Knoppix e os live-CDs

O Debian em si é bastante espartano em termos de ferramentas de configuração e por isso é mais popular em servidores do que em desktops. Entretanto, por oferecer um repositório de pacotes incrivelmente completo, o Debian é usado como base para o
desenvolvimento de inúmeras outras distribuições, que combinam os pacotes dos repositórios do Debian com personalizações, scripts e componentes adicionais, de forma a atingirem nichos específicos.

Um exemplo de destaque é o Knoppix, cuja versão 3.0 (a primeira a ganhar notoriedade) foi lançada em julho de 2002. O Knoppix acabou se tornando um marco dentro da história do Linux por dois motivos. O primeiro é que ele foi a primeira
distribuição Linux live-CD realmente utilizável, oferecendo um bom desempenho e um excelente script de autoconfiguração, que detectava o hardware da máquina durante o boot, gerando os arquivos de configuração de forma automática e entregando um sistema
funcional no final do processo. Distribuições live-CD anteriores, como o DemoLinux eram muito mais lentas e impráticas de usar.

O segundo motivo e talvez o mais importante era a possibilidade de remasterizar o CD, gerando uma distribuição personalizada. Graças a isso, o Knoppix deu origem a um enorme número de novas distribuições, como o Kanotix (que deu origem ao atual Sidux),
o Morphix (que, devido à sua arquitetura modular, ajudou a criar toda uma nova família de distribuições) e o Kurumin, que desenvolvi de 2003 a 2007.

Um live-CD é, em poucas palavras, uma versão pré-instalada do sistema, que utiliza um conjunto de truques para rodar diretamente a partir do CD-ROM. Tradicionalmente, qualquer sistema operacional precisa ser instalado no HD antes de ser usado. Você dá
boot usando o CD ou DVD de instalação e é aberto um instalador (que, por sua vez, roda sobre algum sistema minimalista), que se encarrega de instalar e configurar o sistema principal. Depois de algum tempo respondendo perguntas e vendo a barra de
progresso da cópia dos arquivos, você reinicia o micro e pode finalmente começar a usar o sistema. Isso é válido tanto para o Windows quanto para a maior parte das distribuições Linux.

Para quem já se acostumou com a idéia, pode parecer natural rodar o sistema a partir do CD e até mesmo instalar novos programas sem precisar modificar as informações salvas no HD, mas, em 2002, quando o Knoppix começou a
ganhar popularidade, a idéia de rodar uma distribuição Linux completa a partir do CD-ROM era considerada uma idéia exótica. Muitas pessoas só acreditavam depois de desconectar o cabo flat do HD e ver que o sistema realmente dava boot apenas com o CD-ROM.
😮

Apesar de receberam críticas por parte de alguns puristas, os live-CDs cresceram rapidamente em popularidade. O Ubuntu passou a ser um live-CD instalável a partir da versão 6.06, o Mandriva aderiu à idéia com o Mandriva
Discovery (que foi sucedido pelo atual Mandriva One) e até mesmo o Fedora ganhou uma versão live-CD, o Fedora Live, sem contar o gigantesco volume de distribuições baseadas neles. Apesar do início tímido, os live-CDs dominaram o mundo.

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