Periféricos
Nesta seção você encontra configurações relacionadas ao mouse, joystick e monitor, além de poder ver e gerenciar as impressoras instaladas. Ao contrário do que seria de se esperar, a maioria das configurações do teclado vão na seção “Regional e Acessibilidade”. Aqui você encontra apenas as opções de ajustar a taxa de repetição e o comportamento da tecla NumLock.
As opções para economia de energia do monitor estão escondidas dentro da opção “Tela > Controle de Energia”, onde você configura a economia de energia para o monitor entre as opções Standby, Suspend e Power Off. Estas opções podem desligar também o HD, caso você tenha configurado isso no setup do micro.
Um monitor de 15″ consome cerca de 90 Watts de energia, então é sempre importante fazer com que ele desligue quando o PC não estiver em uso. Antigamente se recomendava que o monitor só deveria ser desligado quando o micro fosse ficar sem uso por mais de uma hora, mas os modelos fabricados de 2001 para cá podem ser desligados mais freqüentemente sem prejuízo para a vida útil. Você pode configurar o suspend para 5 minutos de inatividade e o Power Off para 15 minutos, por exemplo.
No caso dos monitores de LCD, os desligamentos depois de 15 minutos de inatividade ajudam a prolongar a vida útil do aparelho. Basicamente, a tela de um monitor de LCD é como um chip, ela não tem vida útil definida, pode trabalhar durante décadas sem problemas. O que queima depois de alguns anos de uso são as lâmpadas de catodo frio que iluminam a tela. Elas têm uma vida útil estimada pelos fabricantes em de 10 a 30 mil horas (de acordo com o fabricante). Estas lâmpadas podem ser substituídas, mas não é exatamente um conserto barato, então o ideal é fazê-las durar o máximo possível.
Na opção “Tela > Tamanho e Orientação”, você encontra um pequeno utilitário que permite alterar rapidamente entre as resoluções e taxas de atualização suportadas pelo monitor. Esta opção depende da distribuição em uso ter detectado corretamente o monitor e ter configurado corretamente o arquivo “/etc/X11/xorg.conf”. Na opção “Gama” você pode ajustar via software o brilho do monitor, complementando as funções dos botões.
Regional & Acessibilidade
O KDE possui um projeto bastante abrangente de internacionalização, que consiste não apenas em traduzir a interface para os mais diversos idiomas, mas também incluir suporte a diversos layouts de teclado e outras particularidades de cada região. O suporte ao português do Brasil está entre os mais completos, concentrado no pacote “kde-i18n-ptbr”. Existem dezenas de outros pacotes de internacionalização, você pode inclusive instalar vários e configurar a língua padrão do sistema no “País/Região & Idioma > Localização”. Esta seção inclui também a configuração do teclado (que já vimos no começo do texto) e também a configuração dos atalhos de sistema, feita através do “Atalhos de teclado”.
O KDE permite associar atalhos de teclados para a maioria das funções do sistema, o que você configura na seção “Atalhos de Teclado”. Se você é da velha guarda e tem saudades da época do modo texto, onde tudo era feito através de atalhos de teclado, se sentirá em casa.
Além dos atalhos de teclado relacionados às janelas e ao uso do sistema, você pode definir atalhos para abrir programas ou executar comandos diversos na seção “Teclas de Atalho” (ou “Ações de Entrada”, dependendo da versão do KDE que estiver utilizando). Parece estranho ter duas seções separadas para definir teclas de atalho, mas esta divisão até que faz um certo sentido, separando os atalhos do KDE dos atalhos “gerais” definidos para outros comandos e programas.
Por exemplo, no Windows a tecla “Print Screen” serve para tirar um screenshot da tela. No Linux você pode usar o Ksnapshot, que não apenas oferece várias opções, mas também pode salvar diretamente a imagem no formato de sua preferência, sem ter que colar em algum programa de edição de imagens e salvar através dele. Para configurar o KDE para abrir o Ksnapshot ao pressionar a tecla Print Screen, acesse o “Teclas de Atalho > Entradas do Editor de Menus > Nova Ação”.
Dê um nome à nova ação, como “screenshot”. Na aba “Gatilhos”, clique em “Novo > Disparo de Atalho” e, na janela que define o atalho de teclado, pressione a tecla Print Screen. Na aba “Ações”, clique em “Novo > Comando/URL” e coloque o “ksnapshot” como comando a ser executado.
Este utilitário permite definir atalhos bastante sofisticados, inclusive transmitindo comandos para outros aplicativos abertos (como fazer o XMMS avançar ou retroceder a música, por exemplo). Veja a categoria “Examples” dentro da janela para ver mais exemplos de uso.
Som & Multimídia
O KDE possui seu próprio servidor de som, o Arts. Ele coordena o acesso à placa de som, permitindo que vários programas toquem sons simultaneamente, mesmo que a placa de som não ofereça esse recurso via hardware, entre outros recursos.
