos necessários para isso, como o SSH, VNC, Telnet e também a possibilidade de obter a tela de login a partir de um servidor XDM.

Você pode usa-lo tanto numa rede de terminais leves, usando micros com CD-ROM mas sem HD (já que um CD-ROM custa bem mais barato que um HD) ou para acessar sua máquina de trabalho via Web quando estiver em outro micro ou Cybercafé.

A idéia neste caso é a segurança, já que sempre é muito perigoso ficar digitando senhas em micros de estranhos, afinal ele pode ter um keytrap que memoriza as teclas digitadas no teclado ou um trojan qualquer. Dando boot no Knoppix você terá um ambiente mais antiséptico para acessar o site do home bancking ou mesmo o seu micro de casa via SSH ou VNC.

Você pode ler mais sobre o uso do VNC no link abaixo. Ele pode ser utilizado para utilizar remotamente tanto máquinas Linux quanto máquinas Windows. Você pode acessar inclusive sua máquina de casa caso tenha uma conexão via cabo ou ADSL permamente.

Usando o VNC

https://www.hardware.com.br/tutoriais/usando-vnc/

O SSH permite rodar aplicativos remotamente a partir de máquinas Linux através de uma conexão segura. Basta abrir um terminal e digitar “ssh -l seu_login ip_do_servidor“, fornecer sua senha. Depois de estabelecida a conexão basta chamar os aplicativos desejados e eles serão abertos no Knoppix. A atualização de tela é mais rápida que no VNC e todos os dados são enviados de forma encriptada pela rede.

Você pode também configurar o servidor para fornecer a tela de login, assim basta pressionar “CTRL+ALT+F2” para mudar para o terminal de modo texto do Knoppix e dar o comando “X :2 -query IP_do_servidor” para obter a tela de login e apartir daí poder rodar todos os programas como se estivesse na frente do outro micro. Todos os detalhes estão no link abaixo:

Rodando aplicativos remotamente

https://www.hardware.com.br/guias/acesso-remoto/
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Um teste rápido para verificar se um PC é compatível com o Linux antes de comprá-lo

Creio que uns 70% dos PCs vendidos no Brasil usam hardware de baixa qualidade. Não importa muito a marca nem o preço. Mesmo o Gradiente Oz, aquele com um led azul no gabinete e que custa mais de 3000 reais usa uma placa mãe PC-Chips. A questão é: todos estes PCs vêm com o Windows pré-instalado e os integradores são capazes de uma forma ou de outra colocar tudo para funcionar.

Porém, muita gente tem problemas para instalar o Linux em PCs baseados em algumas placas mãe com alguns modelos de chipsets da SiS ou, um pouco mais raramente da Via, não conseguem configurar a placa de vídeo ou o som e assim por diante.

A invés de ficar esperneando depois, colocando a culpa nos desenvolvedores do Kernel e nas distribuições que não têm culpa das barbeiragens dos fabricantes, uma atitude muito mais inteligente é certificar-se de que o equipamento é compatível com o Linux antes de comprá-lo.

Mas como fazer isso se nenhum vendedor em sã consciência deixaria você sair instalando o Mandrake ou o Red Hat nos PCs da loja? Simples: leve um CD do Knoppix no bolso e dê um boot com ele.

O Knoppix contém apenas os drivers padrão incluídos no Kernel, os mesmos que são incluídos em todas as distribuições recentes. Se o Knoppix é capaz de concluir o boot, reconhecendo a placa de vídeo, som e a placa de rede sem problemas, significa que você poderá instalar o Mandrake 9, Red Hat 8, Slackware 8.1, Debian 3, SuSe 8 ou qualquer outra distribuição moderna na mesma máquina sem problemas com todo o hardware sendo detectado automaticamente durante a instalação.

Se a placa de som não funcionar ou houver qualquer outro problema, ainda é possível que exista algum driver binário ou alguma configuração que possa resolver o problema, mas é sempre melhor não arriscar. Teste outro PC até encontrar um que funcione perfeitamente.

O Knoppix só não detecta softmodems, como expliquei acima. O ideal para quem usa ou pretende usar o Linux é ter um hardmodem ou um modem externo, mas se isto não estiver dentro das suas possibilidades financeiras, prefira um modem com chipset Lucent que são os mais fáceis de instalar.

Naturalmente, isso vale também quando você compra uma placa mãe ou outro componente avulso qualquer. Se você está levando pra casa uma placa de vídeo, espete-a num PC onde o Knoppix funciona sem problemas e veja se ele é capaz de configurar o vídeo. Se é uma placa de som, tente ouvir um dos Oggs incluídos no Knoppix para ver se o som está funcionando sem chiados ou qualquer outro problema e assim por diante.

O Knoppix é tão eficiente nessa função que várias empresas já estão utilizando-o para justamente verificar se todos os novos PCs que vão sendo comprados são compatíveis com o Linux, afinal, mesmo que os PCs venham com o Windows 2000 pré instalado, nunca se sabe o que o futuro pode reservar e é melhor perder dois minutos testando agora do que ficar chorando depois 🙂

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