Em vez de rodar aplicativos nativos, escritos em C ou outra linguagem, o Android utiliza predominantemente aplicativos compilados como bytecode, que são executados dentro de uma máquina virtual Java (a Davilk). Isso sacrifica parte do desempenho (e reduz a eficiência energética, resultando em um maior consumo de energia), mas em troca oferece grandes ganhos em termos de portabilidade, já que permite que a mesma biblioteca de softwares seja usada em diversas arquiteturas de processadores. A penalidade de desempenho introduzida pela máquina virtual explica o grande ganho de desempenho de aplicativos no Android 2.2 em relação às versões anteriores, devido às muitas otimizações na JVM.
A principal exceção fica por conta dos aplicativos desenvolvidos através do Google Native Development Kit (NDK), que permite o uso de componentes escritos em C ou C++. Ele é geralmente utilizado por aplicativos complexos, que demandam todo o desempenho disponível (como no caso do port do Firefox para o Android) e precisam atender a um conjunto de normas bem mais rigorosas, para que seja preservada a compatibilidade com diversos dispositivos.
A interface do Android é bastante simples, composta por um conjunto de painéis deslizantes (você pode ajustar o número de painéis usados nas configurações: 1, 3, 7, etc.), que são alternados rolando a tela para o lado, similar ao iPhone. Os painéis podem ser usados tanto por atalhos para aplicativos quanto por widgets, permitindo que você agrupe todas as funções mais usadas. É possível também criar pastas:
O acesso aos demais aplicativos é feito através do menu deslizante, que seve como uma vala comum para todos os aplicativos instalados. Como um usuário médio acaba instalando mais de 30 aplicativos, ele logo se transforma em um lugar bagunçado, em que você não vai querer ir com muita frequência. Em vez de passar 30 segundos procurando cada vez que quiser abrir qualquer aplicativo, é mais eficiente arrastar os mais usados para a área de trabalho.
Como não temos um mouse com três botões, como em um desktop, muitas das funções ao acessadas através de toques longos, que assumem a função de segundo botão. Com um toque longo sobre a área de trabalho você acessa o menu de personalização (adicionar widgets, trocar o papel de parede, etc.) e com um toque longo sobre o botão home você acessa a lista de aplicativos abertos, por exemplo.
A grande maioria dos aparelhos baseados no Android utilizam telas touchscreen capacitivas (como no iPhone), em vez das tradicionais telas resistivas. Por uma lado isso é muito bom, já que as telas capacitivas podem ser usadas direto com os dedos, resultando em uma interação muito mais natural, mas por outro faz com que você não tenha muita precisão ao clicar nos elementos da interface, já que não é possível usar as unhas ou uma caneta como nas telas capacitivas.
Isso faz com que a interface e os aplicativos sejam projetados para mostrar botões e menus de opções desproporcionalmente grandes. Ao usar a orientação horizontal, a tela WVGA do Motorola Milestone mostra apenas três ou quatro opções dentro de um menu de seleção, por exemplo. Este é um fator que causa estranheza para quem vem do Symbian ou do Windows Mobile, onde a área da tela é melhor aproveitada.
O Android usa um sistema peculiar de gerenciamento de aplicativos, onde os aplicativos abertos continuam ativos depois de voltar à tela inicial, e são fechados apenas quando o sistema precisa de recursos. Por um lado isso melhora o desempenho aparente do sistema, já que com os aplicativos frequentemente usados acabam ficando o tempo todo carregados na memória, tornando o chaveamento entre eles muito rápido. O principal problema é que a ausência de um mecanismo para fechar aplicativos manualmente abre margem para que aplicativos mal-desenvolvidos continuem a usar processamento, memória ou tráfego de dados continuamente, sem que o usuário que outra forma de fechá-los que não seja um reset.
Isso levou ao aparecimento de aplicativos como o “Advanced Task Killer”, que permite matar aplicativos manualmente. Entretanto, a versão 2.2 do Android removeu as chamadas que permitem que um aplicativo finalize outros, tornando estes aplicativos inoperantes e trazendo de volta o problema.
Ao usar um clique longo sobre qualquer ícone no desktop, a aba do painel deslizante se transforma em uma lixeira, permitindo que você o delete. Entretanto isso apenas remove o ícone na área de trabalho, sem desinstalar o aplicativo. Para realmente removê-lo, é preciso acessar o “Configurações > Aplicativos > Gerenciar aplicativos”.
Por default, o sistema mantém os dados sincronizados entre os aplicativos, baixando e-mails automaticamente, mantendo-o conectado aos clientes de IM configurados e assim por diante. Naturalmente, isso pode consumir um generoso volume e dados, sem falar no uso da bateria, por isso muitos preferem desativar a função enquanto estão fora da cobertura da rede wireless. A forma mais prática de fazer isso é manter o widget de controle de energia na tela principal, ativando e desativando a função de sincronismo automático conforme desejado.
Todas as notificações do sistema são agrupadas na barra superior, que segue um conceito similar à barra do Gnome. O menu de notificações é aberto ao arrastar a barra para baixo e inclui opções de ações como ler e-mails, mudar o modo de conexão da porta USB e assim por diante. Ela é bastante prática, mas em compensação possui a desvantagem de ficar sempre visível, roubando espaço útil da tela. Apenas alguns aplicativos (como o OperaMini) oferecem a opção de operar em modo de tela cheia, escondendo a barra.
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