Apesar de ter sido um “mal necessário” durante muito tempo, o Arts é atualmente pouco usado, pois o Alsa e consequentemente os drivers de som do Linux de uma forma geral evoluíram bastante nos últimos anos e passaram a oferecer suporte a múltiplos fluxos de áudio e outros recursos nativamente. O arts vem desativado por padrão na maioria das distribuições, deixando com que os programas acessem a placa de som diretamente. Se você tiver problemas relacionados à reprodução em alguns programas específicos, experimente ativá-lo e marcar a opção “Suspensão automática se ocioso por…”, deixando o tempo de espera em 4 segundos. Isso faz com que o Arts fique ativo apenas quando algum programa tentar usá-lo, sem ficar bloqueando a placa de som o tempo todo.
Ao ativar o Arts, você pode ajustar a prioridade do servidor de som e também o tamanho do buffer de áudio (opção Buffer de Som). Você pode diminuir bastante a utilização do processador ao ouvir música e de quebra ganhar imunidade contra eventuais falhas nos momentos de atividade simplesmente aumentando o buffer para 400 ms ou mais. Assim o sistema passa a contar com uma reserva maior e pode utilizar melhor os tempos ociosos do processador para decodificar o áudio.
O KDE é capaz de ripar CDs de música nativamente. Experimente colocar um CD de música no drive e acessar o endereço “audiocd:/” no Konqueror. Ele exibe as faixas de um CD de áudio na forma de arquivos .mp3, .ogg e .wav, em pastas separadas. Arraste a pasta com o formato desejado para o desktop e o CD de música é ripado e convertido automaticamente. O mesmo pode ser feito através do Kaudiocdcreator, que oferece uma interface mais parecida com um ripador de CDs. Em qualquer um dos dois casos, você pode ajustar a qualidade dos arquivos .mp3 ou .ogg gerados através da opção “CDs de Áudio”.
Na seção “Notificações do Sistema” estão disponíveis também as opções de avisos sonoros e visuais do sistema de uma forma geral.
Mais dicas
Embora à primeira vista pareça ser um pacote único, o KDE é na verdade composto por um conjunto de aplicativos mais ou menos independentes. O componente que mostra a barra de tarefas, onde vai o relógio, iniciar e outros applets, é o kicker. O componente que mostra os ícones, papel de parede e outros componentes do desktop é o kdesktop, enquanto que o kwin é responsável pelo gerenciamento e exibição das janelas dos programas.
Você pode brincar um pouco com estes componentes experimentando ver o que acontece ao desativar cada um. Pressione Alt+F2 para abrir o “Executar Comando” do KDE e execute o comando “killall kicker”. Você vai notar que a barra de tarefas sumiu. Você não tem mais a lista de janelas e os programas desaparecem ao serem minimizados. Pressione Ctrl+F2 novamente e execute o comando “kicker”. Tudo volta à normalidade.
Experimente fazer o mesmo com o kwin. Ao fechá-lo, as janelas ficam “grudadas” na tela, você não consegue mais minimizar nem movê-las, mas ao reabri-lo tudo volta ao normal. Fazendo o mesmo com o kdesktop, você vai perceber que os ícones e o papel de parede do desktop desaparecem.
Às vezes acontece de um destes componentes travar (principalmente o kicker), causando os mesmos sintomas que você acabou de ver. Nestes casos, ao invés de reiniciar o X ou, pior, reiniciar o micro, você pode simplesmente pressionar Alt+F2 e reabrir o componente, sem prejudicar o que estava fazendo.
Você pode ver mais detalhes sobre os componentes e arquivos de inicialização do KDE aqui: http://www.kde.org/areas/sysadmin/.
Configurando teclados multimídia
Existem no mercado muitos teclados com teclas especiais, que permitem abrir o media player, ajustar o volume, abrir o leitor de e-mails e assim por diante. Estes teclados quase sempre acompanham algum driver ou utilitário de configuração, que naturalmente está disponível apenas para Windows. Mas, você pode definir ações para as teclas especiais do seu teclado também no Linux, com algumas configurações simples.
A idéia central é que todo teclado utiliza um processador de 8 bits para ler as teclas digitadas. Ele suporta 256 teclas diferentes, mas os teclados possuem apenas 104 ou 105 teclas, deixando um conjunto de endereços livres. Os “teclados multimídia” aproveitam esta característica para adicionar algumas teclas extras. Ao configurar estes teclados no Linux, você precisa verificar quais são os códigos gerados pelas teclas adicionais e atribuir funções a elas, usando o Painel de controle do KDE.
Você pode usar o xev, um pequeno utilitário que monitora as teclas digitadas e lhe mostra todas as informações. Ele permite que você veja a forma como o sistema vê cada uma.
