O Reino Unido decidiu abandonar a exigência de que a Apple disponibilizasse um backdoor em seu sistema de criptografia avançada no iCloud. A mudança ocorre após intensas negociações com autoridades norte-americanas, que consideraram a medida uma ameaça direta às liberdades civis dos cidadãos dos EUA.
Segundo a diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, a retirada da exigência foi resultado de um esforço conjunto entre Washington e Londres para evitar que dados de usuários americanos fossem expostos.
Como começou a disputa
Em janeiro, o Reino Unido havia emitido uma ordem secreta determinando que a Apple criasse um mecanismo de acesso aos arquivos criptografados no iCloud. Em resposta, a empresa suspendeu a adesão de novos usuários britânicos ao recurso Advanced Data Protection (ADP), que garante camadas extras de segurança contra invasões e vazamentos.
A Apple também contestou a decisão judicial e conseguiu, em abril, o direito de tornar o caso público — algo raro em disputas desse tipo. A revelação aumentou a pressão internacional sobre Londres, especialmente porque o pedido poderia violar o CLOUD Act, tratado que impede EUA e Reino Unido de exigirem diretamente dados armazenados em seus territórios sem seguir os canais diplomáticos oficial.
Pressão dos EUA e recuo britânico
Com a repercussão do caso, autoridades norte-americanas avaliaram que a ordem britânica feria o acordo bilateral. Isso levou o governo britânico a reconsiderar sua posição, com relatos de bastidores indicando que o país estava “contra a parede” e buscava uma saída diplomática.
Ainda não está claro se Londres tentará negociar novos termos com a Apple, mas fontes ligadas ao governo dos EUA disseram ao Financial Times que qualquer tentativa nesse sentido não seria compatível com o novo entendimento firmado.
Segundo o Washington Post, o governo dos EUA chegou a ameaçar suspender acordos de compartilhamento de dados com Londres caso a exigência fosse mantida, ampliando a pressão sobre o aliado europeu.
E agora, Apple?
Com a ordem suspensa, resta a dúvida: a Apple voltará a liberar o ADP para novos usuários no Reino Unido? A empresa não se pronunciou até o momento. Já o Ministério do Interior britânico se recusou a comentar o caso, alimentando a incerteza sobre os próximos passos.
O episódio reforça um debate que deve se intensificar nos próximos anos: até que ponto governos podem exigir acesso a dados privados sem comprometer a segurança digital e a confiança dos usuários em serviços de tecnologia.
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