Apesar de ser mais associado com o uso de headsets e transferência de pequenos arquivos, o Bluetooth possui dois perfis que permitem que o smartphone compartilhe sua conexão de dados com outros aparelhos, incluindo,
naturalmente, os PCs e os notebooks.
O sistema mais tradicional é o DUN (dial-up network), onde o smartphone simula o comportamento de um modem, permitindo que o desktop “disque” e acesse a rede da operadora através dele. Na verdade, a conexão
é estabelecida pelo próprio aparelho, apenas os pacotes são repassados ao desktop, usando o Bluetooth como uma porta serial. Este é o sistema usado nos aparelhos da Nokia e também em aparelhos de outros fabricantes, baseados no S60 ou em outros sistemas
que não sejam o Windows Mobile.
Em seguida, temos o sistema PAN (usado exclusivamente em aparelhos com o Windows Mobile) onde é simulada uma rede local, com o smartphone compartilhando a conexão e distribuindo endereços de rede interna
para os PCs, como se fosse um servidor Windows com o ICS ativado.
Atualmente, os aparelhos da Nokia com o S60 são (de uma forma geral) as melhores opções para conectar usando o notebook, já que eles suportam DUN nativamente. Ele fica disponível por padrão depois de fazer o pareamento e
autorizar as conexões proveniente do PC, sem que você precise de nenhuma configuração em especial.
O suporte ao DUN é tão maduro que você pode até mesmo usar a conexão simultaneamente no PC e no próprio aparelho (o que permite que você “empreste” a conexão para algum amigo necessitado, sem precisar deixar o smartphone
parado enquanto ela está sendo usada). Você também não terá grandes dificuldades em usar a conexão em outros dispositivos, como navegadores GPS ou mesmo em Pocket PCs ou outros smartphones que ofereçam suporte ao DUN.
O DUN é suportado também em aparelhos mais antigos, baseados no S40 (alguns dos modelos atuais oferecem inclusive suporte a 3G) e em smartphones com o UIQ, usado em muitos modelos da Motorola e da Sony Ericsson). Em ambos os
casos, também não é necessária nenhuma configuração além de fazer o pareamento entre o PC e o smartphone e autorizar o PC a fazer conexões automaticamente.
Em aparelhos antigos, pode ser necessário ativar uma opção nas configurações. Nos Treos, por exemplo, ele é ativado através da opção “Dial-up Networking”, disponível no “Prefs > Bluetooth”.
No PC, a configuração básica inclui o número de discagem, a porta em que o modem está conectado (que no caso da conexão via Bluetooth no Linux é a “/dev/rfcomm0”) e a APN da operadora.
Aqui vão os parâmetros de configuração para as principais operadoras, no início de 2009. As configurações mudam conforme as operadoras atualizam suas redes, por isso não deixe de checar em caso de erro:
Vivo:
Usuário e senha: vivo/vivo
Telefone: *99#
APN: zap.vivo.com.br
Claro:
Usuário e senha: claro/claro
Telefone: *99***1#
APN: bandalarga.claro.com.br (ou claro.com.br)
TIM:
Usuário e senha: tim/tim
Telefone: *99# (para as conexões 3G) ou *99***1# (para os planos antigos, com EDGE)
APN: tim.br
* Se, por acaso, você ainda estiver usando um dos planos CDMA da Vivo, o número de discagem é “#777” e o login é o número do telefone (incluindo o código de área), seguido de um “@vivozap.com.br” (como em
“1199998888@vivozap.com.br”) com a senha “vivo”.
Conectar via Bluetooth pode ser um pouco mais complicado do que simplesmente usar um modem USB, mas oferece a vantagem de ser uma solução 100% wireless. Você pode deixar o smartphone com o DUN ativado e efetuar a conexão a
partir do notebook sempre que precisar, sem nem tirá-lo do bolso.
Como o Bluetooth trabalha com um sinal bem mais fraco que as redes Wi-Fi, não espere um grande alcance. De uma forma geral, você tem uma boa conexão apenas dentro da mesma sala onde está o aparelho, daí a idéia de mantê-lo
no bolso ou na mochila (nas áreas com bom sinal), ou colocá-lo próximo à janela nas áreas com cobertura ruim.
Existem dois tipos de adaptadores Bluetooth no mercado: os classe 1, que possuem um alcance teórico de 100 metros, e os classe 2, que utilizam transmissores de baixa potência e oferecem um alcance de apenas 10 metros.
Entretanto, como o smartphone muito provavelmente utilizará um transmissor de classe 2, o alcance acaba sempre sendo nivelado por baixo, mesmo ao utilizar um transmissor classe 1 no desktop.
Outra coisa a ter em mente é a velocidade. O padrão Bluetooth original oferece uma taxa bruta de transmissão de 1 megabit; entretanto, devido à modulação do sinal, a taxa obtida na prática são apenas 736 kbits em modo
assíncrono ou 432 kbits em modo síncrono.
Apesar da velocidade ser mais do que suficiente para o uso de headsets USB, conexão de teclados e mouses ou mesmo para a transferência de pequenos arquivos, ela limita severamente o uso do Bluetooth para algumas funções,
como ao criar redes PAN (onde o Bluetooth é usado como interface de rede) e ao conectar via DUN, usando o smartphone como modem Bluetooth.
Como no DUN é usado o modo síncrono de transmissão, a velocidade da conexão fica limitada a cerca de 54 KB/s, bem menos que as taxas máximas de transmissão das redes HSDPA, que vão de 1.8 a 7.2 megabits. Na rede da Vivo, por
exemplo (onde é utilizada a versão de 3.6 megabits), é possível obter uma taxa real de cerca de 145 KB/s (assim como nas redes Wi-Fi existe uma grande perda devido à modulação do sinal e ao compartilhamento da banda), mas, ao conectar via Bluetooth, sua
conexão fica limitada aos 54 KB/s oferecidos por ele.
A solução para o problema é o padrão EDR, introduzido juntamente com o Bluetooth 2.0. No EDR, a velocidade de transmissão foi multiplicada por três, atingindo 3 megabits de taxa bruta de transmissão, com 2.1
megabits em modo síncrono. Com isso, a velocidade passou a ser suficiente para comportar uma conexão HSDPA sem grandes limitações, além de ajudar bastante na transferência de arquivos.
Ao comprar o adaptador Bluetooth, certifique-se de que ele oferece suporte ao EDR (o EDR é um recurso opcional, de forma que nem todos os adaptadores Bluetooth 2.0 oferecem suporte a ele) além de, naturalmente, dar
preferência a smartphones com transmissores Bluetooth que também ofereçam suporte, já que ele só entra em ação quando suportado pelas duas pontas.
De qualquer forma, com EDR ou sem EDR, o procedimento de configuração é o mesmo. Vamos então aos passos para configurar a conexão via Bluetooth no Linux e no Windows:
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