Abra um terminal e execute-o usando seu login de usuário:
Pressione agora cada uma das teclas especiais. Na saída exibida no terminal, o xev exibe dois eventos para cada tecla pressionada (um ao pressionar, outro ao soltar). O volume de informações é grande, mas o que nos interessa é apenas o código numérico de cada tecla, exibido depois do “keycode” na terceira linha de cada evento:
Anote o código de cada tecla e abra o arquivo “.xmodmap“, dentro do seu diretório de usuário:
Vamos agora relacionar cada código com uma tecla de função. No teclado temos as teclas F1 até F12, podemos então relacionar as teclas especiais com, por exemplo, as teclas F18 em diante (que na verdade não existem), como em:
keycode 164 = F19
keycode 162 = F20
keycode 153 = F21
keycode 174 = F22
keycode 176 = F23
keycode 160 = F24
keycode 130 = F25
keycode 236 = F26
keycode 234 = F27
keycode 233 = F28
keycode 223 = F29
Aqui eu coloquei todas as teclas, mas você pode adicionar apenas as que for realmente utilizar :). Para que a alteração entre em vigor sem precisar reiniciar o X, rode o comando:
A partir daí, você pode configurar ações para elas no “Ações de entrada”, no “Painel de Controle do KDE > Regional & Acessibilidade”.
Você pode tanto definir ações “simples”, para que seja aberto um determinado programa quando a tecla é pressionada, quanto ações mais complexas. Neste caso vale a criatividade: basicamente, qualquer ação que você consiga fazer via terminal, pode ser atribuída a uma tecla.
Caso esteja em dúvida sobre qual comando abre determinado programa, clique com o botão direito sobre o botão “K” na barra de tarefas e acesse o “Editor de menus”. Nele você pode ver o comando correspondente a cada ícone no menu.
Você não está restrito apenas a aplicativos, pode usar qualquer comando de terminal. Quanto maiores seus conhecimentos sobre o tema, mais coisas interessantes você vai conseguir fazer. Por exemplo, o KDE (at[é o 3.5.x) oferece um recurso chamado “dcop”, que permite controlar funções dos aplicativos gráficos via linha de comando. Estas funções podem ser usadas nos atalhos, aumentando brutalmente o leque de opções. Cada aplicativo suporta um número diferente de funções. Se você usa o Kmix (o ícone do auto falante ao lado do relógio), pode aumentar o volume usando o comando “dcop kmix Mixer0 increaseVolume 0” e reduzir usando “dcop kmix Mixer0 decreaseVolume 0”.
Você pode criar dois atalhos, usando os passos normais e usar estes comandos, criando teclas que ajustam o volume. Mesmo que você não tenha um teclado multimídia, pode fazer isso usando teclas que não são usadas, como por exemplo as teclas “Scroll Lock” e “Pause Break”.
Para os casos mais complicados, onde a tecla não gere nenhuma resposta no xev, existe um procedimento um pouco mais trabalhoso, que “ensina” o sistema o que fazer com cada tecla.
Mude para um terminal de texto puro (pressione Ctrl+Alt+F1), e pressione as teclas especiais. Elas não farão com que apareça nada na tela, mas se o sistema estiver recebendo algum sinal do teclado, ele incluirá uma entrada no log, falando sobre a tecla “não identificada”.
Rode o comando “dmesg”, que mostra o log do sistema:
Você verá uma entrada para cada tecla, contendo um código em hexa para cada tecla, como em:
atkbd.c: Use ‘setkeycodes e01e <keycode>’ to make it known.
Precisamos agora achar um código livre para associar a tecla a ele. Isto é bem simples, pois os códigos de 121 a 255 estão geralmente livres. Para verificar, use o comando abaixo, substituindo o “122” por um número até 255. Se ele não retornar nada, significa que o código não vago e você pode utilizar sem medo:
Falta agora associar o código em hexa da tecla com o keycode, o que é feito usando o comando “setkeycodes”, como em:
Para que o comando torne-se definitivo, abra o arquivo “/etc/rc.local” ou (na falta deste) o “/etc/init.d/bootmisc.sh” em um editor de textos (como root) e adicione o comando no final do arquivo (antes do “exit 0”). Todos os comandos dentro do arquivo são executados a cada boot.
A partir daí, volte ao arquivo “.xmodmop”, associe a nova tecla com o “F18” e defina uma ação para ela no “Ações de entrada”. Repita o processo para cada tecla que desejar ativar :).
Uma observação é que alguns teclados especiais, como os usados nos notebooks Toshiba A70 e A75 realmente não funcionam, pois utilizam um sistema proprietário para o mapeamento das teclas especiais, que não é suportado pelo sistema. Nestes casos, realmente não existe muito o que fazer.
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