Definição de SAS

Por Carlos E. Morimoto. Há .

Com a introdução do Serial ATA, o barramento SCSI perdeu grande parte de seus atrativos, já que o SATA oferece uma grande parte das vantagens que antes eram atribuídas ao SCSI e, ao mesmo tempo, oferece um sistema de cabeamento mais simples.

Para preencher a lacuna, surgiu o SAS (Serial Attached SCSI), um barramento serial, muito similar ao SATA em diversos aspectos, que adiciona várias possibilidades interessantes voltadas para o uso em servidores. Ele preserva o mesmo conjunto de comandos e é por isso compatível a nível de software. Não estou falando aqui do Windows e de programas como os que utilizamos em desktops, mas sim de aplicativos personalizados, complexos e caros, utilizados em grandes servidores.

Assim como o SCSI conviveu com o padrão IDE por mais de duas décadas, o SAS está destinado a concorrer com o SATA, com cada um entrincheirado em seu respectivo nicho: o SATA nos micros domésticos e servidores de baixo custo e o SAS em servidores maiores e estações de trabalho.

As versões iniciais do SAS suportavam taxas de transferência de 150 e 300 MB/s. Recentemente foi introduzido o padrão de 600 MB/s e passou a ser desenvolvido o padrão seguinte, de 1.2 GB/s. A evolução é similar à do padrão SATA (note que as velocidades são as mesmas), porém o SAS tende a ficar sempre um degrau acima.

A maior velocidade é necessária, pois o SAS permite o uso de extensores (expanders), dispositivos que permitem ligar diversos discos SAS a uma única porta. Existem dois tipos de extensores SAS, chamados de "Edge Expanders" e "Fanout Expanders". Os Edge Expanders permitem ligar até 128 discos na mesma porta, enquanto os Fanout Expanders permitem conectar até 128 Edge Expanders (cada um com seus 128 discos!), chegando a um limite teórico de até 16.384 discos por porta SAS.

Este recurso foi desenvolvido pensando sobretudo nos servidores de armazenamento. Com a popularização dos webmails e outros serviços, o armazenamento de grandes quantidades de dados tornou-se um problema. Não estamos falando aqui de alguns poucos gigabytes, mas sim de vários terabytes ou mesmo petabytes de dados. Imagine o caso do Gmail, por exemplo, onde temos vários milhões de usuários, cada um com mais de 2 GB de espaço disponível.

Os extensores SAS normalmente possuem a forma de um gabinete 1U ou 2U, destinados a serem instalados nos mesmos hacks usados pelos próprios servidores. Em muitos, os discos são instalados em gavetas removíveis e podem ser trocados "a quente" (hotswap), com o servidor ligado. Isto permite substituir rapidamente HDs defeituosos, sem precisar desligar o servidor.

Nesses casos, seria utilizado um sistema RAID, onde parte do espaço e armazenamento é destinado a armazenar informações de redundância, que permitem restaurar o conteúdo de um HD defeituoso assim que ele é substituído, sem interrupção ou perda de dados. Ao contrário das controladoras RAID de baixo custo, encontradas nas placas-mãe para desktop, que executam suas funções via software, as controladoras SAS tipicamente executam todas as funções via hardware, facilitando a configuração (já que deixa de ser necessário instalar drivers adicionais) e oferecendo um maior desempenho e flexibilidade.

Outra pequena vantagem é que o SAS permite o uso de cabos de até 6 metros, contra apenas 1 metro no SATA. A maior distância é necessária ao conectar um grande número de extensores, já que eles são grandes, e os últimos tendem a ficar fisicamente afastados do servidor.

As controladoras SAS incluem normalmente 4 ou 8 portas e são instaladas num slot PCI-X, ou PCI Express. Nada impede também que você instale duas ou até mesmo três controladoras no mesmo servidor caso precise de mais portas. Algumas placas-mãe destinadas a servidores já estão vindo com controladoras SAS onboard, reduzindo o custo.

Um detalhe interessante é que o padrão SAS oferece compatibilidade retroativa com os HDs SATA, permitindo que você use HDs SATA convencionais como uma forma de cortar custos, sem ter que abrir mão da possibilidade de usar os extensores.

A relação, entretanto, não é recíproca: embora o conector seja o mesmo, HDs SAS não são reconhecidos caso instalados numa porta SATA convencional, pois eles utilizam comandos específicos, que vão bem além do conjunto suportado pelas controladoras SATA.

De qualquer forma, os HDs SAS são mais caros e não oferecem vantagens em termos de desempenho, de forma que você dificilmente iria querer utilizar um em seu desktop, de qualquer forma. O principal diferencial é que eles são certificados para operação contínua e possuem garantias maiores, geralmente de 5 anos.

A maior parte dos HDs de alto desempenho, com rotação de 15.000 RPM, que antes só existiam em versão SCSI, estão sendo lançados também em versão SAS. Nos próximos anos é de se esperar que o SAS substitua gradualmente o SCSI, assim como o SATA já substituiu o IDE quase que completamente nos micros novos.

Não existe nada de fundamentalmente diferente que impeça que estes drives de alto desempenho sejam lançados também em versão SATA, o problema reside unicamente na questão da demanda.

Por serem caros e possuírem capacidades reduzidas (devido ao uso de discos de 2.5"), os HDs de 15.000 RPM acabam não sendo muito adequados para o público doméstico. Você dificilmente pagaria R$ 1500 por um HD de 73 GB (como o Seagate Cheetah 15K.4), por mais rápido que ele fosse, quando pode comprar um HD SATA de 300 GB por menos de R$ 250. Essa brutal diferença de custo acaba sendo justificável apenas no mercado de servidores de alto desempenho e workstations, onde, literalmente, "tempo é dinheiro".

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